Mauroni fala sobre a produtividade da fazenda
Gado comendo a leucena, planta originária do México

O pecuarista e médico veterinário Mauroni Alves Cangussu viaja nos próximos dias para o México, onde participará como convidado especial do IV Congresso Internacional sobre Sistemas Silvopastoril Intensivo em Pecuária com Ciência. No segundo painel, que tem como tema “Início da Rede Global com líderes pioneiros, inovadores em Sistemas Silvopastoril Intensivo”, ele ministrará a palestra “Experiência Pioneira de Sistema Silvopastoril Intensiva na Amazônia Oriental do Brasil”.
O VI Congresso, que tem como tema central “A Rede Global Conectando a Biodinâmica da Natureza dos Valores Éticos”, se realizará no período de 21 a 23 de março e reunirá na cidade de Morelia membros do Comitê técnico científico e pessoas preocupadas com o futuro do planeta de toda a América Latina. Mauroni Cangussu, que é presidente do Centro Brasileiro de Pecuária Sustentável – CBPS, com sede em Imperatriz, vai liderar um grupo de sete brasileiros que vai ao México.
Mauroni Cangussu viajou por vários países dos mais diversos continentes à procura de um modelo de desenvolvimento sustentável na pecuária. Mas foi na Colômbia, onde o clima e a terra se assemelham a de nossa região, que ele encontrou o que se denomina de sistema silvopastoril intensivo, o qual orienta aos pecuaristas a produzirem sem desmatar e sem a utilização de herbicidas (veneno), elementos estes danosos, mas tão utilizados na pecuária brasileira, especialmente, desta região.
O pecuarista então implantou esse projeto pioneiro em sua Fazenda Monaliza, de 153 alqueires, situada no município de São Francisco do Brejão. A empresa rural, de acordo com Cangussu, tem como missão “produzir alimentos com alta tecnologia e sustentabilidade social, ambiental e econômica”. Tem como visão ser uma empresa competitiva e sustentável, adotando novas tecnologias e aumentando a produtividade conforme a demanda do mercado, sempre em sintonia com a geração atual e futura.
Desde que adquiriu a propriedade rural há cerca de 17 anos, completamente degradada, o produtor deixou a terra se regenerar com sua mata nativa, mas começou em outra área a desenvolver o plantio de leucena, um arbusto de médio porte originário do México, mas que se adaptou muito bem com o clima e o bioma floresta. A leucena, que os mexicanos denominam de “leucaena”, é muito apreciada pelo gado, que reforça sua alimentação com sal mineral e água tratada.
Mauroni Cangussu garante que esse modelo de pecuária sustentável, além de respeitar a natureza, de estar em consonância com o novo Código Florestal Brasileiro, tem muito mais produtividade que a pecuária tradicional e rudimentar. “Nós crescemos pensando que o animal da raça bovina se alimenta apenas de capim, quando na verdade ele se alimenta dos mais variados arbustos, razão porque não precisa desmatar completamente a área como agem os nossos pecuaristas”, observa.
De acordo com o produtor e médico veterinário, com a cobertura vegetal o gado se protege do sol escaldante desta região. A implantação de cercas elétricas, com apenas um fio, proporcionou ao pecuarista uma economia de 80% em comparação às cercas normais. Além do mais, a energia é captada através de uma placa que alimenta as cercas da propriedade. “Vale ressaltar que o fio elétrico que separa as mangas tem amperagem zero”, explica Edmar Medeiros, administrador da Monaliza.
A propriedade possui um poço artesiano que alimenta vários bebedouros que estão espalhados por toda a propriedade. “Desta forma, não é preciso que o animal caminhe em busca de água, esta se encontra à disposição do animal onde quer que ele esteja e isso evita que ele se desgaste”, afirma Mauroni Cangussu, reiterando que são esses cuidados que fazem com que o gado ganhe peso e saúde. “A mortalidade aqui é zero”, emenda o fazendeiro.
A área em que está sendo desenvolvido o projeto de plantio da leucena encontra-se subdividida em 10 separadas pela cerca elétrica. Nelas pastam 20 reses no período de 5 dias, num esquema de rotação ou de rodízio. “Quando termina o quinto dia, as reses são levadas para outra área, de forma que, quando completar a nona, a primeira já está com a leucena no ponto de alimentar o gado, que assim se desenvolve com mais naturalidade aumentando a produtividade”, garante Mauroni.
Na Fazenda Monaliza, bem como em outras propriedades de Mauroni Cangussu, onde se pratica a pecuária sustentável, a taxa de fertilidade é de 88%, taxa esta bem mais elevada que na pecuária convencional. “Quando apartamos os bezerros, eles já estão com cerca de 250 quilos, o que também não é comum na pecuária tradicional”, explica. No centro da Fazenda Monaliza existe o que o proprietário chama de “Praça da Alimentação”, onde o gado se reúne todos os dias para beber e comer sal mineral.
Edmar Medeiros, administrador da Monaliza, disse ser oriundo da pecuária tradicional e teve dificuldade em se adaptar a essa nova concepção de pecuária, mas garante que está completamente satisfeito com os resultados. “O sucesso dessa empresa rural envolve dedicação por parte dos funcionários, alimento e seleção dos animais”, afirma Medeiros, acrescentando que, “como se vê, aqui não tem mosca, carrapato, porque há um equilíbrio na cadeia produtiva”.
“Aqui é proibido o uso do fogo e de herbicidas”, afirma com orgulho Mauroni Cangussu, conclamando aos colegas pecuaristas que sigam seu exemplo. Na Fazenda Monaliza os animais de cria vivem em harmonia com os animais silvestres, com os pássaros das mais diversas espécies, os trabalhadores moram em boas residências, num belo exemplo de responsabilidade social e ambiental. Essa experiência será mostrada aos produtores das Américas, no México, e pode ser apreciada, ao vivo, na Fazenda Monaliza, em São Francisco do Brejão.