Hemerson Pinto
A ideia é a construção de um aparelho composto por uma luva com sensores e várias fitas de velcro equipadas com motores que estão conetados por fios a um outro dispositivo e tem o objetivo associar um gesto a um estímulo tátil. As experiências já comprovaram: vai permitir a comunicação a distância entre duas pessoas, inclusive entre uma pessoa muda ou com dificuldades de fala com uma pessoa cega.
O projeto da Universidade Federal de São Paulo – Unifesp – foi apresentado na Campus Party, um acampamento onde acontecem palestras e workshops sobre tecnologia, evento realizado em São Paulo. A luva chamou atenção de quem compareceu à feira.
“O aparelho pode ser usado para uma pessoa muda ou com problemas de fala se comunicar com uma pessoa cega”, explica Mateus Souza Franco, 22, estudante de Engenharia de Computação na Unifesp e membro do núcleo de neuroengenharia. Ele é o responsável pela criação de um sistema de sinais simples baseados e gestos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) com movimentos laterias, para frente e para trás, para cima e para baixo. De acordo com os movimentos da mão que está com a luva, a energia gerada pelos motores leva as vibrações ao corpo da pessoa que estiver ligada ao equipamento.
“Queremos saber qual é o limite dessa comunicação “crossmodal” [que cruza estímulos diferentes, um visual, o gesto, e outro tátil, a vibração] e depois associar a uma prótese. Há um índice de rejeição à prótese, pois as pessoas não sentem que aquilo é parte delas. O nosso dispositivo quer criar uma associação entre o movimento da prótese com as vibrações, assim a pessoa não vai realmente sentir os dedos, mas vai sentir, pelas vibrações, a força que está fazendo”, explica Jean de Abreu, 38, coordenador do núcleo de neuroengenharia da Unifesp e orientador do projeto. “É menos invasivo que um estímulo direto no cérebro, como tem sido estudado em animais”, complementa.
O projeto, financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), está em desenvolvimento há um ano e Jean crê que em seis meses será possível começar a testar a prótese – que será criada por uma impressora 3D. O pensamento para o futuro é a criação de uma roupa com os motores e substituir a luva com sensores pelas próteses. Tornar tudo mais prático. (Com informações: Isabel Seta/Folha de São Paulo)
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