Até a década de 50 Imperatriz continuava sem vencer a barreira imposta por suas primeiras três ruas, não se considerando os caminhos existentes como as atuais ruas Leôncio Pires Dourado e D. Pedro II, além das travessas existentes desde a Santa Teresa até a Travessa do Sul. A cidade estava carente de uma praça assim como de uma igreja matriz, como a maioria das pequenas cidades brasileiras, embora na Rua Grande, depois Rua de Dentro, houvesse templos católicos e evangélicos, mas que não representavam os anseios da sociedade do período, em sua grande maioria devota do catolicismo romano. Simplício Moreira, ao assumir a Prefeitura em razão da morte do titular, prefeito Urbano Rocha, nos primeiros anos da década de 50, movido tanto pela religiosidade quanto pelo desejo de promover a expansão urbana da cidade, dotá-la de uma praça e uma igreja matriz, no dia 2 de outubro de 1955, pelo Projeto de Lei nº 62, doa um terreno do patrimônio público do município para a construção da igreja matriz, já denominada de Matriz de Fátima, e uma praça que ele construiria, com o mesmo nome da santa. Frei Epifânio d’Abadia, responsável pela igreja católica no período, argumenta com o prefeito Simplício Moreira que apenas o terreno não era suficiente, pois a Igreja não tinha dinheiro para construir a Matriz; em novembro do mesmo ano o prefeito então faz uma doação de CR$ 10.000,00 (dez mil cruzeiros) das reservas do município para que a construção da Matriz de Fátima fosse iniciada.

Wilton Alves

Imperatriz era uma prelazia subordinada à Diocese de Carolina, e frei Epifânio d’Abadia, um homem incansável buscando a solução de suas aspirações como responsável pelo rebanho católico entregue a ele, então já formado na cidade. Ninguém mais que ele desejou a construção da Matriz; dez mil cruzeiros era muito dinheiro, mas não o suficiente para a construção planejada. Assim, com a participação da sociedade e as doações que eram feitas pelos empresários da época, destacando-se João Paraibano, a Matriz foi edificada, a praça começou a ser construída e a ter os seus limites estabelecidos. Era a primeira Praça de Imperatriz e por isso deveria servir de modelo para outras que fossem construídas.
O significado histórico é dos mais relevantes, pois a partir da nova praça foi possível a Mundico Barros vislumbrar a integração da cidade velha com a rodovia Transbrasiliana, visto que duas das mais importantes ruas de Imperatriz, até os dias de hoje, a Getúlio Vargas e Dorgival Pinheiro, foram precursoras do desenvolvimento social e da expansão urbana da cidade naquele período dos anos 50 e início dos anos 60, oportunidade também em que migrantes e investidores iniciaram uma nova etapa econômica para a cidade por meio de estabelecimentos comerciais que foram instalados e passaram a contribuir com a valorização imobiliária que naquele período sequer existia como fator de desenvolvimento, em especial quando relacionado com a construção civil e a prestação de serviços.
Nos primeiros anos da década de 50 foi iniciada e concluída a construção da Matriz de Fátima, em que a sua entrada era voltada para a BR 14, e ainda que pouco tempo depois foi considerada muito pequena para a visão de frei Epifânio d’Abadia, que também sentia e projetava perspectiva de crescimento da cidade, e consequentemente do rebanho sob sua responsabilidade.

Novidades na praça
À medida que começa a construção da nova Matriz de Fátima, começam também os investimentos, como a segunda loja, agora em prédio próprio, do Armazém Paraíba, na Avenida Getúlio Vargas, onde hoje funciona o seu departamento de usados; um grande dormitório com restaurante de propriedade da senhora Oscília Pereira do Nascimento, para atender a crescente população flutuante e as primeiras lojas de armarinho que vendiam de tudo, desde remédios, artigos para o campo e tecidos. Dentre os imigrantes e pioneiros do período, destaca-se o senhor Deusino Alves Silva, vindo de Amarante. Era alfaiate especializado na confecção de paletós, mas como a demanda estava muito maior que a oferta, optou por sua segunda atividade profissional, a de barbeiro, abrindo na Praça de Fátima o Salão São Salvador.
O campinho de jogar bola tantas vezes usado por frei Epifânio d’Abadia e frei Tranquilino começava a ganhar novas feições e se transformar literalmente em uma praça com asseios, gramas, mas sem iluminação, que ainda não havia energia elétrica na cidade. O mais importante, no entanto, é que na metade da década de 60 estava concluída a nova Matriz de Fátima. Da construção primitiva foi demolida apenas a torre, pois a nave do templo, dividida em dois espaços, que deram lugar a um salão paroquial e à Livraria de Fátima.
Dois fatos marcantes também estão inseridos no histórico da Praça que um dia foi uma “feirinha” semelhante à do Mercadinho e do Bacuri: O primeiro foi o armazém do investidor Juraci Francisco de Souza (Juraci Baiano), que vendia de tudo. Este armazém estava localizado na esquina das atuais ruas Getúlio Vargas e Simplício Moreira, em um imóvel de propriedade do pioneiro Manoel Ribeiro Soares. O segundo foi a criação da Diocese de Imperatriz, com a Matriz de Fátima passando à condição de Catedral de Fátima. Neste contexto ressalte-se a importância do trabalho realizado pelos bispos da antiga Prelazia, D. Marcelino Sérgio Bícego e D. Alcimar Caldas Magalhães para que a Diocese fosse criada.
Relevante ainda é lembrar que a expansão urbana da cidade e valorização imobiliária são decorrentes da Praça, que possibilitou uma projeção de Imperatriz integrada com a cidade nova que estava sendo construída a partir da rodovia Transbrasiliana. Em outras palavras, Imperatriz havia encontrado o caminho de sua própria trajetória e história.