Padre Josimo

Hemerson Pinto

Em 10 de maio de 1986, o paraense da cidade de Marabá era assassinado em Imperatriz. Josimo Morais Tavares morria sete anos após ser ordenado padre. Menos de um mês antes do crime, o sacerdote, que morreu em defesa de lavradores que sofriam todo o tipo de perversidades cometidas por latifundiários, na região do Bico do Papagaio, já recebia ameaças. O caso era sério, como era a missão que cumpriu até ter a vida tirada por um pistoleiro.
Vinte e oito anos depois, a igreja católica e todos os que acompanharam de perto o drama vivido pelo padre, entre o mês de abril e os primeiros dias de maio de 1986, realizam programação para lembrar o homem que dou a vida em prol dos mais fracos.
Josimo era um dos coordenadores da Comissão da Pastoral da Terra (CPT), sediada em Imperatriz. O padre foi morto pelas costas quando subia a escadaria da sede da CPT, na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, Centro, onde hoje funciona a sede da Diocese de Imperatriz. O pistoleiro e mais quatro envolvidos foram condenados a 18 anos de prisão.
Desde ontem uma programação é realizada para lembrar o sacrifício do padre Josimo por lavradores da região. Uma distribuição de plantas foi realizada pela manhã, na Praça de Fátima. Para esta sexta-feira está previsto um estudo bíblico com o tema ‘Bíblia e o Meio Ambiente’, que será realizado das 19h às 22h no salão paroquial da igreja Santa Cruz, Vila Lobão. O mesmo encontro acontecerá no sábado, 10, no mesmo local, das 8h às 16h30.
A partir das 17h do sábado, será realizada uma vigília no Secretariado Diocesano de Pastoral, onde aconteceu o crime (Avenida Dorgival Pinheiro, Praça de Fátima). Em seguida, haverá uma missa na Catedral de Fátima.
O PROGRESSO selecionou o texto a seguir, que teria sido escrito em 1986 pelo padre Josimo Tavares:
“Quem é este menino negro que desafia limites?”
Tenho que assumir.
Estou empenhado na luta pela causa dos lavradores indefesos, povo oprimido nas garras do latifúndio.
Se eu me calar, quem os defenderá?
Quem lutará em seu favor?
Eu, pelo menos, nada tenho a perder. Não tenho mulher, filhos, riqueza...
Só tenho pena de uma coisa: de minha mãe, que só tem a mim e ninguém mais por ela. Pobre. Viúva. Mas vocês ficam aí e cuidam dela.
Agora, quero que vocês entendam o seguinte: tudo isso que está acontecendo é uma consequência lógica do meu trabalho na luta e defesa dos pobres, em prol do Evangelho, que me levou a assumir essa luta até as últimas consequências.
A minha vida anda vale em vista da morte de tantos lavradores assassinados, violentados, despejados de suas terras, deixando mulheres e filhos abandonados, sem carinho, sem pão e sem lar.
Pe.  JosimoTavares
“Morro por uma causa justa”