Em comemoração à Semana da Consciência Negra, o Centro de Cultura Negro Cosme (CCNC) desenvolveu vasta programação. Discussões sobre o combate e os avanços contra o preconceito racial no Brasil, com destaque para a realidade em Imperatriz, foram levados a universidades, escolas e praças públicas.
Na manhã dessa sexta-feira, a Praça da Cultura foi palco de apresentações teatrais, exposição de fotografias e artesanato. Todos os artigos retrataram a cultura afro-descendente.
Em frente à praça, na Academia de Letras, os visitantes assistiam a uma mostra de documentários. Todas as demonstrações giravam em torno da temática étnica-racial e foram produzidas por alunos da rede pública.
Izaura Silva, presidente do CCNC, há mais de 20 anos é militante da causa negra. Ela relata que a programação da Semana da Consciência Negra a cada ano é mais positiva. “Essa programação aqui na praça é a culminância do trabalho desenvolvido nas escolas durante todo o ano, a cada ano mais pessoas participam, não só das escolas, mas das universidades e também de empresas”.
Professora da rede pública e coordenadora da Igualdade Racial, Maria Luisa Rodrigues é companheira de luta de Izaura Silva. “Começamos há duas décadas a combater o preconceito e a discriminação nas escolas em que trabalhávamos. Aos poucos nosso trabalho [combate] foi crescendo e ganhando espaço nas universidades. A questão deve ser debatida em todos os espaços, por todos os segmentos da sociedade”, afirma.
A presidente do CCNC revela ouvir muitos relatos de pessoas – principalmente, trabalhadores do comércio – que reclamam de comentários e atitudes racistas por parte de empregadores: “É muito difícil provar, porque precisa de testemunhas, precisa haver provas. O preconceito no Brasil é velado e fica difícil combater. Mas as estatísticas mostram grandes diferenças entre negros e brancos em todos os setores da sociedade”.
Izaura Silva, que também é Professora Mestre em Educação Brasileira e leciona na Uema (Imperatriz), menciona uma situação de preconceito, sentida na própria pele: “Fui ministrar um curso em uma universidade numa cidade da Região Tocantina e, quando cheguei lá, uma professora branca (gaúcha) me perguntou se eu teria, realmente, condições de ministrar a palestra. Depois do curso, ela me pediu desculpas publicamente pelo comentários que fez”, Izaura completa: “O preconceito é universal, está em todas as partes”.
Publicado em Cidade na Edição Nº 14255
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