A expansão urbana de Imperatriz possui características históricas que hoje podem ser observadas, não apenas pela visão e perspectiva que levaram Mundico Barros a traçar o perfil da cidade com inúmeras limitações, com ruas que à sua época realmente eram possíveis de alcançar seus objetivos, destacando-se a integração da "cidade velha" com a rodovia Transbrasiliana, como também criar alternativas para que investimentos fossem feitos, em todas as áreas da economia do então emergente município às margens de uma das mais importantes rodovias do País. Assim se pode compreender as ruas traçadas por Mundico Barros à direita da Avenida Getúlio Vargas e as limitações da expansão urbana existentes pelos grandes areais, e ainda pela presença do riacho Bacuri, um obstáculo natural que naquele período era considerado como intransponível. Daí que a visão de Mundico Barros chegou até o traçado da Rua Ana Néri, hoje por força de projeto da Câmara Municipal, que não vota a criação de um Museu Histórico, teve seu nome mudado para Henrique de La Rocque Almeida, um dos políticos mais importantes e influentes do Maranhão contemporâneo, inclusive em relação à cidade de Imperatriz, que ele ardorosamente defendia no Senado da República, inclusive contribuindo, e muito, para liberar recursos ao município, em especial durante o mandato do prefeito Carlos Gomes de Amorim. Historicamente cabe à Câmara Municipal escolher uma nova rua e dar a ela o nome de Ana Néri, uma forma de fazer justiça também a Mundico Barros.

WILTON ALVES

Como a maioria das ruas à direita da Avenida Getúlio Vargas traçadas por Mundico Barros, também a Rua Henrique de La Rocque Almeida começa na Rua Leôncio Pires Dourado para daí alcançar a rodovia Transbrasiliana. No entanto, é importante observar que nesse período em que a rua era projetada, a sua divisa principal era a quinta do senhor Alencar, onde hoje está localizado o quartel do 3º Batalhão de Polícia Militar.
É importante também ressaltar que a Rua Henrique de La Rocque Almeida possui outro trecho localizado entre as ruas Coriolano Milhomem e Simplício Moreira, região onde foi a maior e mais desordenada expansão urbana de Imperatriz, mesmo porque na rua de puçás edificações, no período só existiam casas feitas de tábuas e algumas de taipa. Somente a partir da segunda metade da década de 70 é que aconteceram investimentos imobiliários na rua, ainda assim de maneira tímida e sem qualquer projeção de futuro.
Não é, literalmente, uma favela, mas em razão da falta de planejamento urbano, e principalmente em razão das invasões que aconteceram no início dos anos 70, este trecho da Rua Henrique de La Rocque continua sendo um grande desafio à expansão urbana da cidade, pois o seu início é fundamentalmente um "beco sem saída", porque a ponte construída na Rua Simplício Moreira, sobre o riacho Bacuri, não previa sequer a própria expansão urbana, e muito menos uma valorização imobiliária para a sua região, até mesmo porque o quartel do 3º BPM, construído na década de 70, divide a rua em dois trechos distintos um do outro.

ANA NÉRI
Ana Justino Ferreira Néri, natural de Cachoeira de Paraguaçu (BA), nasceu em 1814 e faleceu no Rio de Janeiro em 1880, depois de haver participado da guerra do Paraguai, prestando assistência aos feridos. Ela montou em sua própria casa uma enfermaria para melhor atender às exigências nesse setor. Na época ela ficou conhecida como "a mãe dos brasileiros". Em 1923, seu nome foi dado à primeira escola oficial de enfermagem fundada no Brasil.

HENRIQUE DE LA ROCQUE ALMEIDA
Advogado (formou-se em direito na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, atual UFRJ), jornalista e político, Henrique de La Rocque Almeida nasceu em São Luís, capital do Maranhão, no dia 8 de agosto de 1912, e faleceu no Rio de Janeiro no dia 16 de agosto de 1982. Foi um dos políticos mais importantes do Estado a partir da sua primeira eleição para deputado federal em 1955, sendo reeleito sucessivamente até o ano de 1974, quando se candidatou e foi eleito para o Senado da República, exercendo seu mandato até 1982, quando faleceu.
Suas atividades parlamentares foram publicadas em 5 livros pela editora do Congresso Nacional. Entre uma atividade e outra, Henrique de La Rocque foi ministro do Tribunal de Contas da União - TCU - daí o seu título de ministro, além de inúmeras condecorações recebidas pelos seus relevantes serviços prestados ao Maranhão e ao País.
Entre as principais homenagens a Henrique de La Rocque, quando governador o atual ministro Edison Lobão, deu à nova sede do Estado o nome do senador, e o distrito de Mucuíba, quando emancipado, recebeu o seu nome. Em Imperatriz, além de ter o seu nome em uma rua, o Fórum da cidade também leva o seu nome.

SEGUNDO TRECHO
Literalmente o segundo trecho da Rua Henrique de La Rocque, antiga Rua Ana Néri, traçada por Mundico Barros, começa às portas do 3º BPM, na Rua Leôncio Pires Dourado, na antiga quinta do senhor Alencar, prolongando-se até a rodovia Transbrasiliana, cruzando como última via a Rua Paraíba. Neste pequeno percurso ainda é possível constatar algumas das primeiras residências construídas na década de 70, mas percebe-se também a ausência de um comércio expressivo que pudesse resultar em maior valorização imobiliária do setor.
Outro aspecto importante que precisa ser observado é que a Rua Henrique de La Rocque não faz parte do setor periférico da cidade, muito embora a expansão urbana de Imperatriz tenha ultrapassado os seus limites e se desenvolvido, de tal maneira, a ter uma das mais expressivas valorizações imobiliárias e econômicas da cidade. Historicamente o riacho Bacuri é o divisor dessas áreas, que à época de Mundico Barros, sequer existiam como parte urbana de Imperatriz.
Na verdade, a região da Rua Henrique de La Rocque é uma das mais nobres de Imperatriz, restando apenas que investidores de hoje percebam a importância da expansão urbana da cidade como um todo, sobremaneira à direita da Avenida Getúlio Vargas, que quando oportunizar o primeiro edifício, vai se constituir em uma das maiores e melhores alternativas habitacionais, inclusive com qualidade de vida e perspectivas econômicas que hoje sequer são discutidas por investidores em que a visão da cidade não vai além da região à esquerda da Avenida Getúlio Vargas.