Marcos Fábio Belo Matos – professor dos cursos de Jornalismo e Pedagogia do CCSST – UFMA Imperatriz – marcosfmatos@gmail.coms

Três coisas eu constatei, ouvindo os relatos de experiências dos alunos e alunas do Curso de Pedagogia da UFMA, que participaram, na semana passada, da Semana do Brincar, e estiveram envolvid@s nas oficinas oferecidas para as crianças de algumas escolas municipais de Imperatriz: oficinas de dança, de leitura, de música, de brinquedoteca, dentre outras.

A primeira constataçãoé que a Universidade, cada vez mais, precisa se fazer dos seus muros para a rua. É urgente, sobretudo nestes tempos em que estamos vivendo, tempos de ataques duros a professores/professoras, a pesquisadores/pesquisadoras, a alun@s, a gestores/gestoras e à própria concepção de universidade pública, sair dos espaços em que se faz a universidade e buscar as pessoas, buscar alcançar as comunidades onde ela está e, afinal, para as quais ela existe e cujas vidas ela impacta – positivamente. As professoras/professores e os alunos e alunas envolvid@s na Semana do Brincar fizeram justamente isso: foram ao encontro das crianças, para trazê-las para brincar no campus, e foram ao encontro dos professores e professoras dessas crianças, para fazê-l@s refletir sobre a importância da brincadeira como processo de formação infantil, como direito dessas crianças e até como ato de cidadania. Saindo dos seus muros, a universidade se mostra, deixa-se relacionar e ganha a opinião pública – que, na imensa maioria das vezes, está mal informada e “compra” os conceitos de quem deforma, maquiavelicamente, a ideia de universidade.

A segunda constatação feitaé sobre encanto. O que vi, dali da plateia, foi um grupo de jovens encantad@s com a sua formação, com a possibilidade de, via conhecimento, tornar melhor a vida de crianças. Isso, ao menos para mim, derruba o mito de que as pessoas estão cada dia mais pragmáticas, buscando apenas profissões pelo valor financeiro delas, ansiosos por uma formação que lhes dê um canudo e uma possibilidade veloz de alcance de sucesso e riqueza. Vi e ouvi relatos de meninos e meninas que afirmaram a importância do curso que abraçaram. E isso me dá uma sensação muito boa de que nem tudo está perdido...

E a terceira constatação foi a de que, sempre, podemos acreditar no poder e na capacidade da juventude. Sob a coordenação das professoras Karla Bianca e Tereza Bom-Fim, esses meninos e meninas fizeram algo lindo, com muita competência. Os vídeos, as fotos e os relatos mostraram isso. Colaram a teoria à prática, construíram uma organização dentro de cada equipe, suaram e se esforçaram para fazer o melhor que puderam. E o resultado foi um trabalho digno de todos os aplausos.

Saí de lá com a certeza de que, além de o brincar ser uma coisa muito séria, é absolutamente imprescindível para esses tempos brutos em que vivemos. Talvez, se abraçarmos o brincar como uma necessidade da formação d@s futur@s cidadãos e cidadãs, o brincar cercado de respeito, de alegria, de atitudes saudáveis e generosas, nós tenhamos um país melhor daqui pra frente.