Sem engenheiros, sem técnicos, sem licitações e sem burocracia, como em um passo de magia a vencer o desafio da falta de tempo, Mundico Barros conseguiu traçar as principais ruas do centro de Imperatriz. Ele não dispunha de nenhum equipamento técnico e nem precisava; o indispensável era a força de vontade, e principalmente ter vontade e AUTORIDADE para fazer o que foi feito, pois se tratava do interesse coletivo e não de pequenos grupos políticos que atuam sem legitimidade e na ordem inversa dos interesses da cidade. Para melhor compreensão da afirmativa, basta lembrar que o traçado feito por Mundico Barros foi mutilado, onde no contexto se encontra a Rua Monte Castelo, que por omissão e passividade de seus sucessores na Prefeitura, perdeu parte de seu trajeto que foi invadido e dividido em lotes. No entanto essa prática aconteceu e continua a acontecer em muitas outras ruas da cidade, e pelo que se pode entender, assim como ontem, as autoridades políticas continuam cegas, surdas e mudas, pois a prática de invasão de ruas e praças descaracteriza qualquer planejamento urbanístico que se proponha. Se por um lado a invasão mutila o traçado feito por Mundico Barros, por outro macula a própria história da Monte Castelo, pois isso dificulta, e muito, conhecer o seu desenvolvimento, além de deixar dúvidas quando à expansão urbana, uma vez que são poucos os registros e fontes disponíveis, como um museu histórico e geográfico, que hoje simplesmente não existem na cidade.

Wilton Alves

Como não há registro, a única maneira para se entender o desenvolvimento urbano de Imperatriz é pela observação do razoável e do possível para as primeiras décadas pós-fundação da cidade, em especial a partir dos anos 30, quando começaram a surgir novas ruas, sem denominações na época, como a Rua D. Pedro II e D. Pedro I, consequência do surgimento de olarias na Travessa do Sul e grande parte dessas paragens do rio Tocantins onde elas estavam localizadas.
Assim, na época de Mundico Barros para o traçado em direção à Rodovia Transbrasiliana, para algumas ruas, deveria começar na Rua D. Pedro II e outras na emergente Rua Cumaru (atual Leôncio Pires Dourado), que daria início à povoação do atual bairro do Bacuri. Esse aspecto é o razoável diante do possível, que possibilita o entendimento das muitas invasões dessa época, quando a cidade não dispunha de um plano diretor, código de postura, autoridade política ou qualquer outro mecanismo para disciplinar a expansão urbana, mesmo porque no período todo o município de Imperatriz era constituído de terras devolutas da União.
Considerando esta trajetória histórica, pode-se deduzir que a Rua Monte Castelo tem dois momentos para a sua expansão urbana, isto é, antes e depois de Mundico Barros. No primeiro momento, da Rua D. Pedro II até a Rua Coriolano Milhomem, e no segundo, a partir da Rua Leôncio Pires Dourado até a rodovia Transbrasiliana, que é o período de Mundico Barros e das grandes transformações, pois é nesse período que a construção civil começara a se fazer presente com edificações mais modernas.

Primeiro momento
No trecho compreendido da rua D. Pedro II até a Rua Coriolano Milhomem, pouco ou quase nada existia até o final da década de 60, quando o juiz e professor José de Ribamar Fiquene cria a Fundação Marechal Eurico Gaspar Dutra e lhe dá o nome fantasia de Escola Técnica Amaral Raposo, a grande referência educacional do período, inclusive contribuindo, e muito com a expansão urbana da cidade naquele setor, além de atrair no final da década de 70 (1979) a instalação da Faculdade de Educação de Imperatriz (FEI), que por si só deu novo impulso ao crescimento da cidade, em especial para a criação em Imperatriz da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).
Não resta a menor dúvida de que foi nesse período a ocorrência de uma valorização imobiliária, assim como um recrudescimento extraordinário da expansão urbana, cujos reflexos foram também notados na área econômica com o surgimento de pequenos negócios e de prestação de serviços, em especial porque havia a influência da Rua Godofredo Viana, antiga Rua de Fora, que nessa altura do desenvolvimento urbano alcançava novas regiões da cidade. Lembrando que a UEMA está localizada na Rua Godofredo Viana esquina da Rua Monte Castelo.

Monte Castelo
Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil rompeu relações diplomáticas e comerciais com a Alemanha, Itália e Japão. Em represália a Alemanha enviou submarinos que começaram a torpedear os navios mercantes brasileiros ao longo das rotas do Atlântico. Esses fatos, somados a uma pressão popular interna para o ingresso no conflito, fez com que Getúlio Vargas declarasse guerra à Alemanha em 22 de agosto de 1942.
A primeira missão brasileira, no entanto, foi uma ocupação militar no nordeste diante da perspectiva de um ataque alemão a partir da África. Depois começou a participar de missões de patrulhamento no Atlântico Sul, terminando por ficar responsável por essas missões. Enviar soldados para a Itália, no entanto, só aconteceu em 1944, quando uma divisão do exército se uniu ao 5º Exército norte-americano, comandado pelo general Mark Clark.
A divisão do Exército brasileiro, constituída de 25 mil homens, foi denominada como Força Expedicionária Brasileira - FEB - e era comandada pelo general Mascarenhas de Morais. A FEB foi decisiva na campanha em solo italiano para a vitória aliada com a tomada de Mentose, Comaiore, Castelnuovo, Collechio e Monte Castelo.
A expressão MONTE CASTELO foi escolhida para designar todas as missões realizadas pela FEB em solo italiano, e não pela tomada apenas de Monte Castelo, uma vez que a participação de soldados brasileiros não ficou restrita tão somente a uma localidade, conforme registros históricos da Segunda Guerra e a participação do Brasil.

Segundo momento
Ao contrário das demais ruas no sentido perpendicular ao rio Tocantins, o desenvolvimento e expansão urbana da Monte Castelo foi ao inverso, isto é, a partir da rodovia Transbrasiliana, sobretudo no período dos anos 70, quando os efeitos da inauguração da rodovia começaram a estimular novos investimentos na cidade, onde a força migratória haveria de demonstrar que somente com uma visão futurística se poderia projetar Imperatriz no cenário econômico da região, considerando-se que a expansão urbana só começou a ser efetivada com a Transbrasiliana e o trabalho incansável de Mundico Barros nesse sentido. A história da Rua Monte Castelo neste segundo momento começou a partir dos primeiros anos da década de 70.
Entre os mais destacados migrantes desse período estava Raimundo Alexandre Costa Neto, que em 1972 edificou sua residência e abriu um ponto comercial. Mas era apenas o começo de um longo trabalho. No mesmo ano o mineiro Abel Martins, natural de Taiobeiras, antes mesmo da inauguração da nova rodoviária, que só aconteceu em 1973, inaugura um pequeno hotel na região do Entroncamento, e em seguida constrói o Hotel Redenção, entregando-o concluído à população flutuante em agosto de 1974. Na mesma esquina, em frente o hotel, outra pioneira importante, a senhora Enedina, cuja casa também é a mesma desde a sua construção.