Dema de Oliveira
A Polícia Militar do Maranhão deflagrou uma paralisação por tempo indeterminado em assembleia geral na noite dessa quarta-feira (26), quando um grupo com cerca de 100 PMs acampou no estacionamento da Câmara Municipal de São Luís. Mulheres e filhos dos policiais se juntaram ao grupo na manhã dessa quinta-feira e mais policiais se juntam ao movimento na sede do parlamento municipal da capital maranhense.
Em Imperatriz, a segunda maior cidade do estado, os policiais militares, tendo a adesão dos Bombeiros Militares do 3º GBM, acamparam em frente ao Quartel do 3º BPM, localizado na Rua Leôncio Pires Dourado, bairro São José do Egito. Os militares interditaram um quarteirão da Rua Leôncio Pires Dourado, uma das mais movimentadas da cidade, o que vem deixando o trânsito conturbado.
Viaturas foram impedidas de sair do pátio do Quartel e duas delas, GOE e Força Tática, tiveram os pneus esvaziados.
O Tenente Coronel Antonio Markus Lima, comandante do 3º BPM, tentou negociar a saída de policiais do Grupamento de Operações Especiais (GOE) e da Força Tática (FT). Foi feita uma rápida reunião entre os grevistas, que votaram por não permitir a saída das viaturas.
Os policiais que estão fazendo a segurança da cidade são os novos policiais que foram formados e que tomaram posse nesta quarta-feira, justamente no dia que foi deflagrada a greve.
As barreiras policiais Alpha I, localizada na entrada de Imperatriz, às margens da BR-010, e Alpha II, localizada na entrada de João Lisboa, estão funcionando com policiais militares da nova safra.
Alegações e reivindicações
A categoria alega que a governadora Roseana Sarney não cumpriu acordo feito em 2011 de reajuste e as condições de trabalho precárias. O Coronel Melo, que foi demitido do posto de Comandante do Policiamento do Interior após criticar o governo Roseana, afirmou que a governadora não investe em segurança pública e desvaloriza os profissionais que fazem a segurança do cidadão. “O aumento salarial, as condições de trabalho, fardamento, equipamentos são algumas das reivindicações das associações. É preciso que os governantes valorizem a categoria. A Polícia militar que tem o conhecimento para combater a criminalidade. Se o governo investe mais em segurança privada do que em segurança pública, certamente existe a desvalorização da categoria”.
Outro líder do movimento, Soldado Leite, chegou a ficar três dias preso por insubordinação. Leite reafirma que a manifestação é pelo reajuste salarial e por condições de trabalho para os policiais. “Nosso armamento é o que foi descartado pela polícia de São Paulo. O armamento tem mais de dez anos de uso. Não temos fardamento, não temos viaturas suficientes. Queremos que o governo cumpra o acordo salarial e queremos ter condições de levar segurança para a população”, afirmou.
Os militares reclamam do reajuste de apenas 7% concedido pela governadora Roseana Sarney à categoria. Segundo os policiais, não se trata de aumento, mas de reposição salarial, pois refere-se a perdas salarias e não a aumento real de vencimentos.
Com menor efetivo de policial do país, os policiais militares maranhenses pedem implantação de reajuste de 18% (mesmo percentual que foi concedido a servidores de outras categorias) e das perdas salariais, além de mudanças nos critérios de escalonamento, promoção e jornada de trabalho, adicional por periculosidade, substituição dos coletes balísticos e das munições que estão sendo usados com prazo de validade vencido. Falta armamento e até fardas para os policiais.
Nota
Em nota, o governo do Maranhão afirmou que efetua uma política de valorização dos PMs e da continuidade nas ações de investimento na Segurança Pública do Maranhão. “O Governo do Estado garantiu ainda um pacote de benefícios para os policiais. Entre as medidas, a aprovação de lei que garante ao policial levar para a reserva a mesma remuneração da última patente, mesmo que não fique por cinco anos em exercício no último posto”, afirma a nota.
O governo alega ainda que antecipou em quase um ano (de 2015 para novembro de 2014) a tabela de subsídios constante do Plano de Cargos e Carreiras. Além disso, existiria ainda o reajuste, em percentuais diversos, de gratificações por exercício de função, cujos novos valores já serão pagos a partir do mês que vem.
Sobre o efetivo, o governo pontuou que foram nomeados 1,8 mil policiais militares nessa quarta-feira.
Comentários