Definir um histórico de Imperatriz a partir de um paralelo entre o seu passado e o tempo hodierno é uma tarefa das mais difíceis, pois cidade, em todos os períodos, apresenta-se com desafios, superações e conquistas imensuráveis em todas as áreas que envolvem as atividades do homem, tanto de pioneiros quanto de migrantes e imigrantes, o que sempre resulta em novos conceitos sobre o seu desenvolvimento, seja urbano, social ou econômico, que afinal de contas, se entrelaçam e passam a se constituir em uma única visão quando o assunto é o futuro, a construção de uma cidade sonhada desde os primeiros dias a partir de sua fundação. Sob a ótica desse princípio é que se pode afirmar a respeito dessa mistura de pioneiros, migrantes e imigrantes, pois ela é a responsável pela pluridade cultural que mostra Imperatriz renovando-se a cada dia, em todos os setores e segmentos da sociedade, para moldar-se ao mundo e ao tempo moderno que exigem mudanças permanentes para evitar o atraso, e ainda para compensar a ausência de ações de poder público em relação ao progresso e desenvolvimento da cidade. No contexto, a Rua Sergipe simplifica esse paralelo existente que aproxima passado e futuro, mas que não se encontravam porque a própria história é dinâmica e a cada dia escreve um novo capítulo da vida, projeções e capacidade de trabalho que sempre mostraram Imperatriz como a cidade das grandes oportunidades.
Wilton Alves
É possível que nenhuma outra rua em Imperatriz seja tão emblemática como a Sergipe. De um pequeno trecho entre a Rua Antonio Miranda e a Rodovia Transbrasiliana (atual BR 010), já que o restante do seu traçado no sentido da Avenida Bernardo Sayão não passava de um imenso matagal sem qualquer valor imobiliário, alguns investimentos eram feitos apenas na região da BR 010, porque ali estava localizada também a rodoviária da cidade, o que significava, no início dos anos 70, que a cidade terminaria ali, e não foi isso o que aconteceu.
Um dos investimentos feitos foi a instalação de uma grande distribuidora de bebidas, ao mesmo tempo, sob a influência da BR 010, este trecho da Rua Sergipe transformou-se em alternativa para novos pontos comerciais, e pelas características do período, não haveria desenvolvimento urbano, pois a partir da Rua Antonio Miranda, no sentido Avenida Bernardo Sayão, não havia qualquer possibilidade de novas edificações, em especial quando o assunto era em relação a novos investimentos residenciais. E assim foi até o início dos anos 70.
Espinha dorsal - Considerando-se o desenvolvimento urbano de Imperatriz a partir da Avenida Getúlio Vargas, literalmente a espinha dorsal da cidade no início dos anos 70, torna-se possível compreender a gama de investimentos empresariais, não apenas do emergente Entroncamento, mas de toda a região, inclusive parte da Rua Sergipe, onde se destacavam alternativas para o surgimento de novas empresas comerciais e a consequente valorização econômica, em especial na área da construção civil.
É interessante observar que no "miolo" da região o desenvolvimento urbano avançava a olhos vistos, mas sempre havia um limite para a expansão, que era a Rua Antonio Miranda. A partir daquela referência, a Rua Sergipe era intrafegável e levando à constatação de que ela só existia mesmo no traçado feito por Mundico Barros e sem qualquer perspectiva de valorização urbana... Até o início da década de 70, quando então a cidade volta a ser "planejada" via empreendimentos imobiliários que proporcionaram o lançamento de vários setores residenciais que deram sequência à expansão urbana da cidade mesmo com os desafios e adversidades do período.
Se por um lado havia o recrudescimento de uma "cidade nova" no sentido do Entroncamento, e no conceito sócio-cultural no início dos anos 70 era "chique" morar no centro da cidade, por outro começava a surgir o problema de novas moradias, já que o setor central se caracterizava por investimentos, em sua maioria, apenas na área comercial, e isso significava buscar novas alternativas, novos núcleos residenciais para atender uma demanda que não parava de crescer. Nesse contexto a Rua Sergipe acabou se constituindo em uma das maiores e melhores opções para investimentos da construção em novas residências, assim Omo fomento a novos loteamentos uma valorização imobiliária que sempre foi evidente em todos os aspectos e setores da economia de Imperatriz.
Sergipe - Por interesse meramente político para que fosse institucionalizada no Nordeste a indústria da seca e da fome, o mais hediondo sistema de desvio de recursos públicos registrado pela história brasileira, a região sofreu mudanças geográficas profundas: o Maranhão, que fazia parte da Região Norte, foi incorporado ao Nordeste, assim como a Baía, que era Região Leste, também foi incorporada, ocasionando um fenômeno que só existe no Brasil: o País não tem uma Região Leste, e muito menos uma Região Oeste.
Sergipe era a fronteira natural do Nordeste, apesar de ser o menor estado da federação, com apenas 21.944 km². Ainda assim com as mesmas características sócio-culturais de toda a região. A mudança geográfica foi um verdadeiro estupro na história e nas tradições nordestinas, mas não deixou de ser um avanço nas negociatas escusas dos políticos brasileiros, em especial os próprios representantes nordestinos no Congresso Nacional.
Aracaju, a capital, é o município mais importante, e entre as mais de 80 cidades do Estado, destacam-se Itabaiana, Estância, Propriá e São Cristóvão, além de um litoral exuberante que atrai turistas inclusive do exterior, constituindo-se em notável parte da economia sergipana, pois a produção fabril é escassa, limitando-se à fabricação de tecidos e de alimentos. No entanto, assim como todo o Nordeste, Sergipe produz milho, cana, arroz, algodão, fumo e feijão, além de ser o terceiro produtor nacional de coco, assim como a mandioca, principal produto quanto ao valor de produção; nos dias atuais Sergipe se destaca pela produção de laranja, inclusive exportando-a para vários estados brasileiros, entre eles o Maranhão.
De vital importância econômica, é preciso lembrar que a região Nordeste moderna, em especial onde há água, está produzindo e exportando frutos como a manga, melão, mamão e ata, mas também uvas, chegando mesmo a produzir vinhos de qualidade que também são exportados. Em síntese, é o trabalho nordestino vencendo a indústria da seca e da fome, além de representar, com expressividade, o maior sistema migratório do País.
Revolução urbana - Nos primeiros anos da década de 70 a expansão urbana de Imperatriz estava vencendo a fronteira da BR 010, e a própria Transbrasiliana, tanto no sentido de Belém quanto de Brasília, estava recebendo investimentos notáveis na área comercial, mas muito mais ainda na área industrial com a instalação de grandes madeireiras e beneficiamento do óleo de babaçu. Este fenômeno passou a fomentar a expansão urbana da cidade para solucionar a procura por novas e melhores moradias, e não foi por acaso que a Rua Sergipe veio para provocar essa revolução urbana, em síntese, por haver se tornado um ponto de convergência entre o comercial e o residencial da cidade nova que estava sendo trabalhada.
Assim, na metade da década de 70, a Rua Sergipe rompe a fronteira da Rua Antonio Miranda e alcança a Avenida Bernardo Sayão com um novo perfil urbanístico, sobremaneira em razão das novas construções que estavam sendo edificadas no emergente Jardim Três Poderes. Investimentos foram feitos em diversas áreas, inclusive pelo poder público do município, que a partir deste período passou a orientar e determinar a expansão urbana de forma ordenada, o que resultou na alternativa pretendida de atender a grande demanda por mais e melhores moradias.
A Rua Sergipe tornou-se moderna, mas não foi obra do acaso, devendo-se ressaltar a importância da construção civil, e também a visão de empreendedores que atuaram nessa modernização que permitiu à rua abrigar expressivo comércio, templos religiosos e ainda na área da prestação de serviços em todo o seu trajeto, inclusive nos dias de hoje se constituindo em uma referência da própria cidade de Imperatriz.
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