Se a história de Imperatriz começa com a chegada do migrante Amaro Bandeira e a sua fazenda Fortaleza e a posterior vinda do frei Manoel Procópio do Coração de Maria, o que ensejou as primeiras casas do povoado onde hoje está localizada a Praça da Metereologia, onde teve início a Rua Grande, depois Rua de Fora, XV de Novembro e atual Rua Frei Manoel Procópio, para o período dos anos seguintes, em especial no século seguinte, no decorrer dos anos 50, a cidade não passaria da Rodovia Transbrasiliana, que no Maranhão é designada BR 010, em apenas um pequeno trecho que vai do riacho Cacau até a Avenida Bernardo Sayão. Esta era também a visão de Mundico Barros quando elaborou o traçado da expansão urbana da cidade, sem considerar que nos muitos ciclos do desenvolvimento de Imperatriz, sempre com problemas sociais imensuráveis, ensejariam o surgimento de vários bairros e vilas a partir desse novo traçado, inclusive por razões meramente de interesse político, a efetivação de invasões que culminaram com uma expansão urbana onde os desafios sociais pareciam não ter limites e assim estariam longe das soluções de um crescimento planejado e organizado que pudessem dar a Imperatriz a concepção de desenvolvimento econômico, social e cultural que são vistos e praticados nos dias de hoje, em especial quando esses aspectos estão relacionados com a valorização imobiliária proporcionada pela construção civil.
Wilton Alves
Quando o presidente Juscelino Kubitschek fez o anúncio da abertura de uma estrada ligando Brasília à cidade de Belém, cujo marco zero se encontra na cidade de Anápolis em uma rotatória que liga a BR 153 (Rodovia Transbrasiliana) e a BR 060 que liga Brasília a Goiânia, passando por Anápolis, foi iniciada uma campanha no sul do País sob o argumento de que era uma estrada desnecessária que não passava em lugar algum para ir a lugar nenhum. Foi diante dessa campanha que o presidente Juscelino fez uma de suas maiores e importantes declarações, que infelizmente se perdeu ao longo do tempo, mas que continua tão atual quanto o fora naqueles dias: INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR.
As razões de Juscelino Kubitschek foram as mesmas que motivaram a União Nacional dos Estudantes (UNE) a uma grande campanha pelo País denunciando os Estados Unidos da América, porque estava pronto e em andamento o projeto de internacionalização da Amazônia, que segue seu curso, nos dias de hoje, com a criação da NAÇÕES e não de RESERVAS INDÍGENAS. É bom lembrar que também a ditadura (regime militar) optou pela mesma atitude de Juscelino ao projetar a Rodovia Transamazônica. A diferença entre as duas é que em 1967 a Belém-Brasília, mesmo sem passar em lugar algum, estava totalmente asfaltada e Imperatriz estava no meio do seu caminho.
Ceticismo
Até a metade da década de 60 a Rodovia Transbrasiliana realmente parecia não ter importância alguma para Imperatriz, uma vez que apenas poucos e ousados pioneiros conseguiam dar crédito a obra tão significativa aos olhos do presidente Juscelino Kubitschek. Caminhoneiros daquele período tinham dia para iniciar uma viagem de Anápolis para Imperatriz ou Belém, mas não tinham data para retornar. Em muitos casos, sobremaneira no período chuvoso, um caminhão chegava a passar mais de uma semana em um único atoleiro, e não foram raros os casos em que uma viagem de ida e volta durasse até trinta dias. Entre esses ousados caminhoneiros estava o jovem Ary Pinho, que não somente acreditou na cidade, como é hoje um dos mais respeitáveis empresários de Imperatriz.
Era difícil acreditar no desenvolvimento urbano e econômico de Imperatriz por causa da rodovia, e por mais cética que fosse a visão daquele período, o asfalto avançava rumo norte e seria tão somente uma questão de tempo a sua chegada à cidade, como já haviam chegado os ônibus do Expresso Braga e do Rápido Marajó, do empresário anapolino Josias Braga. Na poeira desses pioneiros chegavam novos migrantes, e com eles uma nova perspectiva para a expansão urbana da cidade, em especial porque eles não eram aventureiros, como muitas vezes foram chamados, mas investidores que passaram a acreditar nas potencialidades da região que estava sendo desbravada.
Vencendo a incredulidade
Considerando a opinião dos opositores da Rodovia Transbrasiliana em que na época Imperatriz era realmente coisa alguma, Bernardo Sayão não resiste aos argumentos de Mundico Barros e determina a abertura de três pistas na rodovia na área urbana da cidade, onde inclusive seria iniciado o setor Entroncamento e estava localizada a Praça Lino Teixeira, precursora dos maiores e melhores investimentos econômicos que possibilitavam não apenas a expansão urbana da cidade, mas principalmente como fator de incentivo a novos migrantes que chegavam e tinham no local uma alternativa excelente para o setor industrial e comercial da cidade.
Em pouco tempo a incredulidade estava sendo vencida, pois antes mesmo do asfalto chegar, em 1967, a rodovia consolidava Imperatriz como a mais importante referência e ponto de apoio ao sistema de transporte rodoviário fossem de cargas ou de passageiros. O importante é que uma "onda" de progresso e desenvolvimento chegava à cidade e lhe dava uma nova concepção econômica a partir dos investimentos que estavam sendo feitos e proporcionando uma expansão urbana sequer imaginada até mesmo por Mundico Barros.
É bom lembrar que a Praça Lino Teixeira, hoje com o nome de Emiliano de Melo Azevedo, foi planejada a partir das "ilhas" que fariam parte da BR 010 no perímetro urbano, inclusive com a participação do engenheiro Vicente Fitz, e também que na pequena praça foi iniciado um dos mais importantes ciclos econômicos da cidade, como a implantação de uma das primeiras usinas de arroz de Imperatriz, trabalho do empresário Ubirajara Parreira, e ainda em 1967 o surgimento do mercado atacadista pelas mãos do empresário João Batista Mariano Carneiro, sem esquecer que a primeira revenda de veículos da cidade também havia sido instalada na mesma praça, o que motivou na área desse entroncamento o mercado de autopeças. A incredulidade estava vencida.
Notável realidade
Após o asfaltamento da BR 010 em 1967, foi possível constatar que a expansão urbana da cidade estava só no começo, e principalmente que a valorização imobiliária, decorrente de novos e maiores investimentos, daria a Imperatriz uma nova concepção econômica sustentada por grandes empresas, como de fato aconteceu a partir da Praça Lino Teixeira, no passado, para uma notável realidade do presente, visto que na BR 010 hoje estão instaladas praticamente todas as revendas autorizadas de veículos, um parque industrial dos mais expressivos do Estado a considerar que a expansão urbana, há muito, havia ultrapassado os limites anteriormente definidos, isto é, entre o riacho Cacau e o final da terceira pista, no acesso da Avenida Bernardo Sayão.
A partir dos primeiros pioneiros na região do Entroncamento e ao longo da BR 010, entre eles estavam também os empresários Gilberto Francisco de Souza, Pedro Américo de Sales Gomes, João Matioli, Saíd, João Vieira de Jesus, Sebastião Segathe, Gadher, Washington Constante, Júlio Guerra e muitos outros, uma notável transformação ocorreu em Imperatriz em todos os setores e atividades, de forma tal, que a Rodovia Transbrasiliana acabou se constituindo em um espelho da economia regional, em como investimentos que puderam e podem dar suporte ao progresso e desenvolvimento indispensáveis à cidade que não para de crescer.
Assim é possível encontrar ao longo da BR 010 referências de hospedagem, hipermercados, shopping, restaurantes e churrascarias e uma prestação de serviços que vai além de tudo que se havia projetado para a rodovia, hoje com capacidade para atender o crescimento da demanda e de novos mercados, e dar demonstrações inequívocas de que a construção civil vai continuar sendo fator de desenvolvimento econômico da cidade, cujos reflexos certamente deverão atrair novos investidores e migrantes para uma participação cada vez maior no plano de expansão urbana que vence desafios e ultrapassa limites jamais imaginados. Assim é a BR 010, e este é apenas o começo de sua história.
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