O rio Tocantins sempre foi mais que uma inspiração para poetas, pintores e trovadores. O Tocantins é o caminho mágico de Imperatriz para várias regiões dessas plagas, e é também, ainda hoje, a direção para uma segura expansão urbana rumo sul seguindo as suas curvas e demonstrando historicamente que a cidade, em relação ao seu desenvolvimento, não é uma obra do acaso, mas a soma de valores que sempre nortearam o trabalho de pioneiros, migrantes que dedicaram suas vidas à terra nova banhada pelo rio. Foi nesse sentido a abertura da Rua D. Pedro I para ser o suporte de uma nova e promissora região, embora no período sem qualquer planejamento, tão somente o caminho que levava à foz do riacho Cacau, mas que proporcionou uma visão para que Imperatriz, no seu todo, não fosse apenas um amontoado de casas, mas se constituísse na referência habitacional, econômica e social de toda a região, em especial pelos investimentos realizados que tornaram possível a valorização imobiliária da cidade em todos os seus setores, desde as "quintas" ou sítios que foram formados ao longo do Tocantins e deram origem à cidade de hoje.
Wilton Alves
Para muitos da nova geração pode parecer estranho que a maioria das ruas no sentido BR 010 comece na Rua D. Pedro I ou às margens do rio Tocantins. A explicação é simples, pois no início da expansão urbana da cidade a tendência natural era a de construir sempre na mesma direção, isto é, ao sul, onde estavam localizados os primeiros investimentos de além da cidade velha, como as olarias, a primeira cerâmica na atual Rua Luís Domingues e o surgimento de inúmeros sítios na região, entre eles a Quinta de Ouro, do pioneiro Simplício Moreira, e o sítio de Coriolano Rocha, já nas proximidades da foz do riacho Cacau.
Na acepção da palavra este processo teve início ainda na vinda para Imperatriz do pioneiro Guilherme Cortez e sua esposa Maria da Rocha Cortez, que era irmã de Coriolano Rocha. Guilherme Cortez veio do povoado Repartição, que não existe mais, e aqui ao lado da família, escreveu vários capítulos da história de Imperatriz.
Coriolano Rocha era natural da fazenda Guará e irmão do ex-prefeito Urbano Rocha, além de ser tio da senhora Hilda da Rocha Cortez, a primeira mulher a ser eleita para a Câmara de Vereadores da cidade.
Ainda sobre o processo da expansão urbana, pode-se observar que a sua origem no sentido sul é antiga, e tornou-se mais importante a partir do final dos anos 50 e início dos anos 60, quando o processo migratório, em razão da rodovia Transbrasiliana atraindo novos investidores, que nesta região estavam construindo suas moradias, em especial aqueles que representavam a mão-de-obra indispensável para a construção da cidade, como também é da mais alta relevância o trabalho dessas duas famílias, Cortez e Rocha, para a história da cidade.
Coriolano Rocha Miranda
Um dos mais importantes migrantes de Imperatriz nasceu no dia 29 de setembro de 1921 na fazenda Guará (hoje povoado entre os antigos povoados de Ribeirãozinho e Sumaúma). Era filho de um dos mais destacados chefes da política local, o coronel Manoel da Rocha Rolim-Manoela Azevedo Miranda. Coriolano Rocha faleceu no dia 23 de março de 1968, muito jovem, com apenas 47 anos de idade, lembrando que o coronel Manoel Rocha Rolim era sogro do também notável migrante Guilherme Cortez.
Coriolano Rocha veio para Imperatriz ainda criança, sendo forjado com a têmpera de todos os migrantes que estavam e continuam construindo a cidade referência do sul do Maranhão. E assim, com a visão de que era preciso fazer investimentos, em 1958 compra uma gleba de terras nas proximidades do rio Tocantins e a transforma em um sítio produtor de alimentos. Com a sua morte em 1968, sua esposa vende o sítio, em 1972, para o sobrinho, Licínio Rocha Cortez, que mantém a visão da família de continuar trabalhando pela cidade.
Desenvolvimento
A década de 70 foi o embrião da Imperatriz de hoje entrelaçando cidade velha e cidade nova. Se por um lado a Nova Imperatriz, Setor Juçara, Jardim 3 Poderes e Maranhão Novo consolidavam o crescimento da cidade em sua região norte, por outro lado dois novos e grandes empreendimentos dotaram a região sul de uma perspectiva de valorização imobiliária e qualidade de vida considerados até então como a realização de mais um "impossível" para a cidade.
Na década seguinte, a de 80, o Estado realiza em Imperatriz o maior investimento em toda a história da cidade, que era a construção da mais moderna estação de captação e tratamento de água do País, para a época.
Ainda na década de 70, o antigo caminho constituído pela atual Rua D. Pedro I, por iniciativa de Licínio Rocha Cortez, começa a se transformar em uma das melhores alternativas de investimentos na cidade quando ele divide o sítio em lotes criando o loteamento Parque dos Buritis. Na acepção da palavra, o precursor de um novo período não apenas habitacional para Imperatriz, mas atraindo investimentos em todos os setores e atividades da economia da cidade, tanto de novos e melhores estabelecimentos comerciais, prestação de serviços e novos avanços da indústria da construção civil.
Em assim sendo, até mesmo o antigo caminho para a foz do riacho Cacau passou a interligar uma vasta região da cidade que estava crescendo na horizontal, mas sobremaneira criando novos espaços para investimentos nas áreas econômicas de Imperatriz, inclusive nos dias atuais com uma contribuição das mais importantes para o município na área educacional com a instalação de uma escola de nível superior. No entanto, é importante ressaltar que o lançamento do Parque dos Buritis se constituiu na abertura de todos esses novos investimentos. Além disso, se transformando em uma das melhores alternativas residenciais da cidade, sobremaneira pela valorização imobiliária de toda aquela região.
É importante ainda ressaltar que o lançamento do Parque dos Buritis ensejou também o lançamento de conjuntos habitacionais, o que representa não apenas uma ocupação do solo, mas principalmente evidenciando uma expansão urbana organizada que agora começa a crescer também na vertical e a receber novos investimentos, em especial na prestação de serviços, o que caracteriza uma Imperatriz que está apenas no começo de sua história.
(A matéria de hoje é dedicada aos jornalistas Coló Filho e Carlos Gaby, filhos de Coriolano Rocha)
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