Nos anos 50 as ruas que tiveram suas origens na cidade velha no sentido de acompanhar o rio Tocantins em direção ao sul, como as ruas D. Pedro I, D. Pedro II, Manoel Bandeira e Godofredo Viana, haviam chegado ao limite natural imposto pelo córrego Bacuri, sem qualquer benefício público, é evidente, mas criando condições para que a expansão urbana da cidade lograsse uma projeção maior e em outras direções para vencer os desafios que surgiram com a chegada da rodovia Transbrasiliana. No caminho estava, além dos grandes areais, a lagoa do Murici que acabou ficando conhecida como lagoa da COVAP. Daí que a última rua traçada por Mundico Barros, à esquerda da Avenida Getúlio Vargas, tenha sido a Rua Antonio Miranda, já que depois dela havia outro obstáculo, não da topografia do terreno, mas a fazenda que pertencia ao cidadão conhecido por Antonio Galinha e que englobava, na época, toda a área que hoje faz parte do Setor Juçara. Para Mundico Barros a expansão urbana naquela região seria tão somente uma questão de tempo: mais dias menos dias a fazenda seria loteada e então estaria inserida no contexto do crescimento horizontal de Imperatriz. A indústria da construção civil faria o resto e proporcionaria a migrantes e pioneiros as perspectivas de investimentos que resultariam, não apenas na valorização imobiliária da região, mas principalmente no surgimento de alternativas imensuráveis na área da prestação de serviços, um dos segmentos mais importantes para a economia da cidade, em especial na geração de emprego e renda, e ainda como estímulo à construção civil que não para de crescer.

Wilton Alves

As antigas travessas da cidade velha, entre elas a Rua Magalhães de Almeida, não tinha como ultrapassar o campinho de futebol existente na atual Praça Tiradentes, porque além dos desafios naturais, na região onde começa a Rua Antonio Miranda (esquina com a atual Rua Coriolano Milhomem), havia também o "campo de aviação" ocupando uma grande área, desde onde hoje está a Universidade Federal até a Praça da Metereologia. Para a época, um desafio a mais para inibir a expansão urbana de Imperatriz, à esquerda da Rua Antonio Miranda, além das fazendas e quintas existentes na região.
Traçar a Rua Antonio Miranda era o último desafio de Mundico Barros, em especial porque ela representava a última fronteira dentro dos limites de se planejar uma cidade nova para ser integrada à nova realidade que se aproximava com a rodovia Transbrasiliana. O seu "quadrado perfeito" era plenamente visível em relação à sua proposta de interligação da cidade velha com a cidade nova que era anunciada a partir de pontos distintos que já existiam à sua época. O primeiro era a antiga Rua Cumaru, hoje Rua Leôncio Pires Dourado; a Rua Coriolano Milhomem, traçada por ele; a atual Henrique de La Rocque e a própria Rua Antonio Miranda para "fechar" o planejado em relação à Transbrasiliana, como de fato aconteceu, escrevendo um novo período histórico para Imperatriz.

Passado e futuro
A Rua Magalhães de Almeida, que começa na Rua XV de Novembro (atual Frei Manoel Procópio), estende-se até o antigo campinho de futebol, hoje Praça Tiradentes, compondo o cenário urbano da considerada cidade velha até o final dos anos 50, quando então é iniciada a integração de toda a cidade com a rodovia Transbrasiliana, que já nos seus primeiros anos, sem ser asfaltada, conseguia atrair grandes investimentos para a cidade, mas em especial contribuindo, e muito, com o desenvolvimento urbano e dado início do trabalho da construção civil, uma das maiores contribuições à economia do município, além de uma valorização imobiliária sequer imaginada.
Se por um lado a Rua Magalhães de Almeida é ainda um testemunho do passado de Imperatriz com seus migrantes e pioneiros, por outro a Rua Antonio Miranda é o reflexo de um projeto que consolida não apenas o desenvolvimento urbano da cidade, mas sobretudo um desenvolvimento humano que hoje resulta em uma qualidade de vida das mais expressivas de toda a região sob a influência de Imperatriz.
Historicamente é possível concluir que o trabalho dos primeiros migrantes cumpriu a tarefa de construir a cidade velha e criar oportunidades para edificar a cidade nova, ambas plenamente integradas e interligadas aos propósitos então executados por Mundico Barros.

Antonio Miranda
Tornou-se comum ouvir a expressão de que "OS VELHOS ESTÃO MORRENDO E LEVANDO COM ELES A HISTÓRIA DE IMPERATRIZ", e isso porque a cidade não tem um memorial histórico e muito menos um museu para preservar a memória não apenas de migrantes e pioneiros, mas também de nomes ilustres que deram uma participação imensurável à construção desse tempo hodierno em que se projeta o futuro. Assim é com Antonio Miranda, o primeiro filho da terra a concluir o curso de medicina e vir exercê-lo em sua terra natal.
Muito pouco se sabe sobre ele, apesar da importância que ele representa para a cidade, não somente como médico, mas também pela importância política, uma vez que Antonio Miranda chegou a ser nomeado interventor do Município em um período completamente adverso ao seu tempo e formação.
Quando Antonio Miranda concluiu seu curso de medicina, em São Paulo, seus pais Deocleciano Rocha Miranda e Rita Alves Miranda continuaram residindo em Imperatriz, e esse é um dos motivos que o trouxeram de volta à terra natal, onde em 21 de novembro de 1941 é empossado como interventor, exercendo essa função até o dia 17 de novembro de 1942, quando então renuncia para retornar a São Paulo, estabelecendo duas versões para esta atitude. A primeira é que sua esposa, paulistana, não conseguia adaptar-se à vida provinciana de Imperatriz, naquele tempo sem qualquer benefício público, como energia elétrica ou água potável. A segunda versão é que Antonio Miranda não queria perder a oportunidade de continuar lecionando na faculdade de medicina onde havia se formado.

Um novo tempo
Até o final da década de 60 seria difícil acreditar nas potencialidades da Rua Antonio Miranda como precursora do progresso e desenvolvimento de uma das mais importantes regiões de Imperatriz, até mesmo em decorrência dos desafios naturais então existentes. Chegada a década de 70, indiscutivelmente foi por meio da Rua Antonio Miranda que a cidade passou a conhecer uma expansão urbana extraordinária, mormente com a ocupação das áreas do cidadão Antonio Galinha que deram origem ao Setor Juçara e contribuíram para que ruas como a Ceará, Rio Grande do Norte e muitas outras tivessem vida própria e permitiriam o surgimento de muitos outros e importantes bairros da cidade.
Considerando os diversos períodos do desenvolvimento de Imperatriz, é possível concluir que a década de 70 foi a mais importante delas, pois nesse período estava concluída a integração da cidade com a rodovia Transbrasiliana e a integração da cidade velha com a cidade nova, que proporcionavam novas perspectivas de investimentos, em especial na construção civil e na prestação de serviços, considerando também que foi nessa década que o "eixo" representado pela Avenida Getúlio Vargas estava plenamente interligado com a Avenida Bernardo Sayão. Em síntese, poder-se-ia afirmar que a expansão urbana de Imperatriz havia alcançado seus objetivos, e com eles o surgimento da cidade de hoje com novos bairros e vilas, inclusive rompendo as divisas geográficas da própria rodovia Transbrasiliana... Mas esta é uma nova história.