Até o final da década de 70 ninguém ousaria acreditar que Imperatriz pudesse crescer também na vertical. Para os céticos que testemunharam a expansão urbana apenas na horizontal, "era impossível à construção civil edificar um prédio na cidade, pois onde não era areia, era brejo." Isso significa afirmar a dimensão dos desafios e adversidades que deveriam ser enfrentados, mas ao tempo como um estímulo à conquista de novas tecnologias, em especial nesse período em que a rodovia Transbrasiliana exigia muito mais à cidade, uma vez que o recrudescimento migratório e os novos investimentos que estavam sendo realizados haveriam de diagnosticar a Imperatriz do futuro crescendo também na vertical. Era uma questão apenas de tempo, da primeira iniciativa nesse sentido para que velhos e carcomidos dogmas e estigmas fossem superados, considerando-se como de fundamental importância para as grandes transformações que estavam por vir, sem levar em conta a circunstância da expansão urbana como consequência natural do período, mas essencialmente o surgimento de novos e importantes investimentos que resultariam no crescimento econômico da cidade, assim como a necessidade de se buscar uma mão-de-obra qualificada para atender a demanda habitacional que não parava de crescer e agora com a visão da qualidade que haveria de transformar a adversidade em novas oportunidades de trabalho, inclusive com investimentos na área comercial pertencente à cadeia produtiva da construção civil. No contexto pode-se afirmar que a qualidade passou a exigir melhor qualificação profissional e sistema de proteção aos trabalhadores, neste caso, por meio de representações associativas ou sindicais. Os resultados são visíveis em todas as áreas, embora reconhecendo as dificuldades encontradas ao longo do caminho desta própria história.
WILTON ALVES
No período pós 1964, quando a turbulência política e social se fazia presente em todos os segmentos da sociedade, em Imperatriz havia a necessidade urgente de criar mecanismos de organização para a classe dos trabalhadores, em especial com referência à construção civil em razão do recrudescimento da expansão urbana, e sobremaneira porque somente com a união dos trabalhadores seria possível buscar novas tecnologias, garantias trabalhistas e ainda os meios que possibilitassem uma melhor qualificação profissional para atender um mercado cada vez mais exigente quanto à qualidade dos serviços que eram oferecidos.
Vencendo o dogmatismo do período em que a palavra sindicato era praticamente um sinônimo de subversão quando inserido na turbulência política, três trabalhadores alimentavam a mesma idéia de unir todos os trabalhadores afins à construção civil para lhes dar não apenas melhores condições de trabalho, mas principalmente um mínimo de garantia trabalhista e representação que lhes pudessem assegurar uma maior e mais importante "negociação salarial". Assim no dia 9 de outubro de 1968 os trabalhadores Luis Faria, Horácio Bezerra e Plínio Cavalcante de Lima, fundam a Associação Profissional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e Oficiais Marceneiros de Imperatriz.
Em razão das dificuldades políticas da década de 60 durante o regime militar, os três profissionais da construção civil, antes mesmo da fundação desta Associação, mas como primeiro passo para chegar a ela, haviam fundado a União Operária/Agrícola de Imperatriz, que seria o embrião para a fundação do tão almejado Sindicato da Construção Civil.
SINDICATO
Superando todas as adversidades do período do regime militar, e ainda na sua vigência, um dos fundadores da União Operária/Agrícola de Imperatriz, Plínio Cavalcante de Lima, consegue a Carta Sindical que transforma a Associação Profissional dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e Oficiais Marceneiros de Imperatriz em Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil.
Em assim sendo, tem-se como data de fundação do Sindicato, a mesma data da Carta Sindical, que foi o dia 4 de junho de 1976, que marcou também a eleição de Plínio Cavalcante de Lima como primeiro presidente da entidade, uma vez que o primeiro presidente, quando ainda Associação, tenha sido também um dos fundadores, o profissional Luís Faria, que foi sucedido por Plínio Cavalcante, o segundo presidente da Associação.
Contudo, um dos maiores avanços a partir da Carta Sindical foi agregar inúmeras outras atividades profissionais afins à construção civil, pois passaram a fazer parte de um mesmo sindicato os trabalhadores de Cerâmicas para Construção, de Mármores e Granitos, Móveis de Madeira, Serrarias, Carpintarias, Tanoarias, Madeiras Compensadas e Laminadas, Aglomerados e Chapas de Fibras de Madeira, de Cortinados e Estofos, de Artefatos de Cimento Armado da Construção de Estradas, Pavimentação, Obras de Terraplenagem em Geral e dos Oficiais Marceneiros de Imperatriz e Região Tocantina.
UMA NOVA
ECONOMIA
A partir da organização dos trabalhadores da construção civil em sindicato, Imperatriz passa a fomentar outras atividades empresariais, e entre as mais importantes, a de materiais de construção. Neste período o migrante e pioneiro Miguel Resende abre as portas da Casa do Construtor, na emergente Avenida Getúlio Vargas, e para assegurar melhor competitividade do mercado, começa a importar vários produtos, entre eles o cimento boliviano, que permitia reduzir em até 30% (trinta por cento) o custo das novas construções que estavam sendo edificadas na cidade.
Pela mesma razão outros segmentos comerciais iniciaram suas atividades, destacando-se o recrudescimento das cerâmicas, assim como novas empresas nos ramos de eletricidade, madeiras, vidros, hidráulicos e sanitários e muitos outros afins.
Conclui-se, portanto, que a indústria da construção civil criou novas perspectivas para a economia do município, o que continua ocorrendo nos dias atuais, sobretudo com dogmas superados, pois a cidade continua crescendo na vertical e demonstrando que novas tecnologias e mão-de-obra qualificada, juntas, seriam as grandes responsáveis pela construção da Imperatriz econômica dos dias hodiernos.
ACII: Completando a informação
Desde a sua fundação até a instalação de sua sede própria, a Associação Comercial iniciou suas atividades com a diretoria se reunindo na casa do migrante e pioneiro Guilherme Cortez.
Quando assumiu a presidência da entidade em 1972, o empresário Francisco Santos Soares (Franciscano) passou a promover as reuniões da diretoria em sua própria casa, até que em 1973 adquire do senhor conhecido por Dr. Bernardino, o prédio na Avenida Getúlio Vargas, que passa a ser a sede própria da entidade.
O valor da aquisição foi de 200.000 mil cruzeiros, sendo 100.0000 mil à vista e o restante em 20 promissórias de 5.000 mil cruzeiros cada uma, avalizadas pelo próprio presidente Francisco Santos Soares, sendo considerada a maior transação imobiliária realizada cidade naquele período.
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