Por ignorância ou mesmo por negligência, alguns pescadores e ribeirinhos também são responsáveis pela acelerada degradação do rio Tocantins, bem como dos seus afluentes, restingas, lagos e lagoas, que formam o ecossistema natural e propício para a procriação das mais diversas espécies de peixes.
Alguns pescadores, mesmo recebendo o salário do governo durante os quatro meses da piracema (novembro a fevereiro), continuam pescando deliberadamente, pegando quantidades de pescado muito superior ao estabelecido pela legislação. Também utilizam redes, tarrafas e espinhéis, ao contrário do que determina a lei.
Para os pescadores mais conscientes, o ideal seria que esse período se estendesse por mais dois meses, ou seja, até o final de abril, quando os peixes continuam ovados e procriando. “A gente observa que até o mês de maio ainda encontramos espécies que estão ovadas e prontas para procriar”, observa Antonio Pereira, experiente pescador.
Outra depredação das mais diversas espécies acontece nesse período do ano, quando os poucos cardumes insistem em subir o rio. Os peixes são cercados de centenas de pescadores munidos de tarrafas e redes de arrasto que, como diz o nome, arrastam quase todo o cardume, dizimando milhares de peixes.
Esta semana, um cardume de curimatãs passava pela localidade de Jatobá, município de Praia Norte (TO), quando foi cercado por centenas de pescadores que utilizavam barcos de médio porte e os pequenos barcos, denominados de rabetas, com os quais cercava o cardume no meio do rio causando rebuliço entre as curimatãs.
Mata ciliar
Os ribeirinhos, que cultivam vazantes ou pequenas roças de arroz, milho e melancia, insistem em derrubar a mata ciliar, cujas árvores, com seus frutos, alimentavam as espécies vegetarianas, que é maioria absoluta no rio Tocantins. A degradação da mata ciliar é observada, principalmente, na região lacustre, entre os municípios de Cidelândia, Vila Nova dos Martírios e São Pedro D’Água Branca.
Para piorar a situação ambiental, alguns ribeirinhos não querem mais capinar seus roçados como antigamente. Agora, utilizam veneno para matar as plantas daninhas, mas o grosso do veneno é arrastado pelas águas das chuvas para o leito do rio Tocantins e seus afluentes, matando as ervas, mas também dizimando os peixes.
Dentro desse contexto, a Diretoria da Fundação Rio Tocantins – Memorial do Pescador, tem realizado seminários com pescadores e ribeirinhos, além de visitas e palestras orientando-os da necessidade de preservar o rio que, além de fonte de vida, é também de onde eles tiram o sustento de suas famílias.
A Fundação Rio Tocantins orienta também para que eles não pesquem na época da piracema e nem em locais de procriação como os lagos. Outra recomendação é a não utilização de redes de arrasto, que chega a dizimar um cardume inteiro. Os diretores da fundação entendem que somente desta maneira podemos preservar o rio Tocantins e seus afluentes. (Domingos Cezar)
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