Fernando de Aquino
Em setembro de 2003, surge o programa do governo Lula, Bolsa Família, que pretendia erradicar a pobreza extrema no país. Dez anos depois, o programa colhe resultados positivos, disputas sobre a paternidade e um alto investimento econômico.
Orlene Matos tem 45 anos e trabalha como diarista. Faz faxina em três apartamentos em Imperatriz e uma residência em João Lisboa. Tem três filhos, Gabriel (10), Lucas (15) e Rebeca (07). A autônoma é viúva e mantém a pensão do marido na ajuda das despesas. O lucro mensal com o “básico” gira em torno de R$ 750. “O gasto da casa é grande”. Alimentação, remédios, educação e vestuário comprometem quase todo o ganho mensal.
A família Matos, segundos critérios do Governo Federal, recebe mensalmente R$ 166,00, correspondente ao auxílio do programa Bolsa Família. Segundo o comprovante de pagamento, R$ 70 é o valor do benefício por família. Serão acrescidos nesse total R$ 32 de cada um dos filhos. O dinheiro ajuda na compra da comida e dos gastos com os estudos. Em Imperatriz são 30 mil famílias cadastradas nos programas sociais do governo, dessas, 17 mil recebem o benefício.
Bolsa Família - É um programa que auxilia famílias que estão no status de extrema pobreza (com renda de até R$ 70 por pessoa) ou só de pobreza (com renda de R$ 70 até R$ 140 por pessoa). O valor mínimo de ajuda é R$ 70. Essa quantia sobe quando é considerado o número de crianças e adolescentes na idade de 0 a 17 e nos períodos de gestação da beneficiária. Há também uma ajuda de custo para as famílias em situação de extrema pobreza.
Histórico – A briga de DNA que remonta historicamente a paternidade do programa é recorrente em debates políticos entre situação e oposição. Mas a origem da Bolsa é ainda mais antiga. Nos anos 80 já discutiam a implantação de um auxílio federal para ajudar famílias consideradas pobres, segundo os índices de desenvolvimento. A criação do Bolsa Escola, programa assistencialista vinculado ao estado brasileiro, é de Cristovam Buarque, então reitor da Universidade de Brasília (UNB) em 1995. No governo de Fernando Henrique Cardoso, o programa foi expandido e incorporado ao Ministério da Educação, atendendo até meados de 2002, cinco milhões de famílias. O Bolsa Família, criado no governo petista de 2003, é a unificação de todos esses benefícios.
Orlene recebeu o dinheiro do auxílio ontem (dia 17). Ela já foi ao supermercado e comprou alimentos como feijão, arroz, farinha e outros condimentos. Nada de regalias. “Compro só o que é necessário no começo do mês, as outras coisas eu deixo para o dia 15 de setembro, quando recebo o meu salário”.
Os dados do governo são otimistas em relação ao programa. Segundo o site do Ministério do Desenvolvimento 14 milhões de pessoas superaram a pobreza extrema com o programa. Foram investidos desde setembro de 2003, quando o programa foi criado, 21,4 bilhões de reais. Informações do Ministério do Planejamento.
“Em dez anos de programa, só podemos comemorar o Bolsa Família. Temos um espaço em Imperatriz de referência. Temos números positivos na queda dos números de família em estado de extrema pobreza”, afirma a coordenadora do programa em Imperatriz, Gorete Santos.
Comentários