Até os primeiros anos da década de 70 não era possível imaginar o desenvolvimento urbano de Imperatriz a partir das ruas transversais tomando-se por eixo a Avenida Getúlio Vargas, e isso porque até esse período apenas poucas ruas estavam sendo privilegiadas com melhorias que pudessem representar melhor qualidade de vida para a população. No entanto, é preciso lembrar que os investimentos feitos no perímetro central estavam influenciando, e muito, a evolução das demais ruas, em especial no sentido da Avenida Bernardo Sayão, e no sentido Bacuri, até a Rua Aquiles Lisboa. Verdade é que também a Transbrasiliana (BR 010) começava a exercer forte pressão sobre o "centro" da cidade para que o desenvolvimento urbano não ficasse restrito a poucas e limitadas ruas. Se por um lado a iniciativa privada contribuísse para acelerar este processo, por outro começavam a chegar investimentos públicos que viriam mudar o histórico, não apenas da Rua Pernambuco, mas de toda a cidade, pois em uma mesma visão estavam sendo alimentados, com forte expressão, os setores que completam a cadeia produtiva da construção civil, trazendo com ela também novos investimentos na área da prestação de serviços, e por força de expressão, que Imperatriz poderia desfrutar na primeira praça pública devidamente planejada na área urbana da cidade, que é a Praça Brasil.

Wilton Alves

Não é tarefa fácil conceituar o desenvolvimento urbano de Imperatriz, seus reflexos e a importância econômica para o município, principalmente porque faltam fontes históricas confiáveis, como um museu ou publicações literárias pelas mesmas razões. Raramente a classe política se manifesta sobre o assunto, uma vez que na concepção dos políticos locais a história não rende votos, e muito menos serve como parâmetro para uma avaliação eminentemente cultural, pois a ênfase, em todos os tempos, esteve voltada para as atividades musicais (com ressalvas) e um folclore que valoriza muito mais a capital do estado do que as manifestações culturais decorrentes do processo migratório.
Ainda assim, a Rua Pernambuco projetou-se em direção ao futuro movida por investimentos e a participação de migrantes a desenvolver um trabalho de valorização e consolidação urbana da cidade, assim como de suas atividades empresariais e econômicas. Este conjunto de ações resultou a partir da segunda metade da década de 70 praticamente em uma "cidade nova" a considerar as edificações que estavam sendo feitas, mas considerando-se construções antigas de pioneiros que deram início a este novo conceito de valorização urbana, não como despesa, mas como investimentos que viriam inclusive modernizar a antiga Rua Pernambuco tomada pelo mato e buracos que dificultavam o emergente tráfego de veículos na cidade.

Valorização urbana
No vocabulário local no início da década de 70, "comprava-se um imóvel no centro da cidade a preço de banana". Para os céticos, isso significava tão somente o atraso de Imperatriz em relação ao futuro. Para migrantes e pioneiros a perspectiva de novos investimentos, uma projeção que venceria todos os desafios impostos pela precariedade urbana do período. O mais importante, nesta visão, era acreditar nas potencialidades de Imperatriz, que a olhos vistos, confirmava a sua vocação de tornar-se o município das oportunidades, e fundamentalmente o polo irradiador do desenvolvimento econômico da região.
É interessante notar que exatamente no período do "preço de banana", a Caixa Econômica Federal instala-se em Imperatriz, na Rua Pernambuco, onde o migrante empresário e investidor Juracy Souza (Baiano) já era proprietário de vários imóveis e buscava valorizá-los por meio de novas e modernas edificações. Assim no transcurso da década de 70, a cidade passou a contar com vários investimentos em todas as áreas de sua economia, destacando-se em muitos casos a prestação de serviços que sempre acompanhou o desenvolvimento urbano da cidade.
Outro fenômeno identificado na valorização urbana na Rua Pernambuco foi resultado natural do mercado imobiliário em relação a uma procura mais expressiva que a oferta, o que resultou também na modernização de muitos aspectos da construção civil, que seguindo a tendência de vários outros setores da cidade, começou a crescer na vertical, o que implica, sem a menor dúvida, em uma valorização urbana sem ingerências especulativas, isto é, com valores reais de mercado conforme a oferta e procura, que afinal de contas regula os mecanismos econômicos e financeiros desta área.
Se por um lado era difícil acreditar na valorização urbana da Rua Pernambuco em razão de sua precariedade, por outro ficou constatado que ações do poder público naquele período, em muito contribuiu para que ela se constituísse em uma referência para novos investimentos, como de fato aconteceu principalmente depois que a Caixa Econômica Federal foi inaugurada e se transformou em um marco para novos investimentos na cidade, em especial na construção civil, que como consequência, também na área da prestação de serviços.
Pernambuco
Como todos os estados nordestinos, não fosse a seca a castigar o sertão, Pernambuco poderia ser incluído entre os principais estados do sul do País, pois além de ter uma economia sólida movida por pequenas indústrias, possui expressiva produção da cana-de-açúcar e extração de minérios importantes como cimento, calcário, gesso e sobretudo a fosforita. Na área industrial a relevância é para o setor químico e têxtil, que movimentam a economia do estado.
Recife, a capital de Pernambuco, é considerada a Veneza brasileira, isto porque o Rio Capibaribe e seus imensos canais dividem a cidade em várias "ilhas", sendo, portanto a única cidade brasileira com estas características. O Estado pode ser dividido em três regiões, a Zona da Mata (planalto de Borborema), baixada litorânea e depressão sertaneja, formando os 98.281 km² do seu território onde estão inseridas suas principais cidades: Olinda, Caruaru, Goiana, Arcoverde, Pesqueira, Garanhuns, Limoeira e Timbaúba.
A famosa feira de Caruaru é também conhecida nos versos do compositor Onildo de Almeida e imortalizada na voz de Luís Gonzaga, mesmo com uma fantástica hipérbole: "o que há a venda no mundo, tem na feira de Caruaru". Isso significa também que Pernambuco baseia a sua economia no artesanato, mas conta ainda com a expressiva contribuição do turismo, principalmente no litoral, além de festas juninas e carnaval nas cidades de Recife e Olinda, que estão entre as mais concorridas do País, e isso é significativo para a economia do Estado.

Reflexos do urbanismo
Por analogia, pode-se afirmar que a Rua Pernambuco a partir da segunda metade da década de 70, havia se transformado em uma espécie de pulmão do desenvolvimento de Imperatriz. No contexto dos investimentos realizados, além da Caixa Econômica Federal, nela foi instalado um dos principais centros de ensino do período, o Centro Educacional São Francisco de Assis (CESFA); expressivos estabelecimentos comerciais e uma nova dimensão na área da construção civil, inclusive impulsionando o crescimento e desenvolvimento da Rua Pernambuco, em especial no sentido do bairro Nova Imperatriz, mas de forma excepcional, também no sentido vertical.
Para analistas de mercado, o maior reflexo na Rua Pernambuco em razão do urbanismo realizado, foi uma valorização imobiliária das mais expressivas, e o que era o "preço de banana", mesmo sem qualquer manifestação especulativa, passou a ter valor real muito maior em relação a muitas ruas do centro da cidade, inclusive em razão de edificações residenciais de acordo com as exigências do próprio mercado da construção civil.
 

Contribuição pernambucana
É evidente que foram muitas as contribuições dos pernambucanos em relação a Imperatriz, mas dentre as correntes migratórias, é fundamental destacar a influência cultural, que até os dias de hoje, é manifesta nas tradições da cidade, em especial com relação às festas juninas, carnaval, música e outras manifestações culturais ensejando uma diversificação extraordinária para o desenvolvimento dessas atividades em Imperatriz e na região.