Para um observador atento à história de Imperatriz, o desenvolvimento urbano não foi consequência dos diversos ciclos econômicos que marcaram o crescimento da cidade, mas de um fenômeno caracterizado pela necessidade de se criar um "ponto de partida" que pudesse atender, ou preencher, todos os espaços vazios da região tocantina. Imperatriz era e continua sendo o eixo de ligação que possibilita um planejamento adequado que viabiliza concretamente todas as potencialidades da região em seus mais diversos setores econômicos, desde a agricultura, atividades pastoris, industriais, comerciais e prestação de serviços, inclusive fornecendo mão-de-obra qualificada a todas essas atividades que movem a economia da cidade e região. Em sendo assim, por analogia pode-se entender que a cidade teve seus próprios ciclos para que o desenvolvimento urbano fosse alcançado. Dentre muitos, considerando-se o progresso migratório, que houve uma grande diversificação das atividades e investimentos econômicos levados a efeito quando se tem por parâmetro a Rua Alagoas, onde certamente o setor imobiliário teria a mesma importância no processo do desenvolvimento urbano, assim como haveria, como de fato houve, uma imensa contribuição dos investidores no aspecto que envolve a diversificação como fator para uma melhor qualidade de vida, e é evidente, também nesse processo, a presença da construção civil e uma particular valorização urbana da própria cidade.
Wilton Alves
No início dos anos 60, com o asfaltamento da Transbrasiliana concluído e a abertura da BR 14 (atual Rua Dorgival Pinheiro), a Rua Alagoas de forma natural acabou se constituindo em uma das melhores alternativas para o setor residencial da cidade, e de acordo com o vocabulário da época, "ela estava perto de tudo e não era bom morar longe do comércio". Em síntese, isso significa que o crescimento de Imperatriz, embora marcado pelas adversidades e faltasse investimentos públicos na área urbana, se dava de forma ordenada e com perspectivas de transformar o "centro" da cidade no modelo planejado por Mundico Barros.
No entanto, outro aspecto importante e de forma natural marcou o desenvolvimento urbano de Imperatriz. Para entender a dimensão desse "fenômeno", é preciso observar que a cidade sempre esteve setorizada em suas atividades, conforme pode ser visto ao longo dos anos: quando a cidade rompeu os limites da Rua de Fora (atual Rua Godofredo Viana), a emergente vida noturna de Imperatriz ficou "confinada" na cidade velha; enquanto isso o comércio varejista ganhava forma e importância a partir da Praça de Fátima.
A setorização ganhou maior expressividade, em especial na área econômica, na região hoje conhecida como "mercadinho", onde está concentrado o comércio atacadista, considerando-se ainda o processo de setorização com a região do entroncamento, que se no passado foi o "embrião" das concessionárias de veículos, hoje é uma referência regional na área do comércio de autopeças.
Alagoas - Marechal Deodoro, Pilar, Palmeira dos Índios, Atalaia e Arapiraca são as principais cidades do interior alagoano. A capital do Estado, a cidade de Maceió, é considerada uma das mais importantes do nordeste e do País, principalmente por ser uma das unidades da federação de maior densidade demográfica do Brasil.
No norte de Alagoas destaca-se uma estreita faixa do Agreste com suas culturas típicas como o algodão, agave, café, banana, mandioca e cana-de-açúcar, sendo esta última a responsável por uma expressiva produção de rapadura e aguardente. Enquanto isso, na região de Arapiraca destaca-se de fumo, e a extensiva criação de bovinos, caprinos e ovinos, localiza-se a 30 km do litoral. A produção industrial do Estado é quase restrita à presença de açúcar, na zona da Mata, e ao beneficiamento de algodão e agave no Agreste, além de algumas fábricas de tecidos em Maceió e Delmiro Gouveia. Os recursos energéticos, contudo, são vastos, proporcionados pela Usina Hidroelétrica de Paulo Afonso, no rio São Francisco, nos limites do estado da Bahia, e pelos campos petrolíferos descobertos a partir da década de 40, principalmente na região de Ponta Verde, nas proximidades de Maceió.
O estado de Alagoas, mesmo sofrendo todas as dificuldades como dos demais estados nordestinos, possui um extraordinário potencial turístico em seu litoral, o que resulta em uma atividade econômica das mais promissoras, embora careça, como toda a região do nordeste, de incentivos e investimentos públicos, em especial do governo federal, que contribui com a institucionalização da indústria da seca para desvios de verbas destinada ao interior de Alagoas, um estado relativamente pequeno, com apenas 27.652 km².
Progresso migratório - Historicamente pode-se conceituar que o progresso migratório se deu em duas fases distintas, sendo a primeira na formação do povoado de Santa Tereza e posteriormente Vila da Imperatriz, e a segunda a partir da abertura da BR 14, período em que a cidade conheceu o maior fluxo de migrantes em toda a sua trajetória de desenvolvimento urbano, mas também em relação aos aspectos sócio-culturais, pois foi a partir desse período que vieram para Imperatriz os mais destacados profissionais em todas as áreas, inclusive a área médica, com a participação expressiva de migrantes alagoanos.
Duas décadas foram extremamente importantes nesse progresso, que foram as décadas de 60 e 70, a partir de então a transformar a Rua Alagoas em um verdadeiro arcabouço de migrantes de todas as regiões do País, e com eles uma valorização imobiliária sem precedentes, visto que importantes investimentos foram feitos, tanto no aspecto da construção civil quanto no surgimento de novos estabelecimentos comerciais. No entanto, a Rua Alagoas, em quase toda a sua extensão, notabilizou-se como alternativa residencial, principalmente no trecho compreendido entre as ruas Antonio de Miranda e Avenida Bernardo Sayão.
Contudo foi nos anos 80 e 90 que a Rua Alagoas recebeu seus maiores e melhores investimentos sobressaindo-se o setor comercial e a prestação de serviços, o que determina também novos investimentos e modernização da construção civil, que continua atraindo cada vez mais migrantes para a cidade e região, constatando-se assim, além da melhoria da qualidade de vida, uma expressiva geração de emprego e renda a determinar inúmeros valores em relação ao crescimento econômico da cidade.
Projeção econômica - Embora os ciclos econômicos de Imperatriz estivessem relacionados apenas ao seu próprio desenvolvimento social, cultural e urbano, sempre havia um questionamento sobre a validade ou não de uma projeção econômica para a cidade, e isso porque em cada rua ou avenida havia também investimentos, de formas diversificadas, demonstrando que qualquer projeção não passaria de mera especulação, como é o caso da Rua Alagoas, onde se caracteriza as potencialidades de Imperatriz em todas as áreas de sua economia.
Em sendo assim, é possível entender que Imperatriz superou desafios e adversidades em razão de sua própria existência, do trabalho desenvolvido por pioneiros e migrantes que tiveram a visão de fazer das barrancas do Tocantins um centro irradiador de progresso e desenvolvimento para toda a região.
Na verdade, todas essas perspectivas estão relacionadas entre si, mas é preciso destacar a Rua Alagoas em vários sentidos: no conceito de centro da cidade, destacam-se importantes empreendimentos comerciais e de prestação de serviços, que vão desde a Rua Dorgival Pinheiro até a Rodovia Transbrasiliana (BR 010), e no sentido da Avenida Bernardo Sayão, um dos setores imobiliários mais valorizados de Imperatriz, que é parte do Jardim Três Poderes, onde a construção civil deixou de ser apenas um fator de contribuição com a economia local para constituir-se na maior e mais importante indústria da cidade, inclusive na geração de emprego e renda.
Por todas essas razões, pode-se afirmar que a Rua Alagoas não é apenas uma projeção econômica, mas o reflexo de uma economia sólida, estruturada em valores permanentes de trabalho e investimentos que consolidam Imperatriz como a mais autêntica capital do interior do Estado.
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