Ao longo da expansão urbana de Imperatriz, é interessante observar que cada rua ou avenida teve a sua participação como sendo "pioneira" em alguma atividade, o que significa afirmar, que uma marca ficou registrada para a história, embora praticamente não exista na memória das pessoas ou nos arquivos de um museu histórico porque isso nada significa para a classe política, em especial para a Câmara de Vereadores. Ainda assim esses marcos históricos desafiam o tempo e servem como exemplo de que nada impossível quando a afinidade do trabalho e determinação, aliados de pioneiros e migrantes, ousou projetar o futuro de Imperatriz em um tempo adverso em que praticamente não se podia acreditar quase nada, e muito menos em uma rua esburacada e cheia de lama como era a Rua Rio Grande do Norte em seus primeiros dias. Não é de estranhar, pois que a própria cidade, em seu todo, tenha vivido o mesmo fenômeno e vencido os mesmos obstáculos e desafios que a história reputa ao progresso e desenvolvimento de Imperatriz em todas as áreas e atividades em que a presença do homem deixa marcas profundas em decorrência de sua capacidade de produzir o novo, mesmo em situações adversas, conforme ocorreu e continua ocorrendo na Rua Rio Grande do Norte, e esta é a sua história.

Wilton Alves

Nos primeiros anos da década de 60, a Rua Rio Grande do Norte não passava de "meia dúzia" de casebres sem qualquer perspectiva de crescimento ou melhoria urbana. Grandes poças d'água no período das chuvas e imenso areal no verão pareciam desafios intransponíveis para que ela acompanhasse a evolução das ruas até então existentes conforme o planejamento do prefeito Mundico Barros. No entanto, também ela, assim como a própria cidade, estava predestinada a dar uma contribuição imensurável à evolução urbana de Imperatriz, inclusive com dimensões pioneiras que sequer eram discutidas naquele período.
De grande relevância para a cidade, e sobretudo para a Rua Rio Grande do Norte, foi a construção - muito modesta - de um templo evangélico com paredes de taipas mas de suma importância social. Trata-se do segundo templo da Igreja Evangélica Assembléia de Deus denominado como Congregação Canaã, edificado em Imperatriz. Foi um passo gigantesco, não apenas do ponto espiritual, mas especialmente em relação ao desenvolvimento social de toda uma região, que fez surgir novos pontos comerciais e investimentos na área da construção civil, pois dezenas de novas moradias foram edificadas em razão da igreja.
Possivelmente este tenha sido o primeiro passo de um trabalho pioneiro na Rua Rio grande do Norte na década de 60, com uma projeção extraordinária para a década de 70, os anos que haveriam de transformar a própria história da rua.
No final dos anos 60 não faltaram pessoas que afirmassem ser a Rua Rio Grande do Norte apenas "uma rua comprida e mal acabada". De fato poderia ser realmente mal acabada em razão da ausência de serviços urbanos, mas a predestinação do pioneirismo haveria de calar e tornar silenciosa a voz dos céticos. Assim nos primeiros anos da década de 70, duas importantes obras, que hoje são colocadas no ostracismo da história estavam em andamento e mudariam qualquer conceito pejorativo até então existente.
Se por um lado estava sendo construída a primeira agência da Caixa Econômica Federal, com ela o desafio de moradias para funcionários que viriam para a cidade. A solução foi rápida e pioneira: A construção do primeiro conjunto habitacional de Imperatriz, com poucas casas, mas era um conjunto habitacional e em um local considerado impróprio, sem via de acesso, inclusive pela própria Rua Rio Grande do Norte (o acesso se dava pela Rua Ceará). O conjunto está localizado nos "fundos" do atual condomínio Minas de Prata. Por outro lado, estavam sendo feitas as fundações para abrigar as modernas instalações da TELMA - Telecomunicações do Maranhão S.A., que deixaria as acanhadas instalações do então existente Posto Telefônico para cumprir as mais profundas mudanças no setor das telecomunicações da cidade.

Valor imobiliário
Nesse conjunto de ações realizado por migrantes e pioneiros, a cidade conheceu um novo período de valorização imobiliária, inclusive com a demolição do antigo templo da Congregação Canaã para a construção de um novo com padrões modernos da construção civil. Enquanto isso, com fundações excepcionais para suportar vários andares, o novo prédio da TELMA dava uma contribuição imensa não apenas à valorização imobiliária, mas também em relação ao desenvolvimento urbano de Imperatriz.
Todos esses aspectos entrelaçados resultaram em melhor qualidade de vida, haja vista que houve também uma melhoria em relação ao desenvolvimento urbanístico de toda a região, muito embora continuassem os desafios de acesso à rua após o seu cruzamento com a Avenida Bernardo Sayão, sem no entanto deixar de exercer forte influência para que a valorização imobiliária atingisse níveis poucos esperados para o período, até mesmo porque a parte central da rua, no trecho compreendido entre as ruas Dorgival Pinheiro e Benedito Leite, já era disputado por investidores daquele período.
O improvável de fato estava acontecendo, que era uma valorização imobiliária a partir de novos investimentos, inclusive nas áreas comercial e prestação de serviços. Improvável porque no período a rua era intransitável e não oferecia as mínimas condições para o crescimento urbano na área central da cidade, muito menos nos sentidos do bairro Bacuri ou da Nova Imperatriz.
Ainda assim a década de 70 e o início dos anos 80 demonstravam que o desenvolvimento de Imperatriz era irreversível, e a Rua Rio Grande do Norte já se constituía em plena ligação do centro da cidade com a emergente e importante Nova Imperatriz, inclusive contribuindo com a valorização imobiliária de um dos setores mais destacados da área urbana, que é o setor Juçara, onde novas e modernas construções eram edificadas e assim refletindo a importância da rua para todo o setor.

Rio Grande do Norte

Sendo um dos menores estados brasileiros, com apenas 53.015 Km2, o Rio Grande do Norte, praticamente como todo o Nordeste, é marcado por grandes contrastes culturais, econômicos e sociais, principalmente quando se observa o seu litoral e o interior, frequentemente castigado por longos períodos de secas, o que sempre resultado em um recrudescimento da corrente migratória, uma vez que no interior, além das condições precárias de vida, a ausência de uma educação de qualidade, saúde pública e outros serviços básicos e essenciais à sobrevivência humana, acabam levando a população do interior para a periferia das grandes cidades.
É considerado também como contraste porque se o interior é castigado por intempéries da natureza, o litoral é um dos mais belos do País, inclusive sendo o turismo uma das maiores e mais importantes fontes da economia potiguar.
Poucos municípios se distinguem quanto à economia e qualidade de vida, e um deles é Mossoró, o maior produtor de sal do Brasil. Porém a economia potiguar se fortalece também com uma expressiva extração de gesso e uma produção razoável de algodão, além de cana de açúcar e agricultura de subsistência no mesmo nível da reserva bovina, em especial na região sob influência de Mossoró, onde mananciais de água evitam as tragédias provocadas pela ausência de chuvas no Estado, à exceção do litoral.
Historicamente as grandes massas migratórias do Rio Grande do Norte continuam sendo em direção ao Sul do País, mormente a cidade de São Paulo, mas isso não significa afirmar que elas não vieram também para o Maranhão, em destaque para Imperatriz, onde criaram raízes e continuam contribuindo com o desenvolvimento da cidade.