Discussão sobre projeto que não será apresentado
Professores compareceram à Câmara

Hemerson Pinto

Uma sessão com discursos fortes, alguns até apresentando expressões que classificaram vereadores como ‘promotores de espetáculos’. Quem compareceu à casa de leis na manhã de ontem presenciou até uma revelação: a Câmara tem 17 vereadores, e não 21, com base no comentário de um dos legisladores.
O tema principal foi discutido durante a tribuna popular, com a participação de um representante do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino em Imperatriz (STEEI). O vereador responsável pelo projeto que, se apresentado, votado e aprovado, mudaria o formato de escolha de diretores para escolas da rede municipal de ensino, também fez uso do espaço.
João Silva defendia a alteração de um dos artigos da Lei Orgânica do Município, atribuindo assim ao chefe do Executivo o poder de indicação de pessoas ao cargo de diretor de escola do município. A sugestão foi interpretada pelos professores como alusão ao ‘fim da democracia’, já que o acesso ao cargo é possível por meio de eleição. Ainda na Tribuna Freitas Filho, o vereador autor do projeto anunciou que não entraria mais com o pedido de emenda.
“O artigo 170 (Lei Orgânica do Município) anda na contramão com STF e com os tribunais de estado do Brasil, inclusive o do estado do Maranhão e Constituição Federal. Em todos diz que é incondicional qualquer eleição para escolha de diretores de escolas municipais, é retirar do gestor maior do Município o direito de nomear os assessores diretos. A insatisfação daquele que tem interesse em concorrer às eleições me fez repensar e retirei a matéria”, justifica o vereador João Silva.
Para o presidente do STEEI, Willas Moraes, a retirada do projeto foi resultado de pressão da classe dos professores. “Nós conseguimos mobilizar a sociedade e dar uma pressão razoável no vereador. A Câmara foi muito sábia nas suas articulações, ao decidir pela não aprovação do projeto, e o vereador foi inteligente ao retirar o projeto, que retroage na história, que trabalha por uma gestão democrática, e o vereador vem retroceder, querendo que o prefeito tenha o poder de indicação”, rebate.
Enquanto o vereador João Silva utilizava a tribuna, foi interrompido pelo vereador Carlos Hermes, argumentando com a presidência da sessão ordinária que o espaço oferecido ao vereador feria o regimento interno da Câmara, pois João Silva estaria prolongando o discurso. O comentário despertou no vereador José Carlos indignação ao ponto de afirmar que alguns colegas gostam de ‘promover espetáculo’.
Em outro trecho de sua fala, José Carlos citou que a Câmara de Imperatriz tem 17 vereadores. Ele foi interrompido por vaias dos professores, que interpretaram o comentário como uma ofensa aos quatro vereadores da base oposicionista, Carlos Hermes, Aurélio Gomes, Rildo Amaral e Marco Aurélio.