Fila em frente à Estação de Tratamento de Água, no Bacuri
Equipe chega à adutora e inicia reparos

Hemerson Pinto

Chegar atrasado ou deixar de ir ao trabalho, não mandar as crianças para a escola e sair às ruas com baldes ou tambores por conta da falta de água. Essa é a rotina dos imperatrizenses desde o corte no fornecimento de água, há quase dois dias. A cena se repete no Centro e nos bairros mais afastados. Homens, mulheres e crianças empenhados em levar para casa o que não tem chegado às torneiras.
Na Vila Redenção II, Avenida Jacob, uma empresa do ramo de reciclagem libera água de um poço desde a tarde de quinta-feira para os moradores da região próxima ao estabelecimento. Uma fábrica de bebida repete o gesto na Vila Lobão, assim como o Templo Central da Assembleia de Deus, no Centro. Filas também são notadas em frente às escolas, postos de combustíveis e residências que dispõem de poços artesianos e os donos aceitam fornecer à população.
Em frente à Estação de Tratamento de Água, na Rua Dom Pedro II, Bacuri, uma ‘procissão’ de pessoas com recipientes vazios em busca do líquido precioso. “Lá em casa não tinha nem pra beber, estou com dores nas costas de carregar água desde ontem. Meu marido trabalha à noite e eu fiquei até tarde carregando água”, reclama a dona de casa Teresinha Silva, moradora do Parque do Buriti. A mulher usou um carrinho de mão para transportar galões cheios.
O mesmo exemplo foi seguido pelo vendedor José Filho, também em frente à estação de tratamento. “Há muitos anos não se vê investimentos nesse setor aqui em Imperatriz, em termos de distribuição de água e manutenção da rede”, disse, acreditando que o problema na adutora de água tratada, instalada a poucos metros dali, foi provocado por falta de manutenção na rede de abastecimento.
No local onde equipes da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema) trabalham há horas com o objetivo de solucionar o problema, O PROGRESSO encontrou o engenheiro e diretor de operação, manutenção e atendimento ao cliente da companhia, Cristovam Dervalmar Rodrigues, que veio de São Luís acompanhar os trabalhos. “Viemos com o objetivo de ver o que é necessário para os técnicos que estão fazendo esse trabalho para dar as condições de realizarem o reparo o mais rápido possível. Um grupo está vindo a Imperatriz trazer material (de apoio)”, explicou Cristovam.
O engenheiro da Caema informou na manhã de ontem que a adutora já havia sido alcançada pelos técnicos depois da retirada de água do local onde o equipamento é localizado. “Vamos iniciar a escavação em cima do tubo para descobrir o tubo e vê o ponto aonde vamos cortar para fizer as interligações. O que mais vai demorar é o corte do tubo, por isso estamos providenciando duas lixadeiras de corte e a quebra do concreto que separa a tubulação”, declara.
Quanto à falta de investimentos para manutenção da rede de abastecimento, a opinião de um dos entrevistados por O PROGRESSO, o diretor de operação da Caema, justificou: “Os investimentos que estão sendo feitos para cá precisam de projetos. Hoje, quem faz investimentos nas cidades é a Prefeitura, o Governo do Estado ou o Governo Federal. A Caema é uma operadora do sistema, do que existe. Mesmo assim, a Caema está fazendo projeto para ampliação e melhoria de todo o sistema de Imperatriz. Depois do projeto na mão é que se consegue recurso para fazer a melhoria”.
Um caminhão pipa do 50º Batalhão de Infantaria de Selva, 50º BIS, também abastece desde a última quinta-feira na Estação de Tratamento de Água. O conteúdo é distribuído na rede de saúde de Imperatriz. “Estamos abastecendo nosso caminhão pipa que acumula até 12 mil litros de água potável para distribuirmos aos hospitais púbicos e abastecer ao quartel”, disse o Cabo Jacinto.
Na manhã de ontem a Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor encaminhou uma Recomendação para a Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão, com o prazo de 48 horas para a regularização do abastecimento de água na cidade.
De acordo com a Recomendação de nº13/2013, a Caema deve disponibilizar carro pipas e outras medidas que possibilitem a continuação do serviço público. O documento foi assinado pelos promotores Sandro Bíscaro e Joaquim Junior.