A professora Sônia Nogueira, chefe do Departamento de Letras do Centro de Estudos Superiores de Imperatriz, pertencente à Universidade Estadual do Maranhão (Cesi/Uema), acaba de defender, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a tese Língua Portuguesa: o ensino primário em Portugal e no Brasil na segunda metade do século XIX.
A banca avaliadora da tese da docente da Uema, que deu a ela o título de Doutora em Letras, foi constituída pela Professora Dra. Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos (PUC/SP), orientadora do trabalho; Professora Dra. Nancy dos Santos Casagrande (PUC/SP), Professora Dra. Marilena Zanon (PUC/SP), Professora Dra. Vera Lúcia Harabagi Hanna (UPM/SP) e Professora Dra. Patrícia Silvestre Leite Di Iório (UNICSUL/SP). A tese da professora Sônia Nogueira insere-se na linha de pesquisa História e Descrição da Língua Portuguesa, centrada nas investigações levadas a efeito no grupo de pesquisa Historiografia de Língua Portuguesa do IP-PUC/SP. O trabalho constitui uma reflexão acerca do processo de ensino da Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal, na segunda metade do século XIX, quando surgem gramáticas e exercícios gramaticais impulsionadores desse processo, com seus autores pretendendo contribuir, especificamente, com os estudos primários.
A professora Sônia Nogueira, no trabalho defendido na Pontifícia Universidade Católica, faz, então, o percurso historiográfico do ensino de Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal, na segunda metade do século XIX. Toma como corpus do trabalho a Grammatica Portugueza Elementar, de A. Epiphanio da Silva Dias, e os Exercícios gramaticais e modelos de análise, de José Portugal, publicados em Portugal, em 1876 e 1892, respectivamente; a Grammatica Portugueza e Grammatica da infância, de João Ribeiro, além de Noções de grammatica, de Menezes Vieira, publicadas no Brasil, em 1881 e 1895, respectivamente.
A autora revela que a identidade linguística, a identidade nacional, a identidade do cidadão na sociedade brasileira traz entre os componentes de sua formação a constituição (autoria) dessas gramáticas brasileiras, publicadas no século XIX. A porção sujeito-autor de gramática é parte essencial dessa história, inaugurando-se, pois, uma posição-sujeito gramático brasileiro.
O modelo teórico que fundamenta a tese da professora do CESI é o da Historiografia Linguística que tem como principais representantes: Konrad Köerner e Pierre Swiggers, europeus, e H. Dell Hymes e Stephen Murray, americanos, pesquisadores da década de 1980. Nessa perspectiva, Sônia Nogueira efetua a análise dos documentos referenciados, por meio de categorias estabelecidas, procurando desvelar o percurso historiográfico do ensino da língua materna, no Brasil e em Portugal, no período investigado.
Como resultado do trabalho, autora dele constata que, na segunda metade do século XIX, os fatores externos à língua – fatos histórico-sociais – podem interferir no processo de ensino da língua materna, em especial na elaboração de gramáticas e obras de exercícios gramaticais. Constatou, também, que as obras objetos de análise contribuíram sobremaneira para a implementação do ensino da Língua Portuguesa no Brasil e em Portugal.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14260
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