Estábulo em construção na chácara
Chiqueiro

Geovana Carvalho

O Projeto Missão Criança (Promic) trabalha há duas décadas na recuperação de crianças e adolescentes dependentes de produtos químicos.
José Antônio Toledo, monitor do trabalho desenvolvido na chácara do projeto, situada na Lagoa Verde, descreve o estado em que chegam os “internos”. “Eles chegam aqui debilitados e agressivos... brigam por tudo. Passam seis meses em abstinência e recebendo ajuda psicológica e religiosa”.
Na chácara, moram vinte e cinco meninos, de 8 a 17 anos. O projeto, ligada à Igreja Nova Aliança, é mantido por doações de fiéis. José Antônio (Toninho) acompanha de perto a evolução dos meninos e explica o processo de recuperação: “A recuperação tem três fases. Na primeira, quando eles chegam, ficam seis meses, só cuidando da casa, só lavam suas roupas, não mexem com objetos cortantes. Nesse período, ouvem a Palavra de Deus e recebem atendimento psicológico. Na segunda fase, eles trabalham nas atividades da chácara, ajudam nas tarefas domésticas e já podem ir à escola ou fazer cursos profissionalizantes na cidade. Já na terceira fase, eles podem trabalhar e já podem ir para casa”.
O monitor conta que a maior parte dos “internos” vêm de famílias desestruturadas: “São crianças com baixa escolaridade, muitos sofreram abuso sexual ou violência doméstica, por isso em muitos casos não querem voltar para casa”, afirma.
O Promic recebe crianças de diversas cidades do Maranhão e até de outros estados. Todos os “internos” são encaminhados pelo Conselho Tutelar.
O monitor José Antônio idealizou um projeto sustentável para a casa. O lugar passará a produzir porcos, galinhas e carneiros. Os jovens serão envolvidos na produção. A renda obtida com a venda dos animais será revestida na manutenção da obra.
O menor de iniciais R.C., 17 anos, está na terceira fase da recuperação. Ele fala do período de internação e dos planos para o futuro. “Desde o primeiro dia que cheguei aqui vi que era um lugar diferente. Aqui a gente não é preso, não tem muros, a gente não fica fechado. Pedi pra minha mãe me trazer, ela não acreditava mais em mim... Eu agora tô na fase final. Não quero voltar pra casa. Quero trabalhar, construir alguma coisa”.
Conforme José Antonio, as necessidades da instituição são grandes e o projeto está aberto a doações. “Esta é uma obra filantrópica, recebemos doações da igreja, mas precisamos de ajuda de voluntários”.