Sem dúvida alguma que o caminho ligando Imperatriz ao povoado da Gameleira tivesse sido o precursor de uma das mais importantes regiões da cidade, mas com a necessária observação de que o Entroncamento tenha sido o começo, na acepção da palavra, da ocupação e expansão urbana da cidade nova a partir dos anos 60. Quatro importantes ruas do período, as atuais Babaçulândia (caminho da Gameleira), Dorgival Pinheiro, Luís Domingues e Benedito Leite, que deram origem ao termo "mangueirão" em razão das grandes mangueiras existentes em toda a região. Neste contexto estavam incluídos o Entroncamento e a Praça Lino Teixeira, os setores mais destacados em relação à rodovia Transbrasiliana, o principal agente de transformação do histórico urbanístico, econômico e desenvolvimento social da nova cidade, lembrando que em todas essas atividades estavam presentes os migrantes e imigrantes que estavam construindo a cidade, além de se constituírem como investidores em diversas áreas da economia, mas com destaque para dois dos mais relevantes segmentos, que eram as oficinas mecânicas e as primeiras lojas de autopeças, principalmente para o atendimento de veículos pesados que já trafegavam pela nova rodovia.
Wilton Alves
Como resgate da verdadeira história de Imperatriz, a primeira revenda de autopeças estava localizada na cidade velha, na atual Rua Godofredo Viana, assim como o Armazém Piauí, que eram empreendimentos do migrante e investidor Kinel Nascimento, ainda nos primórdios da expansão urbana da cidade. Com o movimento da construção da rodovia Transbrasiliana e a própria expansão urbana, vieram também as primeiras oficinas, praticamente todas na região do Entroncamento, incluindo a região que se tornou muito conhecida como "mangueirão", em especial no prolongamento da Rua Benedito Leite.
Se por um lado a estrada que ligava Imperatriz à Gameleira, até 1961, era a perspectiva da expansão urbana da cidade, por outros pioneiros ocupavam a partir deste período o prolongamento das atuais ruas Dorgival Pinheiro, Luís Domingues e Benedito Leite, dando início a um dos setores econômicos mais importantes da cidade, que eram as oficinas mecânicas que davam suporte ao cada vez maior tráfego de veículos na rodovia Transbrasiliana. Entre esses pioneiros estava o migrante Lucas Carneiro e sua oficina especializada em motores elétricos e baterias, sendo inclusive a primeira deste gênero em toda a região.
É interessante observar que a região denominada como Entroncamento, a partir da construção do Hotel Anápolis e da primeira rodoviária, no início da atual Avenida Babaçulândia, deu origem a novos investimentos, de tal forma, que a expansão urbana se concretizava em duas frentes, tanto da cidade velha em direção à rodovia quanto desta em direção à cidade velha, tendo como precursoras as ruas Dorgival Pinheiro, à época BR 14; Avenida Getúlio Vargas e ruas Luís Domingues e Benedito Leite.
Nova economia
Na imensidão do Entroncamento após a chegada da rodovia Transbrasiliana, as opiniões se divergiam em relação a novos investimentos, considerando-se que a cidade no período não dispunha de qualquer infraestrutura, inclusive a ausência do mais importante fator de desenvolvimento, que é a energia elétrica. Todas as adversidades não impediram que o pernambucano Cândido Alves de Alencar fixasse sua vida em Imperatriz naqueles primeiros dias de 1963. Mestre Cândido, como era conhecido, tinha determinação, e assim abre a sua oficina debaixo de uma grande mangueira, e ela acabou ficando conhecida como "oficina da mangueira". Somente após a abertura da firma (registro) é que ela recebeu o nome de Oficina São Francisco, e hoje Hidráulica São Francisco, tendo à frente o seu filho Cândido Alves de Alencar Filho, respeitado e conhecido em Imperatriz pelo apelido carinhoso de Candinho.
Mestre Cândido era um pioneiro na acepção da palavra, e além de antecipar o futuro da cidade quando coloca à disposição da cidade o primeiro ônibus de transporte coletivo ligando o Entroncamento à atual Praça da Metereologia. Este primeiro ônibus ficou conhecido em Imperatriz pelo nome de jabuti, e durante muito tempo prestou relevantes serviços no transporte urbano de passageiros.
Ainda no conceito econômico a importância do migrante Pedro Gomes de Oliveira, conhecido por Pedro Caetano, que entre muitos empreendimentos, cria o Expresso Estrela Dalva, com uma frota de caminhões adaptada para o transporte de passageiros, ligando Imperatriz a toda região tocantina, ao Maranhão e cidades do Piauí, inclusive a capital Teresina. A empresa opera com os paus-de-arara o início da década de 80, quando as estradas são melhoradas e passam a receber o tráfego de ônibus. No período de 1966 Pedro Caetano abre as portas da Auto Peças Estrela Dalva, no Entroncamento, e em 1970 transfere a empresa para o também importante migrante e pioneiro Waldemar Souza Lima. A Auto Peças Estrela Dalva é hoje a mais antiga de Imperatriz.
Novo Entroncamento
No dia 15 de outubro de 1959 chega a Imperatriz o jovem migrante Valdo Paulo de Moraes. Neste período difícil da expansão urbana da cidade, o migrante começa sua vida trabalhando com um dos mais importantes empresários de Imperatriz, o também migrante Manoel Ribeiro Soares, proprietário do maior armazém localizado na então cidade velha.
Pouco tempo depois Valdo Paulo de Moraes presta serviços ao antigo DNER, para em seguida trabalhar como almoxarife e responsável pelo fornecimento de peças à frota de pau-de-arara de propriedade do migrante Pedro Caetano. No entanto, disposto a trabalhar por conta própria, decide abrir um quiosque, mas recebe forte oposição do Mestre Cândido que lhe observa: "Seu ramo é de autopeças, e é com isso que você vai trabalhar." Assim, incentivado e apoiado por Mestre Cândido, Valdo Paulo de Moraes abre as portas da Wilamar Auto Peças, e com Waldemar Souza Lima ao lado com a Auto Peças Estrela Dalva, surge no Entroncamento a perspectiva de uma expansão urbana, tão expressiva, que deu origem a novos bairros e novos investimentos econômicos na cidade. Do antigo e imenso areal surgiu um novo Entroncamento onde pulsa um dos corações da economia de Imperatriz.
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