À primeira vista, desde a fundação da cidade até meados da década de 50, Imperatriz dava demonstrações de ser desorganizada, sem representação de classe ou de instituições devidamente estruturadas para atender uma demanda crescente de seus representados, cada vez maior, em razão do processo migratório, bem como da necessidade, embora circunstancial, para elaborar uma dinâmica representativa de classe, fosse de trabalhadores ou patronais, daqueles que fomentavam o progresso e desenvolvimento da cidade por meio dos investimentos então realizados, em especial pela vocação de Imperatriz em transformar-se no maior e mais importante centro de integração do Sul do País com as regiões Norte e Nordeste. Historicamente a primeira instituição devidamente organizada e com relevantes serviços prestados à sociedade foi a Igreja Católica, inclusive como responsável pela sua participação no desenvolvimento urbano de Imperatriz. A partir dos anos 30 com a chegada da primeira igreja evangélica - AICEB - houve um recrudescimento de todas as atividades realizadas em Imperatriz. No entanto, somente a partir de meados da década de 50 as exigências se tornaram mais urgentes, sobretudo em razão da diversificação das atividades desenvolvidas, fosse do primitivismo comércio ou na emergente área industrial, onde a construção civil começa a dar sinais de que era chegado o momento da organização - representação de classe - para acompanhar uma demanda que resultou na Imperatriz de hoje, indiscutivelmente uma cidade que possui instituições que representam a grande diversidade existente entre trabalhadores, assim como a classe patronal, o que somados dão à cidade novos aspectos culturais, em especial quando em seu bojo estão alicerçados todos os resultados econômicos do município.
WILTON ALVES
Durante décadas apenas instituições religiosas estavam devidamente organizadas em Imperatriz, mas se constituíam no embrião cultural para a formação de novas representações, em princípio como associações, mas que no decorrer do tempo foram transformadas em sindicatos, em órgãos que ainda hoje, com competência, representam a classe dos trabalhadores, mas sem dúvida alguma, ressaltando que muitas dessas associações eram constituídas pela classe patronal e também resultaram em importantes sindicatos localizados na cidade.
Em um retrospecto histórico, não há como deixar de entender as dificuldades e desafios enfrentados no início dessas transformações sociais que envolvem a representação de classe, em especial quando é preciso considerar que até meados da década de 50 a cidade não tinha mais que três mil e quinhentos habitantes e estava limitada tão somente a três e importantes ruas, que são as atuais Frei Manoel Procópio, Manoel Bandeira e Godofredo Viana, além de poucas ruas transversais, o que significa afirmar, em síntese, que a economia de Imperatriz, em um longo período, esteve alicerçada no comércio e uma emergente atividade pastoril.
Em relação ao desenvolvimento industrial, as primeiras olarias, ainda na década de 30, serviram de base para que outras indústrias fossem instaladas, como o primeiro curtume, na atual Rua Dorgival Pinheiro, nas proximidades do rio Tocantins, que também deu origem à Associação dos Oleiros de Imperatriz, transformada posteriormente em Sindicato.
EMERGENCIA
COMERCIAL
Desde a fundação da cidade, por força das circunstâncias, as primeiras atividades econômicas estavam voltadas para o comércio, em especial gêneros alimentícios, vestuário, e principalmente produtos voltados para o trabalho no campo.
Como Imperatriz matinha intenso comércio com outros municípios, como Grajaú, foi indispensável diversificar a atividade comercial da cidade, onde se destacaram Gumercindo Milhomem, Raimundo Nogueira e Guilherme Cortez, que inclusive abriram espaço para novos investimentos, destacando-se no novo período econômico, na antiga Rua XV de Novembro, o empresário Manoel Ribeiro Soares, assim como outras empresas comerciais nas ruas Manoel Bandeira e Godofredo Viana. Nesta última onde estava localizado o Armazém Piauí e a loja pertencente a Kinel Nascimento. Posteriormente chega o Armazém Paraíba e muitas outras empresas abrindo filiais na cidade.
Com a expansão urbana em desenvolvimento e a abertura da Rua Simplício Moreira, na década de 50, é aberta mais uma importante loja, a Casa Paraibana, que inclusive contribuiu, e muito, para acelerar a ocupação da emergente Praça de Fátima, onde muitas empresas abriram suas portas e passaram a fazer parte do contexto circunstancial para a formação de novas associações e sindicatos.
SINDICATOS
Sem observar uma ordem cronológica, alguns dos mais importantes sindicatos de Imperatriz tiveram sua origem no plano da associação, como é o caso do Sindicato Rural, que no princípio era uma Associação de Criadores, assim como a Associação dos Oleiros, mais tarde transformada em sindicato. Ainda como fruto das circunstâncias, entre as décadas de 50 e 60, outros importantes sindicatos foram criados, como o Sindicato da Construção Civil, dos Arrumadores e dos Trabalhadores Rurais. Em datas posteriores, praticamente todas as categorias profissionais existentes em Imperatriz se organizaram em sindicatos, como dos trabalhadores na educação, da saúde, do comércio e da indústria.
Entre os mais importantes órgãos de representação de classe está a atual Associação Comercial e Industrial de Imperatriz, que nos seus primeiros dias tinha a nomenclatura de tão somente Associação Comercial.
Em síntese, a cidade que estava rompendo as fronteiras da chamada cidade velha, em razão de novos investimentos e do crescimento da demanda na prestação de serviços, vinculada à expansão urbana e ao recrudescimento da construção civil, abriu novos caminhos para novas e importantes associações, como a Associação Médica, dos Contabilistas e entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil e os Conselhos Regionais de Medicina, Odontologia, Farmácia, Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o Clube de Imprensa de Imperatriz, que deu origem à Associação de Imprensa da Região Tocantina e ao Sindicato dos Jornalistas e Radialistas, entre muitos outros.
FAZENDO HISTÓRIA
Hoje é praticamente inesgotável o histórico relacionado com as representações de classe existentes em Imperatriz, o que exige da própria história uma pesquisa acurada de cada sindicato e cada associação, sobremaneira relacionando-as aos seus precursores, a migrantes com a visão, naquele período, para a cidade de hoje, expressiva em todas as áreas, mas destacando-se sempre a área de sua economia que passa pela expansão urbana e pela indústria da construção civil.
Contudo, é importante ressaltar o trabalho desenvolvido pelas associações e sindicatos patronais, que em síntese são os responsáveis pelo surgimento e manutenção dos demais, incluindo-se nesse contexto o poder público, em especial o do município, que abrange uma grande parte dos trabalhadores da cidade e com reflexos até mesmo em municípios vizinhos.
Portanto, não há como excluir, tanto associações quanto sindicatos, da história da própria cidade. Uma história que está apenas começando quando se faz uma projeção do futuro da cidade e dos investimentos econômicos que ainda serão feitos.
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