Em síntese, nenhum município maranhense pode apresentar os mesmos fenômenos que Imperatriz ao longo do seu desenvolvimento, particularmente quando se trata da integração urbana da cidade. Assim os anos 70 demonstraram que o crescimento e desenvolvimento, como fenômeno, se deu em razão de um aspecto "improvável" para o período: o encontro da Transbrasiliana com o princípio histórico de Imperatriz, aqui representado pela atual Rua Frei Manoel Procópio, ou para os saudosistas, o Rio Tocantins. Nessa interligação, o encontro de duas frentes de trabalho, ou seja, do crescimento urbano, se encontra a Rua Paraíba como um marco da expansão da cidade, que se por um lado vicejavam o Jardim Três Poderes e a Nova Imperatriz, por outro surgiam novos bairros tão importantes quanto, como são os casos da Vila Lobão, Vila Nova e Maranhão Novo. Nesses anos 70 Imperatriz começa a assumir ares de cidade grande, período em que mais uma vez pioneiros e migrantes haveriam de contribuir com a evolução urbana assim como nos aspectos sociais, culturais e econômicos. No contexto, a cada vez maior participação da construção civil, além da própria cidade alcançar a sua vocação em três das mais importantes áreas econômicas: a comercial, industrial e prestação de serviços. A Rua Paraíba é este elo de ligação.
Wilton Alves
Não resta a menor dúvida de que a Rua Paraíba seja mesmo um fenômeno para o desenvolvimento de Imperatriz, mas é preciso ressaltar que a importância do processo imigratório foi fundamental para consolidar o processo migratório em questão. A Rua Paraíba, como resultado de um fenômeno histórico, atraiu para si investimentos em todos os setores da economia do município, mas nenhum deles alcançou a importância dos grandes armazéns que deu a Imperatriz o título de maior centro atacadista, possivelmente, de todo o Nordeste.
Em razão desse fenômeno Imperatriz passou a ter uma população flutuante das mais expressivas, o que resultou em investimentos maiores na prestação de serviços, e daí, no crescimento horizontal e vertical da Rua Paraíba para atender este mercado cada vez mais importante para a economia do município. No contexto é possível observar que até mesmo estados vizinhos como o Pará e Tocantins passaram a fazer parte do histórico econômico de Imperatriz, o que significa também que o desenvolvimento se dá de forma plenamente planejada e com resultados auspiciosos em decorrência dessa "globalização" praticada.
No aspecto regional a Rua Paraíba se constitui em uma excelente "vitrine" para grandes negócios em todas as áreas econômicas da cidade. Esta referência do centro regional tornou possível a expansão urbana, em especial em relação aos setores Juçara e Nova Imperatriz, o que significa afirmar que também o setor habitacional foi privilegiado com grandes investimentos, e em consequência contribuindo, e muito, com a economia resultante da construção civil.
Histórico - É difícil imaginar que no início dos anos 70 a Rua Paraíba era intrafegável, carente de investimentos e com uma tímida valorização imobiliária, visto que eram poucos, ou quase nada, os investimentos na melhoria urbana. Apenas um pequeno trecho neste período contava com asfalto, e mesmo assim sem qualidade, o que resultava em grandes buracos e tornava o trânsito de veículos um enorme desafio, sobretudo na direção dos setores Juçara, Jardim Três Poderes e Nova Imperatriz, os que mais se destacavam no período quando o assunto era a construção civil e os efeitos dela correntes, como a implantação de novas empresas no "centro" da cidade voltadas para os materiais de construção e acabamento.
Não sem surpresa, portanto, que a Rua Paraíba tivesse sido a responsável pelo surgimento de um setor atacadista com influência em várias ruas a ela adjacentes, uma vez que mesmo sem planejamento, a cidade crescia "setorizada", um fenômeno que se repetiu em vários outros setores urbanos de Imperatriz, como Mercadinho, Rua Ceará e Entroncamento.
Se fosse possível retornar aos anos 60, poder-se-ía afirmar que a Rua Paraíba seria um contraste em relação ao desenvolvimento da cidade, pois não havia qualquer perspectiva que pudesse apontar para a rua de hoje, considerando-se principalmente o fenômeno da integração entre a cidade velha e a cidade nova. Surpreende qualquer análise ou síntese quando se observa também as grandes mudanças que ocorreram a partir dos anos 70 e a citada "vitrine" que a identifica em todas as atividades do município, sejam nas áreas culturais, sociais, econômicas ou de desenvolvimento urbano a partir de uma nova concepção da construção civil e da prestação de serviços hora existentes.
Paraíba - Em se tratando de Nordeste, o Estado da Paraíba pouco se difere dos demais estados. Com uma área de 565.372 Km2, a cidade mais importante é João Pessoa, sua capital, mas com outros municípios relevantes para o seu desenvolvimento, como Campina Grande, Patos, Cajazeiras, Itabaiana e Cabedela. 66% do seu território está entre 300 e 900 metros de altitude em relação ao nível do mar, e o restante está abaixo dos 300 metros. O Planalto de Borborema é a região mais seca do estado, que apesar das adversidades, tem expressiva produção de mandioca, cana de açúcar e algodão. No entanto, a agave é a principal cultura de exportação, e hoje, praticamente como cultura de subsistência, a batata-doce, feijão, banana e milho, com as produções prejudicadas devido a longos tempos de estiagem nas regiões produtoras.
Esta é a base da economia paraibana, além do turismo na área litorânea e o Estado ser o segundo produtor nacional de sisal. É importante também observar o interior a partir de Campina Grande, uma das maiores referências do Nordeste em relação ao ensino superior, assim como por pequenas e médias indústrias que asseguram vários aspectos e setores da economia paraibana.
Uma das maiores contribuições da Paraíba, no entanto, quando o assunto é o desenvolvimento de Imperatriz, é o processo migratório, pessoas que deixavam a terra nativa em busca de novos horizontes, de novas oportunidades de trabalho sem as adversidades da seca que sempre castigaram o sertão nordestino, além de uma vocação natural para novos empreendimentos onde quer que surjam e portas lhe sejam abertas. Assim foi com migrante João de Brito Lira, que ficou conhecido em Imperatriz como João Paraibano, quando trouxe para a cidade uma visão empresarial pouco comum, que era a de acreditar no "nada" e no "impossível" dos primeiros anos de desenvolvimento da cidade.
Crescimento econômico - Vencidos os primeiros desafios urbanos existentes nos primeiros anos da década de 70, uma rotina na vida de Imperatriz, a Rua Paraíba passou a receber investimentos, de tal maneira, que acabou se transformando na maior referência do mercado atacadista do Nordeste, além de exercer forte influência para que outras ruas seguissem o mesmo caminho.
O crescimento econômico, no entanto, não ficou restrito apenas ao mercado atacadista; com o desenvolvimento urbano da cidade e principalmente da população flutuante, vários investimentos oram realizados para atender este importante mercado, inclusive na projeção de possibilitar a realização em Imperatriz de grandes congressos, seminários e palestras as mais relevantes, assim como um suporte indispensável para a exploração das potencialidades turísticas da região.
Hoje, mesmo para o observador comum, a Rua Paraíba pode ser vista como um grande centro comercial e de prestação de serviços, além de se constituir em uma alternativa viável de investimentos imobiliários, como vem acontecendo nos últimos anos em razão também do crescimento da cidade no sentido vertical em que ela foi uma das pioneiras. Há de se considerar ainda que foi a partir da Rua Paraíba que a prestação de serviços se tornou mais esmerada, uma vez que a população flutuante se tornou mais exigente visto tratar-se, em sua maioria, de empresários e investidores do sul do País em busca de novos mercados, de alternativas promissoras como as de Imperatriz.
Historicamente se pode afirmar que foram os anos 80 e 90 que consolidaram a vocação econômica de Imperatriz nestas áreas após a transição de ciclos marcantes como o do arroz, da madeira e da especulação imobiliária durante o período de influência do garimpo de Serra Pelada. Isso significa dizer que os valores transitórios foram substituídos por uma economia estável que acima de tudo consolida o progresso e o desenvolvimento da Imperatriz de hoje.
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