A Prefeitura de Imperatriz realizou ontem pela manhã, no auditório da Casa Brasil, reunião de trabalho para tratar dos problemas ocasionados pela repentina enchente do último dia 8 de janeiro, bem como da maneira de solucioná-los caso ela volte a acontecer. A previsão de muita chuva deixa transparecer que muita água ainda vai rolar no inverno que se estende até meados de abril e maio.
A reunião provocada pelo prefeito Sebastião Madeira se deu em função da preocupação causada ao gestor, uma vez que a enchente desabrigou dezenas de famílias, causando-lhes prejuízos com a perda de móveis e eletrodomésticos. A Prefeitura Municipal, por intermédio da Superintendência de Defesa Civil, teve que se desdobrar para retirar as famílias de suas casas e transportá-las para casas de parentes e para os abrigos do Parque de Exposição e Escola Paulo Freire.
Na oportunidade, o Consórcio Estreito Energia (CESTE) apresentou, através de seus representantes, Dimas Maintinguer e Isaac Braz Cunha, o “Plano de Contingência para Situações Emergenciais da UHE Estreito”. O Consórcio coordena um Comitê Gestor formado por algumas diretorias. Entre estas, a Jurídica, de Engenharia, de Comunicação, de Meio Ambiente, Administrativa e Operação da Usina, esta última principal responsável pela operação da hidrelétrica.
O Comitê Gestor tem, entre outras atribuições, conforme informou Dimas Maintinguer, realizar análise de dados de vazão afluentes, de vazão defluentes, acionar a Defesa Civil dos municípios do Maranhão e Tocantins que ficam na jusante do rio Tocantins, acrescentando que o Comitê mantém um relacionamento externo com instituições como a NOS, ANA, ANEEL, além de prestar esclarecimentos sobre situações emergenciais aos moradores das áreas de risco e também para os órgãos de imprensa.
Mesmo com o trabalho do Comitê Gestor, a UHE não suportou o enorme volume de água que se formou no reservatório da hidrelétrica Serra da Mesa, no alto Tocantins. Ao receber aproximadamente cinco milhões de metros cúbicos de água, a Serra da Mesa liberou a água que tomou conta da UHE Estreito e esta, imediatamente, liberou as comportas. Em apenas 12 horas a tromba d’água chegou a Imperatriz desabrigando dezenas de famílias que moram nos bairros da Caema, Leandra, Beira-Rio e Curtume.
Cobranças – O Consórcio Estreito recebeu cobranças e vários esclarecimentos por parte de vários órgãos e instituições que se fizeram presentes à reunião de trabalho atendendo convite da Prefeitura Municipal. Entre estes, a Procuradoria da República, Promotoria em Defesa do Meio Ambiente, Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, Superintendência Municipal de Defesa Civil, Marinha do Brasil, 3º Grupamento do Corpo de Bombeiros, Defensoria Pública do Estado e Fundação Rio Tocantins.
O procurador da República, Flauberth Martins, e o promotor de Justiça Jadilson Cirqueira, apesar de deixarem claro que estavam apenas acompanhando a reunião, cobraram alguns esclarecimentos e deram sugestões. Flauberth Martins quis saber o que o CESTE pode fazer para evitar episódio semelhante e indagou qual planejamento a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil tem para o município de Imperatriz. Jadilson Cirqueira sugeriu a participação dos demais municípios atingidos nas próximas reuniões com os representantes do Consórcio.
Representando a Fundação Rio Tocantins, o ambientalista Domingos Cezar mostrou sua preocupação ao tomar conhecimento de que tal volume de água não pode ser represada ou armazenada, podendo colocar em risco a UHE-Estreito, cujas consequências seriam piores. Ele lembrou da enchente de 1980 e ressaltou que, “se tivermos uma grande enchente, estamos colocando em risco não apenas os bens materiais, mas a própria vida de nossa população”.
O defensor público Fábio Sousa Carvalho disse que, como sua instituição tem sua preocupação voltada para as pessoas carentes, vai acompanhar atentamente a rotina dos desabrigados. Por sua vez, o Sargento Miranda, do Corpo de Bombeiros, que faz diariamente o acompanhamento do movimento das águas, garantiu munir o Comitê Gestor do CESTE de todas as informações para que o Consórcio possa se prevenir e avisar os municípios caso uma nova enchente venha a acontecer. O Ouvidor-Geral do Município, Daniel Souza, cobrou do CESTE garantias para que os ribeirinhos não sofram outros prejuízos materiais.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14307
Prefeitura reúne instituições e CESTE para discutir responsabilidade de todos
A reunião que debateu os problemas da enchente foi coordenada pelo prefeito Madeira
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