À primeira vista o desenvolvimento de Imperatriz é confuso e sem qualquer indicação de um planejamento adequado, visto que na maioria dos casos não foram estabelecidos os períodos e fases de uma cidade emergente em vários conceitos que deveriam ser analisados. O fenômeno decorrente das ruas à direita da Avenida Getúlio Vargas, e entre elas a Rua Tupinambá, cria duas perspectivas diferentes e ao mesmo tempo como que obedecendo a um processo natural que não é comum na maioria das cidades brasileiras: Dois polos que por natureza seriam antagônicos e que, na verdade, se completam para demonstrar que no caso de Imperatriz, cidade velha e cidade nova caminharam juntas, inclusive proporcionando a Mundico Barros a oportunidade de projetar o traçado da cidade nova a partir da expansão urbana da cidade velha, com poucos e raros registros históricos para que o perfil da cidade pudesse ser visto como um todo, e não por partes, para facilitar o entendimento hodierno do crescimento e desenvolvimento urbano, que agora passa também pelo desenvolvimento humano em relação aos períodos que focam a expansão urbana das duas cidades, suas características e o envolvimento do processo migratório que se torna distinto entre três dimensões: o começo da cidade velha, a expansão urbana da cidade velha e o inicio da cidade nova, a projetada por Mundico Barros.

Wilton Alves

Na concepção de Mundico Barros ao traçar a Rua Tupinambá começando na Rua Cumaru (atual Leôncio Pires Dourado), estava admitindo, e com conhecimento, a existência desta rua à direita da Rua Cumaru e se prolongando até a Rua D. Pedro II, embora nesse final da década de 50 a expansão urbana fosse quase inexistente, tornando-se compreensível para o período, que a povoação de Imperatriz, de forma natural e sem qualquer planejamento, estava seguindo rio Tocantins acima como resultado de migrantes que desenvolviam a arte da olaria na cidade, assim como o desenvolvimento da comunidade pesqueira naquela região.
No final dos anos 50 o centro da cidade continuava a ser as ruas XV de Novembro, Cel. Manoel Bandeira e Godofredo Viana, e isso significa também que todo o setor comercial ali ficava restringido, o que resulta, em relação aos dois primeiros trechos da Rua Tupinambá, em um setor quase todo residencial, à exceção de pequenas vendas com predominância aos produtos hortigranjeiros e gêneros de primeira necessidade como o querosene, banha de porco, arroz, feijão e farinha. O primeiro trecho é insignificante, pois é constituído de apenas um quarteirão, enquanto que o segundo, desde a Rua Cel. Manoel Bandeira se estendendo até a Rua Cumaru, onde começa o trecho traçado por Mundico Barros e que vai até a Rodovia Transbrasiliana, que em tempo mais presente, recebeu investimentos comerciais mais expressivos.

TUPINAMBÁ
De acordo com muitos historiadores, a expressão Tupinambá se refere a várias tribos indígenas de língua comum, o tupi; segundo esse grupo de historiadores, as tribos de língua tupi habitavam o litoral brasileiro dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão e Pará, sem estabelecer qualquer referência que essas tribos tenham chegado ao interior do Maranhão, especificamente à região tocantina.
Para especialistas indígenas, a etimologia tupinambá é relativa a pertencente aos índios tupinambás, mas classificando-a como chefe, manda-chuva, gunga-muxique. Quanto às tribos, referem-se a grande nação de índios que dominava na região do atual estado da Bahia.
Se por um lado é confirmada a presença de indígena de língua tupi no litoral do Maranhão, por outro não há qualquer referência ou registro dessa presença no interior do Estado, o que pode levar à conclusão pura e simples que a denominação da Rua Tupinambá seja decorrente apenas do conhecimento histórico, o que justificaria o nome de uma rua como tributo à nação indígena mais importante do País, se for considerada apenas a língua falada, visto que muitas outras nações, tão importantes quanto, em várias regiões do Brasil, falavam a mesma língua, inclusive no Brasil Central.
De qualquer forma é irrelevante saber, neste caso, toda a história dos tupinambás. Importante é que esse valor foi transmitido e hoje faz parte da história de Imperatriz que tem uma rua com esse nome.

DESENVOLVIMENTO
No início da década de 60, após a inauguração da Rodovia Transbrasiliana, poucas edificações eram vistas na Rua Tupinambá, sendo que a maioria estava localizada exatamente no segundo trecho, entre as ruas Cel. Manoel Bandeira e a atual Leôncio Pires Dourado. A concepção razoável para esta visão é que a Rua do Meio (Cel. Manoel Bandeira) também havia alcançado aquela região, demonstrando que a expansão urbana de Imperatriz continuava seguindo o curso do rio Tocantins. Mundico Barros teria então feito o traçado para que a Rua Tupinambá ultrapassasse seus próprios limites na Rua Cumaru para alcançar então a Rodovia Transbrasiliana.
É preciso entender, no entanto, que nesse período não havia nenhum investimento público ou privado, e como resultado, as primeiras moradias, de propriedades de migrantes que chegavam em busca desse novo "eldorado", não passavam de casebres rústicos. Esta situação permaneceu até o início dos anos 80, quando então a construção civil despertou para uma nova realidade de Imperatriz, cuja expansão urbana cobrava áreas residenciais em setores ainda tão pouco valorizados, como era o caso da Rua Tupinambá neste período.
Para compreender a dimensão exata das dificuldades e falta de investimentos públicos ou privados, embora a demanda fosse sempre crescente, em 1979 a população estimada do município era de 108.265 habitantes, enquanto que a população urbana de Imperatriz era estimada em 36.411 habitantes, mas lembrando que em 1979 ainda faziam parte de Imperatriz os atuais municípios de São Pedro da Água Branca, Vila Nova dos Martírios, Cidelândia, São Francisco do Brejão, Açailândia, Itinga e Governador Edison Lobão.
A verdade é que a Rua Tupinambá, a partir dos anos 80, acabou se constituindo em uma das melhores alternativas para investimentos habitacionais da cidade, principalmente no segundo trecho, responsável pela evolução urbana da rua a partir da Rua Leôncio Pires Dourado, levando também à constatação de que a valorização imobiliária tornou-se evidente e a construção civil, com edificações modernas, acabou por mudar a história da rua, muito embora o fenômeno não tivesse se repetido no setor em que a Rua Tupinambá se aproxima da Rodovia Transbrasiliana.
A rua hoje não possui indústrias, mas dispõe de um forte comércio que contribui, e muito, com o desenvolvimento econômico da cidade.