Hemerson Pinto
Para o vendedor Carlos Eduardo, “os momentos de descanso e de confraternização com a família, como o Natal e o Ano Novo, ficam totalmente comprometidos caso esse projeto seja aprovado. Pedimos para os vereadores pensarem duas vezes sobre o que vão decidir”, desafia o vendedor.
“Eu nunca parei pra pensar que um dia a Câmara fosse votar um projeto como esses”, desabafa a vendedora Ramone Alves.
Foram apenas duas opiniões entre as várias ouvidas pelo jornal O PROGRESSO sobre o Projeto de Lei 018/2015, de autoria do Poder Executivo. A notícia de que a votação acontecerá na próxima terça-feira preocupa os trabalhadores e a entidade que representa a classe.
De acordo com o artigo 1º, além do horário normal, os estabelecimentos comerciais nos feriados do Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal, Ano Novo e outras datas, como o Dia dos Namorados (caindo em sábados ou domingos), devem abrir as portas até as 22h. E no Sábado de Aleluia, de acordo com o projeto de lei, o funcionamento seria garantido até as 14h.
“Somos totalmente contra, uma lei que deixa o trabalhador totalmente sem descanso. O que é isso? É querer voltar com a escravidão. Não podemos deixar que seja aprovada”, declara o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Imperatriz, Raimundo Assunção, informando que o sindicato em momento algum foi consultado sobre a proposta. “Fiquei sabendo a partir da leitura em O PROGRESSO”, completou.
O projeto foi apresentado na Câmara de Vereadores na última quinta-feira e resultou em um debate intenso entre os parlamentares. Um dos vereadores, Adonilson Lima, conseguiu evitar que o projeto fosse votado naquela sessão. Segundo ele, o assunto precisa ser discutido de forma mais ampla.
O clima esquentou quando a sessão foi suspensa para que a bancada se reunisse. Mas a maioria dos vereadores se recusou a deixar o plenário. A sessão foi reiniciada e nela aprovado o pedido de adiamento da votação. Os vereadores Raimundo Roma, Aurélio Gomes, Richard, Chiquim da Diferro, Zé da Farmácia, Antônio José e Fedelis Uchôa, Hamilton Miranda, Adonilson, Carlos Hermes e Rildo Amaral se recusaram a participar da reunião.
“É querer fazer do trabalhador burro de carga. Um prejuízo ao trabalhador que merece esse descanso. Esqueceram de ouvir a parte principal dessa história toda, os trabalhadores”, comentou o vereador Aurélio Gomes.
Na manhã da última sexta-feira, o Sindicato dos Comerciários teve um encontro com o vereador Aurélio e decidiram convidar os demais vereadores para uma reunião, que ficou marcada para a próxima terça-feira, às 7h30, uma hora e meia antes do início da sessão. É o tempo que a entidade terá para convencer os vereadores a votarem contra a aprovação.
A assessoria jurídica do Sindicato dos Comerciários informou que, em caso de aprovação do projeto, vai reagir buscando apoio na esfera judicial.
Comentários