Os prefeitos da região tocantina entenderam que juntos fica mais fácil lutar para resolver o problema do financiamento da saúde pública nesse lado do Estado. Articulada pela Associação dos Municípios da Região Tocantina, presidida pela prefeita do município de Itinga, Luzivete Botelho, uma reunião com prefeitos e secretários de saúde, que durou mais de quatro horas, serviu de base para o detalhamento da situação, bem como para a apresentação de propostas para que se encontre uma solução que beneficie todos os municípios da regional de Imperatriz.
A reunião se centralizou em duas situações: uma técnica, na qual se discutiu a necessidade urgente de viabilização de um novo Programa de Pactuação Integrada (PPI), e a outra política.
Em relação ao PPI, a opinião é unanime: há a necessidade premente de o mesmo ser atualizado, já que o documento é de 2004 e nesse período houve um aumento substancial da população e, consequentemente, dos atendimentos. No aspecto político, outro pensamento comum: nesse momento de dificuldade dos municípios, no quesito saúde, não há alternativa a não ser apelar para a sensibilidade do Governo do Estado.
“Precisamos aumentar o teto da atenção básica”, pontuou o prefeito Valdivino, de Montes Altos. Para ele, que é médico, caso haja um aumento no teto da Atenção Básica, os casos simples que hoje são encaminhados para Imperatriz poderão ser tratados nos municípios de origem.
O superintendente municipal de Regulação, Irisnaldo Félix, foi escalado pela Secretaria de Saúde para falar sobre os números de Imperatriz. Para ele, não há possibilidade de o município continuar atendendo aos casos de alta complexidade acima dos valores recebidos pela pactuação.
O prefeito Sebastião Madeira, convidado a fazer uso da palavra, reforçou as palavras de Félix: “Não é exagero, minha gente! A situação é dramática e sem o apoio de vocês, sem a participação de todos os prefeitos, vai ficar mais difícil ainda”, ponderou.
Números - O número de atendimento na saúde de Imperatriz mais do que dobrou nos últimos dois anos. Antes da gestão Madeira, o recorde de atendimento no Hospital Municipal (Socorrão) tinha sido oito mil; hoje o número mensal de atendimento chega a 18 mil. Todo esse quantitativo com R$ 250 mil a menos dos cerca de quatro milhões de reais que o município recebe para bancar a alta complexidade.
Para chamar a atenção para o problema, Imperatriz chegou a suspender a emissão de exames e consultas especializadas e as cirurgias eletivas (programadas) oriundas dos municípios que buscam na saúde de Imperatriz alívio para os males de seus pacientes. A situação foi revertida, com ressalvas, depois de uma reunião em São Luís com o secretário de Saúde, Ricardo Murad.
Pacto pela saúde - Com o objetivo de um maior aproveitamento da reunião, os prefeitos Sebastião Madeira (Imperatriz), Deoclides Macedo (Porto Franco), Zequinha Coelho (Estreito), Vete Botelo (Itinga), Adriana Ribeiro (Amarante), Valdivino (Montes Altos), Dione Silva (Ribamar Fiquene) e Welington Pinto (Vila Nova dos Martírios), se reuniram, depois em separado, para juntos montarem uma agenda política comum para o enfrentamento da situação.
Durante o encontro ficou evidenciado que, ressalvadas as devidas proporções, todos os municípios dessa região enfrentam problemas com o financiamento da saúde. Em Itinga, por exemplo, a prefeita Vete disse que para manter um hospital de 75 leitos recebe apenas R$ 75.000,00 e gasta R$ 200.000,00.
Itinga, conforme a prefeita, assim como Imperatriz, recebe pacientes de municípios vizinhos, notadamente do Estado do Pará, sendo os casos mais complexos enviados para Imperatriz. Problema igual enfrentado também por município polos, como Porto Franco, Balsas e Estreito. “Cientes da situação, nós acreditamos que o Governo do Estado, por intermédio de seu secretário de Saúde, Ricardo Murad, ajudará os municípios da região a transpor essa situação que aflige hoje a todos nós”, disse o prefeito Madeira na saída da reunião. (Comunicação)
Publicado em Cidade na Edição Nº 14187
Prefeitos da região tocantina buscam pacto pela saúde
Prefeitos e secretários se reúnem por mais de quatro horas para discutir o problema da saúde na região
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