Conforme a tradição, Imperatriz foi fundada pelo religioso frei Manoel Procópio do Coração de Maria, e isso significa que desde a sua fundação, a cidade sempre teve características sócio-culturais relacionadas ao universal princípio do cristianismo, e por isso pode ser observado o desenvolvimento da cidade à luz da edificação de igrejas católicas, assim como de templos evangélicos. Este fator implica em uma contribuição inestimável que foi e é transmitida por pioneiros e migrantes que continuam trabalhando na construção da cidade sem perder de vista os princípios imateriais que caracterizam o histórico de Imperatriz desde a sua fundação. Assim não é sem razão que até mesmo a tradição de religiosidade seja mantida até os dias de hoje, e do ponto de vista material contribuindo, e muito, com os aspectos da expansão urbana, pois em cada local em que foi edificada uma igreja católica ou um templo evangélico, novas comunidades surgiram e passaram a construir novos núcleos residenciais, inclusive acelerando o desenvolvimento urbano de Imperatriz, assim como motivando a abertura de novos estabelecimentos comerciais e para o mercado de trabalho. Sem dúvida alguma, é imensurável a contribuição da fé cristã para que fosse edificada a cidade de hoje, e principalmente para que fossem mantidas as tradições sócio-culturais que fazem parte desta história.

Wilton Alves

Com a chegada de frei Manoel Procópio do Coração de Maria nestas barrancas do rio Tocantins trazendo uma imagem da sua devoção, Santa Teresa d'Ávila, para manter seu compromisso de fé, edifica uma capela em homenagem à santa onde hoje está localizado o hospital da Unimed. Assim a história de Imperatriz começa vinculada à religiosidade de seus primeiros migrantes e à tradição de um País que um dia foi laico.
No entanto, apesar da tradição e de uma comunidade tradicionalmente católica, somente em 1937 foi concluída a construção da Igreja de Santa Teresa d"Ávila, em substituição à capela construída por frei Manoel Procópio. A responsabilidade desta construção foi assumida por frei Francisco, que a construiu e entregou à comunidade no dia 06 de outubro de 1937, para as comemorações do dia da santa. Ela está localizada na antiga Rua XV de Novembro e naquele período passou a sediar todos os eventos religiosos que eram comemorados na cidade, assim como batizados, crismas e casamentos. Na acepção da palavra, a Rua XV de Novembro foi o berço tanto da igreja católica quanto das igrejas evangélicas mais antigas e que ainda hoje existem em Imperatriz.
Por volta de 1890 o jovem João Batista Pinheiro deixa Icó (CE), sua terra natal, e vai para a cidade maranhense de Barra do Corda para iniciar um trabalho missionário. No entanto, vítima da peste bubônica, acaba tendo por amputar as duas pernas, período em que vai para Recife (PE) e chega a sobreviver pedindo esmolas, quando é acolhido pela Igreja Presbiteriana, onde passa cerca de seis meses e manifesta o seu desejo de retornar a Barra do Corda, o que acontece por volta de 1900. Em 1905 chega à cidade o missionário canadense Perrim Smith, que passa a ser o principal colaborador de João Batista Pinheiro como missionário e pregador do Evangelho, o que resultou em 1911 na fundação da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil, que só foi organizada como tal em 17 de julho de 1947, embora já estivesse presente em 11 estados brasileiros, inclusive em Imperatriz, aonde chegou por volta de 1930.
O primeiro templo da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil - AICEB - estava localizado na Rua XV de Novembro, dirigido por três missionários. Quando eles retornaram a Barra do Corda, possivelmente em 1935, deixaram a igreja sob a responsabilidade do obreiro José Joaquim Pereira, considerado o primeiro pastor da AICEB em Imperatriz. Como parte do histórico dele, consta que ele era tenente da PM e por muitos anos foi também delegado de polícia na cidade.

Templos evangélicos
A Igreja Evangélica Assembleia de Deus foi fundada em Belém (PA) em 1910, mas foi constituída por registro público em 18 de junho de 1911 por seus fundadores, os missionários Gunnar Vingren e Daniel Berg, que no mesmo ano ordenaram o primeiro pastor brasileiro da igreja, o obreiro Izidoro Oliveira Filho, que se torna então a segunda geração da Assembleia de Deus no Brasil em relação aos seus fundadores. Em 1950, ainda no estado do Pará, a igreja ordena como pastor a sua terceira geração, o pastor Jairo Saldanha de Oliveira, filho do pastor Izidoro Oliveira Filho. O pastor Jairo depois de realizar inúmeros trabalhos missionários vem para Imperatriz e é eleito o segundo presidente da convenção da Igreja. No seu mandato foi o responsável pela construção do Templo Central da Assembleia de Deus em Imperatriz, até hoje considerado o segundo maior do País.
Em 1954 o pastor Plínio Oliveira realiza o primeiro culto da Assembleia de Deus em Imperatriz; como ainda não havia templo, o culto foi realizado na casa da senhora Felícia Rodrigues Bandeira, conhecida pela igreja como Irmã Bilú. No mesmo período lideranças da Igreja com a participação dos membros existentes compram um terreno na Rua XV de Novembro esquina da Rua Gonçalves Dias para a construção do primeiro templo, a Congregação Jerusalém. Em seguida é formalizada a Igreja e assume como seu primeiro presidente em Imperatriz o pastor Luís de França Moreira.

Expansão cristã
As décadas de 60 e 70 se constituíram em um notável período de expansão das igrejas de confissão cristã. Na Rua Godofredo Viana é edificado o templo da Primeira Igreja Batista (convenção brasileira); na Avenida Getúlio Vargas esquina da Rua Ceará a Igreja Presbiteriana, em 1968, abre as portas do seu templo, que ficou conhecido como "igreja da ponta fina".
No mesmo período denominações como a Igreja Batista (convenção nacional) entrega aos seus membros seu primeiro templo na atual Praça da Bíblia; iniciam também seus trabalhos na cidade a Igreja Cristã Evangélica do Brasil - ICEB - ; Igreja Luterana, Igreja Messiânica, Maranata e Adventista do 7º Dia, sendo que inúmeros outros templos católicos eram construídos e entregues à comunidade católica da cidade, e em sendo assim, tanto igrejas evangélicas quanto católica passaram a dar uma contribuição imensurável à expansão urbana de Imperatriz, bem como em todos os seus aspectos sócios e culturais.