Não há como desenvolver o histórico de Imperatriz quando o assunto são suas ruas e avenidas, mediante o traçado feito por Mundico Barros, sem antes não voltar ao período anterior à sua gestão como prefeito da cidade, pois somente assim seria possível entender que diversas ruas "não começam onde deveriam começar", como é o caso também da Rua Tamandaré, que no traçado elaborado por Mundico Barros começa na Rua Cumaru (atual Leôncio Pires Dourado), pois tem dois outros trechos interceptados por outras artérias existentes desde uma expansão urbana como consequência da povoação que deu origem ao bairro Bacuri. O que se percebe, a partir da Rua Tamandaré, é que na época do ex-prefeito (segunda metade da década de 60), a Rua Cumaru era um prolongamento da Rua Souza Lima, e assim, teria mudado de nome a partir do seu encontro com a Rua Coriolano Milhomem, e daí em diante a atual Rua Leôncio Pires Dourado, considerando-se que na época começavam a surgir os primeiros pequenos negócios que deram origem à Feirinha do Bacuri, visto que a expansão urbana, na verdade, estava muito mais voltada à direita da Avenida Getúlio Vargas do que à sua esquerda, lembrando também que a influência da "cidade velha" estava presente às margens do rio Tocantins para a abertura das ruas D. Pedro I e D. Pedro II, inclusive transformando velhas fazendas daquela região em novos loteamentos que passavam a integrar o que pode estabelecer, hoje, como o "grande Bacuri".

Wilton Alves

Ao que tudo indica, a Feirinha do Bacuri teria dado os seus primeiros passos no início dos anos 60, pois nela começava uma estrada carroçável que levava ao antigo matadouro público, onde hoje está localizada a Praça Dilermando Reis. Assim, no conhecimento de Mundico Barros, a Rua Tamandaré começava na antiga Rua Cumaru, como de fato acontece não houvesse mais dois trechos com o mesmo nome. Todos esses equívocos, se podem ser chamados assim, são resultado de uma Câmara de Vereadores inoperante, em todos os períodos, que não corrige inclusive a numeração das edificações, o que gera problemas constantes para se encontrar um endereço, principalmente o postal.
Em uma possível síntese, a Rua Tamandaré, na concepção de Mundico Barros, cumpriu fielmente seu papel de contribuir com a expansão urbana de Imperatriz à direita da Avenida Getúlio Vargas. Se por um lado havia uma integração do novo setor da cidade, por outro criava a perspectiva de interligar toda uma região à Rodovia Transbrasiliana, como de fato aconteceu. Memorável é lembrar que a Rua Tamandaré, ao contrário de muitas outras ruas "planejadas" de Imperatriz, que evoluíram da BR 010 em sentido ao rio Tocantins, ela teve a mesma evolução também no sentido Rua Cumaru à BR 010. A explicação é clara e insofismável: a influência da BR 010 e os investimentos que estavam sendo realizados, entre eles a estação rodoviária, e no outro extremo a evolução da Feirinha do Bacuri e os investimentos imobiliários na Rua Cumaru.
No contexto a Rua Tamandaré não foi apenas uma alternativa para o setor residencial da cidade, mas também uma opção viável para o surgimento de pequenas atividades comerciais, o que teve como resultado uma excelente valorização econômica da cidade, pois na verdade estava surgindo uma alternativa para o desenvolvimento urbano de Imperatriz, além de se constituir na soma de inúmeras concepções de uma "cidade planejada".

Tamandaré

Joaquim Marques Lisboa, almirante da Marinha brasileira, que recebeu os títulos de barão, visconde, conde e marquês de Tamandaré, tornou-se um dos nomes mais importantes da história do País. Ele nasceu no Rio Grande (RS) em 1807 e faleceu no Rio de Janeiro em 1897.
Entre as suas inúmeras atividades, Joaquim Marques Lisboa, o marquês de Tamandaré, participou ativamente da Campanha da Independência do Brasil, além de haver combatido, com destaque, os revoltosos da Confederação do Equador (1824); os títulos recebidos pela sua trajetória destacam a sua atuação na Campanha Cisplatina como também na Guerra do Paraguai. Além disso, o marquês de Tamandaré esteve presente em todas as ações navais de que participou a Marinha de Guerra do Brasil.

N. do A.

As denominações de ruas e avenidas da cidade, em especial neste período de desenvolvimento e expansão urbana, receberam nomes de pessoas que foram importantes para a cidade, o Estado e o País, assim como de datas relevantes da própria história. Entre as pessoas está o marquês de Tamandaré, mas que por falta de conhecimento dos vereadores do período deixaram de colocar o título ao lado do seu nome. Isso é relevante para que não se cometa o equívoco de relacionar a palavra Tamandaré com a figura mitológica dos indígenas, que fez brotar uma fonte que invadiu vales e serras. Salvou-se com a mulher subindo no topo de uma palmeira. Ao baixarem as águas, repovoou a terra.

Expansão urbana

Fugindo à regra das demais ruas à direita da Avenida Getúlio Vargas, a Rua Tamandaré teve seu desenvolvimento em dois planos, simultaneamente, mas com características diferentes. Enquanto na região da rodovia Transbrasiliana surgiam pequenos comércios no início dos anos 60, e depois da inauguração da rodoviária em 1973, as atividades comerciais se multiplicaram, em especial para atender à grande demanda de pessoas que chegavam e saíam da cidade.
No outro extremo, na confluência da Rua Cumaru, conforme o planejado por Mundico Barros, vindo da cidade de São Domingos (MA) chega a Imperatriz o pioneiro Antonio Pereira de Lima, trazendo mulas de transporte para sua atividade comercial, e a sua família. Nesse mesmo período, que é o ano de 1965, outras famílias também chegam e começam a povoar a Rua Tamandaré, que aos poucos se constitui em alternativa residencial para a cidade e fomentar novos pontos comerciais, conforme conta a senhora Rita Silva, filha desse ilustre pioneiro, o migrante Antonio Pereira de Lima.
A partir da segunda metade da década de 80, a Rua Tamandaré começa a receber novos investimentos, o que resulta em uma expressiva valorização imobiliária e econômica para a própria cidade, embora houvesse sido descaracterizado o seu trajeto original, não só pelas invasões que ocorreram, mas também porque a Câmara de Vereadores, até os dias de hoje, permite que inúmeras ruas e avenidas, como é o caso da Rua Tamandaré, tenham mais de uma numeração. Além disso, conforme foi exposto, ela é dividida em três trechos, sendo que dois deles se localizam a partir da Rua Cumaru no sentido da Rua D. Pedro II, e por não ter qualquer ligação com o traçado elaborado por Mundico Barros.