Moradores reunidos na residência que disponibilizou o poço
Caixa d’água que abastece a comunidade

Hemerson Pinto

Os moradores de um dos maiores povoados da Estrada do Arroz ficaram sem água no último final de semana. O problema começou na sexta-feira, 20, quando a bomba do único poço que abastece a comunidade queimou e nenhuma gota mais saiu pelas torneiras, deixando a população irritada. “Tem pouco tempo que essa bomba foi instalada”, comentou o professor José Gomes, o ‘Zeca’.
Ele mora há 36 anos no povoado e diz que se a restauração da bomba demorar a acontecer (pois até a segunda-feira, 23, continuava sem água) “vamos voltar aos tempos antigos: indo até o riacho lavar roupa, louças e tomar banho”, reclama.
Na verdade, ir ao brejo voltou a ser uma prática dos moradores do Olho D’Água desde que a água faltou, segundo o pedreiro Luís Pereira. “Eu venho pegar água aqui nesse poço do meu vizinho, mas no dia que eu não posso a mulher tem que ir com as outras mulheres para o Riacho Angical, que fica a uns 4 km daqui, para lavar roupa e louça”, afirma.
Luís acrescentou que a falta de água está comprometendo até a economia, pois profissionais da área dele, por exemplo, não podem trabalhar sem um dos itens necessários para o preparo da massa que será utilizada nas construções. “Só o cimento sem a água não faço a massa”, diz.
Dona Cleidiana de Jesus também reclama: “Fica difícil para fazer as tarefas de casa sem água. A gente pega no poço do vizinho, mas pra carregar até encher os baldes não é fácil não”, reclama a dona de casa.
Um dos vizinhos que abriu as portas de casa para os demais moradores pegarem água no poço é seu Joaquim. Ele mora na avenida principal “e esse é o poço mais perto que tem aqui desse povo, não posso deixar eles com sede, água é vida. É meu o poço, é dos meus vizinhos. Se saio de casa deixo a cancela aberta e a bomba ligada. Eles chegam e tiram o tampo da mangueira e têm água à vontade”, explicou, afirmando que não é a primeira vez que falta água no povoado desde que o poço foi inaugurado.
O poço fica ao lado da Escola Municipal Tomé de Sousa e ao lado da casa do seu Chico. “Eu vi eles abrindo esse poço, deu muito trabalho, é fundo, passou por água salobra, laje, quebrou equipamento até chegarem na água boa para beber. Sem água, até a escola pode parar. Disseram que vinham na segunda-feira olhar e se possível retirar a bomba para arrumar, mas sabemos que isso não é possível no mesmo dia”, diz o morador.
No último domingo, ao invés de descanso e lazer, os moradores tiveram um dia cheio carregando carrinhos de mão de um lado para outro em busca de água. Os homens carregavam tambores até nas costas, tudo para garantir água na segunda-feira e poderem sair para o trabalho com uma preocupação a menos.