Imperatriz é o resultado surpreendente, desde o pequeno povoado à segunda e mais importante cidade do Estado, da formação de uma fazenda para a criação de gado e fomento à produção de alimentos para as poucas famílias que acreditaram e acompanharam o pioneiro Amaro Batista Bandeira na formação da Fazenda Fortaleza nestas paragens do rio Tocantins. Com a credibilidade e o aval da história, poder-se-ía afirmar que Imperatriz nasceu predestinada e com uma vocação imensurável para trabalhar o campo, principalmente com a visão de que o agronegócio seria o arcabouço da estável economia tocantina. E assim é desde os primórdios de sua história, inclusive contribuindo para que a expansão urbana da cidade tivesse suas raízes nas "quintas" formadas ao longo do tempo, principalmente como elo de ligação com municípios vizinhos e outras regiões do País, destacando-se que o processo migratório teve sua origem nesse vasto campo da pecuária e das grandes plantações de cereais que chegaram a colocar o Maranhão como o segundo maior produtor de arroz do País. À primeira vista parecia uma tarefa fácil, não fosse possível entender as grandes dificuldades, como a ausência de estradas, os desafios de doenças tropicais e a falta de máquinas, equipamentos e mão-de-obra qualificada para a lavoura e a própria criação de gado. Ainda assim a cidade prosperou e viu surgir um sem número de propriedades rurais dando suporte econômico ao emergente comércio de Imperatriz e contribuindo, e muito, com a expansão urbana, como pelo de atração a novos migrantes que não hesitavam em investir na nova cidade, considerando-se ainda que muitas "quintas" deram lugar inclusive a setores nobres da cidade, e mais importantes ainda, contribuindo para que Imperatriz se transformasse em uma grande vitrine econômica para o País. No contexto deste progresso e desenvolvimento está o Sindicato Rural, e esta é a sua história.
WILTON ALVES
Quando Amaro Batista Bandeira chegou às barrancas do Tocantins percebeu a terra propícia à criação de gado, assim como a abundância de água, indispensável também a uma lavoura de subsistência. Ele encontrou uma imensa área de terras devolutas da União e sequer poderia imaginar que da sua Fazenda Fortaleza pudesse estar sendo escrita uma das mais importantes histórias do Maranhão.
No contexto, pode-se afirmar que a região foi (e o tempo do verbo é passado) até meados dos anos 50 uma das mais promissoras e importantes regiões do gado de corte, pois as fazendas havia se multiplicado, e a partir da emancipação política de Imperatriz, no dia 22 de abril de 1924, a cidade possuía um território propício às grandes propriedades rurais. Por isso se afirma que até meados da década de 50 a cidade era uma referência nesse setor, pois até esse período, o município tinha uma área de 18.933 km2.
Como decorrer dos anos e a emancipação de povoados e vilas pertencentes a Imperatriz, a sua área ficou restrita a tão somente 1.531 km2, e isso significa que o município praticamente ficou sem uma área rural expressiva. Contudo, em tempo algum a cidade perdeu a sua identidade e importância como referência da atividade rural, tanto na criação de gado de corte quanto da produção de alimentos.
Desde a década de 50 até os dias de hoje, Imperatriz teve desmembrada uma gama de novos municípios, começando com Montes Alves e a seguir, em 1960, o município de João Lisboa. Posteriormente ainda foram desmembrados os municípios de São Pedro d'Água Branca, Vila Nova dos Martírios, Cidelândia, Açailândia, São Francisco do Brejão, Senador La Rocque, Buritirana, Davinópolis, Edison Lobão, Itinga e Ribamar Fiquene.
TEMPO DE
ORGANIZAÇÃO
Com o recrudescimento das propriedades rurais na região, nos primórdios da década de 60 foi fundada a Associação dos Criadores de Imperatriz, mas sem qualquer estrutura física ou organizacional, principalmente porque não havia interesse dos produtores em ter uma entidade representativa da classe. No entanto, como a economia do município passou a exigir maior participação dos produtores, chegou o tempo da organização vislumbrado pelo engenheiro agrônomo Ivo Marzall e a necessidade de um sindicato para cumprir essa finalidade.
Como já existisse uma Associação, ainda que acéfala, vencendo todos os desafios e por sua iniciativa, Ivo Marzall a transforma em Sindicato Rural de Imperatriz, sendo eleito como seu primeiro presidente em reunião realizada no dia 12 de janeiro de 1969.
Mesmo sem estar devidamente formalizado, o Sindicato, por iniciativa de sua diretoria tendo à frente o presidente, consegue realizar a primeira Exposição Agropecuária de Imperatriz, bem como a segunda e terceira. Estas três exposições foram realizadas na Quinta de Ouro, propriedade do pioneiro Simplício Moreira. Era uma grande área em que a sede da Quinta estava localizada nas proximidades da atual Escola Rui Barbosa. Uma parte da Quinta, a que estava localizada onde hoje está a Praça da União, foi cedida por Simplício Moreira para a 1ª Expoimp em 1968, o mesmo acontecendo com a segunda e a terceira. Como o local se tornou pequeno face o sucesso do empreendimento, o sucessor de Ivo Marzall, o pecuarista e médico Antonio Regis de Albuquerque, em 1971, assume provisoriamente a presidência da entidade e transfere a exposição para onde hoje está localizada a antiga Cooperleite, na Feirinha do Bacuri, permanecendo neste local, muito impróprio, até 1976.
VENCENDO
DESAFIOS
Uma das maiores dificuldades era o acesso para o Parque de Exposições, principalmente no período das chuvas, quando toda a região se transformava em um verdadeiro lamaçal, dificultando todo o trabalho a ser realizado, mas em especial para o tratamento adequado aos animais que seriam expostos e comercializados.
Ainda assim, com todas as adversidades, a Feirinha do Bacuri foi palco de grandes realizações, e sobretudo como estimulo para que uma nova área fosse adquirida para a construção de um novo parque de exposições, como de fato aconteceu, para tornar a Expoimp a maior e mais importante feira de negócios agropecuários de todo o Norte/Nordeste, sempre atraindo novos expositores e fazendo recrudescer a importância econômica de toda a região, sobretudo se forem considerados os valores que são agregados a cada realização da Expoimp.
Historicamente os maiores desafios superados ao longo da existência do Sindicato Rural de Imperatriz foram de ordem financeira, pois nem sempre o poder público participa deste trabalho como deveria participar, e ainda em razão de um grande número de produtores rurais, que sem a visão do conjunto, somente se filiam ao Sindicato quando de dificuldades pessoais, descobrindo assim, pelo meio mais doloroso, a importância de se ter um sindicato com a envergadura e responsabilidade do Sindicato Rural de Imperatriz. (continua no próximo domingo)
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