"Cada povo tem o governo que merece" pode ser uma verdade, mas não é absoluta, uma vez que em muitos casos a representação política é o reflexo de uma maioria imediatista e que não pensa, que se deixa enganar pela volúpia do poder e não consegue recusar uma oferta, por menor que ela seja, no momento de dar um voto, o que leva à constatação de que Imperatriz, por um lado, é predestinada ao progresso e desenvolvimento, e por outro está fadada a conviver com representantes políticos em que a visão sempre é limitada pelos interesses pessoais, ou quando muito, em benefício de grupos, desde que resultem no continuísmo como resultado de uma conta paga, pois quem vende um voto não tem condições éticas ou morais para fazer qualquer cobrança, antes se lhes aplica a regra geral: "uma pessoa que se vende, por muito menos que se pague por ela, é sempre mais do que ela vale". Em assim sendo, tornou-se mais fácil compreender quando a massa (muitas vezes de manobra) constituída pela população mais pobre sai às ruas reivindicando seus direitos escudados pela palavra de ordem de que "nós pagamos nossos impostos (?) e temos que ser atendidos, pois não aceitamos os políticos corruptos que só trabalham para os ricos." Nesse caso vender o voto não é um ato de corrupção e ficar sem trabalhar à espera de ajuda do governo é o foto dos direitos adquiridos. Para os sociólogos é uma anomalia social atípica; para a classe política é o discurso pré-elaborado que se faz presente em todos os períodos eleitorais, e para o populacho uma oportunidade única de negociar o voto, não importam as conseqüências, ainda que a conta a ser paga seja dividida, em quase todos os seus aspectos, por todas as camadas sociais, sejam elas ricas, pobres ou miseráveis.
WILTON ALVES
Um dos problemas mais sérios e crônicos de Imperatriz é o tráfego de veículos. O trânsito é congestionado e cada metro quadrado de uma rua ou avenida é disputado por pedestres, ciclistas, motociclistas, automóveis e caminhões de todos os tamanhos e capacidade de carga. Para a maioria dos observadores da situação ela é insolúvel, em especial porque ao longo do tempo a expansão urbana deu-se de forma desordenada, sem planejamento, principalmente porque a maioria dos bairros e vilas existentes na cidade é resultado de invasões, o que leva à análise mais simples: Constrói-se primeiro e depois se busca os benefícios indispensáveis da infra-estrutura, e aí os problemas se agravam cada vez mais.
Para analistas do problema falta vontade política e também autoridade dos representantes públicos, apenas locais (vereadores) visto que a cidade é despojada de representações na Assembleia Legislativa, no Senado ou na Câmara Federal. Imperatriz nesta questão assemelha-se muito mais a um fundo de quintal do poder público do que a primeira, maior e mais importante cidade do interior do Estado.
À luz da história, raras vezes observou-se um planejamento adequado à expansão urbana e os benefícios a ela relacionados, assim como um comprometimento da própria sociedade, como um todo, em que a cultura não passa de exigências absurdas, como nos bairros periféricos, e até mesmo em setores nobres da cidade, onde o lixo é jogado no meio da rua; residências que são invadidas pelo mato e os moradores nada fazem para corrigir estas distorções culturais. Para eles tudo é responsabilidade da Prefeitura. E limpar a própria casa não o é, e este conjunto é mais um agravante à precariedade do trânsito na cidade.
LENÇOL FREÁTICO
A cidade de Imperatriz foi construída sob um imenso lençol freático de superfície, um brejo, na acepção da palavra, razão para explicar os constantes afundamentos da camada asfáltica, assim como o surgimento de imensas crateras que dificultam o trânsito, provocadas também pelo fluxo de veículos pesados. A primeira rua da cidade a receber calçamento foi a Rua XV de Novembro, ainda na década de 70, na gestão do prefeito Carlos Gomes de Amorim. O secretário de obras do período, engenheiro Francisco Chagas, conhecendo todos os problemas existentes, optou por fazer o calçamento com bloquetes, que além de não impermeabilizar o solo, como o asfalto, ainda permite filtrar a água da chuva em processo natural. O resultado é que a Rua XV de Novembro, até os dias de hoje, é a única da cidade que se mantém intacta e sem causar danos ao patrimônio público.
Este é o processo que deveria nortear todo o calçamento da cidade, por ser mais barato, mais durável e mais facilidade de manutenção do que o asfalto. Além disso, não se pode perder de vista a responsabilidade da Câmara Municipal em estabelecer e fazer cumprir um horário de carga e descarga, em especial no centro da cidade, como medida paliativa para conservação do asfalto existente, até que o poder público decida por construir a Avenida Perimetral Norte/Sul ligando o Conjunto Vitória ao povoado Lagoa Verde, que desafogaria o tráfego de veículos pesados na área urbana da rodovia Transbrasiliana.
TRANSPORTE COLETIVO
Outro problema sério do tráfego em Imperatriz é o serviço de transporte coletivo. A solução, que depende de vontade e autoridade política, seria a criação de faixas exclusivas para ônibus, pelo menos nas áreas mais críticas, como a Dorgival Pinheiro e Luís Domingues, além do aumento da frota para atender uma demanda defasada, principalmente em relação a setores como o grande Santa Rita e Bacuri.
Importante ainda, e depende da classe política, a criação de novas linhas para atender novos bairros e vilas que estão surgindo, e outros que estão em plena expansão urbana, o que sempre resulta, também, em aumento da demanda, notadamente no seio da classe estudantil, com ênfase para o ensino universitário, considerando-se a localização do Campus II da Universidade Federal, no bairro Bom Jesus, que necessita, ainda e com urgência, de novas vias de acesso para tornar racional o tráfego de veículos, tanto de ônibus como de automóveis e motocicletas, além de um conjunto de medidas, em parceria do município com o Estado, na área da segurança pública.
Outro gargalo do trânsito em Imperatriz são os estacionamentos em fila dupla, assim como ultrapassagens perigosas por motocicletas pelo lado direito dos veículos. Isso se dá por falta de fiscalização adequada, pela ausência dos policiais de trânsito, tanto no centro quanto nas áreas periféricas da cidade onde também os problemas são aparentes e de fácil solução.
Em síntese, todos os problemas decorrentes do trânsito em Imperatriz passam por uma solução política, que somente será possível com o cumprimento das leis já existentes, bem como pela autoridade que foi delegada aos representantes públicos por meio do voto. Sem lei e sem a prática da autoridade, Imperatriz vai continuar sendo um simples quintal do poder político, sobremaneira da Capital do Estado, até que a cidade desperte e tenha consciência de sua responsabilidade para com o progresso e desenvolvimento da cidade.
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