Elson Araújo

Colaborador

A cidade deve se preparar para a maior crise de abastecimento de água potável de sua história. E o que é mais grave, não há, em curto e médio prazo, uma solução, a não ser que comece logo a chover. Para que o pior aconteça, basta que o rio Tocantins baixe mais 1,5 metro. É o que previu ontem o coordenador de operações da regional da Caema, engenheiro Júnior Goiabeira, durante reunião com representantes do Consórcio que administra a hidrelétrica de Estreito, João Galdino Neto e Alan Capelari; o superintendente municipal da Defesa Civil, Chico do Planalto; a secretária executiva daquele órgão, Elayne Cristina, e o diretor regional da Caema, Rafael Heringer.
A reunião aconteceu pela manhã com o objetivo de discutir uma saída para o iminente desabastecimento que tende a ocorrer diante da previsão que se faz a partir da informação de que, a partir do primeiro dia de setembro, a hidrelétrica de Serra da Mesa, que hoje opera com 10% de sua capacidade, reduzirá sua operação para 4,43%, o que afetará o funcionamento das outras hidrelétricas no mesmo corredor, como é o caso da Estreito, que prevê diminuir a vazão atual de 770 metros cúbicos por segundo para 600 metros.
“Com isso, o que se prevê é que o rio chegue a 3,60 metros abaixo do marco zero a jusante de Estreito”, informou Chico do Planalto.
É por essa situação iminente que a Caema prevê um possível colapso no abastecimento regular de água para a população. Nesse aspecto, o diretor regional Rafael Heringer foi incisivo ao declarar que, diante do quadro para as próximas semanas, a companhia não tem solução emergente. Novas bombas foram instaladas para reforçar o abastecimento e seriam suficientes para normalizar como um todo o abastecimento, caso não fosse o fenômeno da seca.
O encontro realizado ontem, no Escritório Regional da Caema, decorreu de uma videoconferência realizada pela Agência Nacional de Águas-ANA, no dia anterior, no auditório do Ministério Público Estadual em Imperatriz, na qual os diretores daquela autarquia discutiram a situação específica do rio Tocantins com representantes de várias cidades, do Maranhão e do Tocantins, banhadas por ele, incluindo agentes públicos e membros da sociedade civil.
Consumo consciente - Diante da atual situação, o diretor regional da Caema, Rafael Heringer, declarou a O PROGRESSO que no momento não basta a interveniência dos órgãos competentes, é preciso que a população também faça sua parte economizando ou fazendo o uso consciente e racional da água e ajudando a combater o desperdício, que ainda é muito grande.
“Esta questão do abastecimento de água ultrapassou as competências da Caema. Se for preciso, faremos o racionamento, contudo, individualmente, o cidadão também pode fazer sua parte”, concluiu Heringer.
Comitê de crise- O promotor de Justiça titular da Promotoria do Meio Ambiente, Jadilson Cirqueira, responsável pela distribuição do ofício circular que convidava para a videoconferência, declarou que a discussão sobre o tema não se esgotou nessa primeira reunião virtual com a ANA, outros encontros deverão ocorrer até que se resolva a situação que ele reputa como gravíssima. A próxima foi marcada para o próximo dia 29.
De acordo com o promotor Jadilson Cirqueira, a videoconferência foi importante porque tratou-se de uma iniciativa da própria Ana e também porque foram anotadas o que seriam algumas providências necessárias e previstas em lei, como: (1) a criação de um comitê de crise pela própria ANA; (2) definida, numa data ainda a ser confirmada, uma visita dos diretores da ANA à região; (3) a veiculação de uma nota técnica sobre a situação atual e futura do rio Tocantins.
Outro aspecto importante da videoconferência, segundo avalia o promotor, foi a participação de representantes do Operador Nacional do Sistema (NOS), órgão responsável pela coordenação e controle da operação da geração e transmissão de energia elétrica, que admitiram, como medida extrema para que a população não venha a sofrer com o desabastecimento de água, caso a situação não se normalize, a determinação para o desligamento das turbinas das hidrelétricas