Grande parte da história de Imperatriz, quando o assunto é o seu desenvolvimento, percebe-se uma visão distorcida de muitos autores desta questão, que sempre relacionam o crescimento econômico a três ciclos distintos: arroz, madeira e Serra Pelada. Ora, se são ciclos, são também transitórios e não refletem os aspectos que verdadeiramente caracterizam a economia da cidade, historicamente associada à construção civil, valorização imobiliária e investimentos nos setores que geram emprego e renda, destacando-se o comércio, indústria e prestação de serviços, a maioria em caráter permanente e que resultam em atração para novas iniciativas econômicas que sistematicamente passam pela construção civil e valorização imobiliária, responsáveis diretas pela expansão urbana e qualidade de vida, tanto de investidores quanto da mão-de-obra indispensáveis para que o histórico econômico de Imperatriz se constituísse também em avanços sociais e culturais, como pode ser constatado no perfil da Imperatriz de hoje que continua crescendo, progredindo e desenvolvendo de forma equilibrada, sustentável e permanente como requer a economia de um município, no caso o município e a história de Imperatriz.
Wilton Alves
Ao término da década de 60, já com a rodovia Transbrasiliana ainda sem asfalto, que só foi concluído em 1973, os investimentos no setor que mais pareciam uma estranha "loteria" foram se constituindo em uma base sólida para o desenvolvimento econômico de Imperatriz. Empresas chegavam com a responsabilidade de vencer os maiores desafios e adversidades, e entre tantos que se apresentavam estava a falta de energia elétrica. A solução imediata foi a instalação de geradores pelas próprias empresas, inclusive as que fizeram parte do ciclo econômico da madeira.
Embora a indústria madeireira fosse um período de transição (que não se inclui a indústria moveleira), não deixou de contribuir de maneira expressiva com a expansão urbana da cidade, sua economia e desenvolvimento social. Exemplo dessa contribuição no ápice do ciclo foi constatar que em Imperatriz havia pelo menos 320 serrarias. No entanto, a maior contribuição estava ligada ao crescimento urbano proporcionado pela rodovia Transbrasiliana, onde foram instaladas empresas como a 3 Pinheiros, Madeireira Nacional, Cobraice e Domasa, além da implantação de grandes laminadoras na cidade.
Da mesma forma que Imperatriz atraiu o empresário Wilson Lisboa Alencar (Jardim 3 Poderes), em 1966 o então jovem Ary Pinho percorre toda a rodovia Transbrasiliana e acaba fixando residência no Estado do Pará. Todavia, Imperatriz não lhe saiu mais da cabeça, e assim em 1975 retorna à cidade, e como primeiro investimento adquire o Posto Santa Teresa, construído pelos pioneiros Raimundo Herênio Ribeiro (Mundico, filho de Jonas Ribeiro) e seu sócio, o contabilista Caraciolo Rocha.
Nova Transbrasiliana
Quando a referência é a rodovia Transbrasiliana, o seu principal período envolve as décadas de 70 e 80, indiscutivelmente mudando a economia e a história de Imperatriz. Assim é que em 1972 chega à cidade o empresário Euclides Fachinni, que deixou sua terra natal, Votuporanga (SP), onde começou a vida como ferroviário e dono de uma pequena firma de reforma de carrocerias de caminhão, literalmente no quintal de sua casa, para implantar na cidade o que no começo era apenas uma fábrica de carrocerias, aproveitando a disponibilidade de madeira na região. Posteriormente, como praticamente todos os investidores brasileiros da época, Euclides Fachinni também fez financiamentos, o que resultou a todos, na década de 80, em razão de planos econômicos mirabolantes do governo federal, em uma "quebradeira" geral, entre elas a Indústria Fachinni, face uma inflação mensal na ordem de 82% (oitenta e dois por cento).
Euclides Fachinni ousou resistir porque tinha a consciência de que Imperatriz haveria de suportar, como nenhuma outra cidade brasileira, uma economia nacional tão fragilizada como a daquele período. Para um homem de fibra como ele, não, que ficou em Imperatriz e foi à luta até superar todas as dificuldades impostas até então, o que resultou na empresa de hoje com filiais em vários estados e se constituindo em uma das maiores fabricantes de caçambas, baús e carrocerias do País. Poucas pessoas acreditaram tanto em Imperatriz quanto Euclides Fachinni.
Indiscutivelmente, os anos 70 e 80 transformaram todo o histórico da cidade em relação à rodovia Transbrasiliana, pois nesse período os investimentos foram imensuráveis e grandes empresas continuaram a chegar, como o Frigorífico Vale do Tocantins, empreendimento dos paulistas João Matiolli e Cláudio Rodante, vindos da cidade paulista de Fernandópolis; no mesmo período é inaugurada a Casas Uberlândia, no período um dos maiores atacadistas do País; de Anápolis o empresário Washington Constant inaugura na cidade a empresa Pneu Zero. No contexto dos investimentos, a Transbrasiliana Transporte e Turismo inaugura sua nova garagem para dar suporte à sempre crescente linha Belém-Brasília. Nesse período a empresa designa para a cidade o seu primeiro gerente regional, o jovem Antonio Januário Sobrinho, que moderniza o atendimento, abre novas linhas regionais e faz a renovação da frota de ônibus, adquirindo 40 novas unidades para a regional de Imperatriz.
No início dos anos 80, o empresário e investidor Gilberto Francisco de Souza implanta a Distribuidora de Veículos Karajás (DIVEKAR), no período a maior concessionária Fiat de todo o Norte-Nordeste, abrindo caminho para que novos investimentos nesta área fossem realizados, como aconteceu com a vinda da CCI (Companhia Comercial de Imperatriz) com a revenda e manutenção de veículos da linha Chevrolet, além de empresas como a Retífica GP de Motores, Pneus Brasil e uma cadeia de concessionárias de veículos de todas as marcas existentes hoje no mercado brasileiro.
Transbrasiliana hoje
Decorridos menos de 40 anos desde o início da ocupação das marginais da rodovia por investidores em áreas do crescimento econômico, a rodovia Transbrasiliana de hoje há muito superou os limites dos seus primeiros anos e consagrou historicamente um dos maiores índices de desenvolvimento social e econômico do Norte-Nordeste.
Um novo quadro foi desenhado na Transbrasiliana de hoje com a instalação de hipermercado (Atacadão, do grupo Carrefour), Shopping Center (com destaque para o Imperial) e hotéis de nível nacional, além de centenas de empresas prestadoras de serviço que promovem, por suas atividades, uma expansão urbana das mais expressivas promovendo e ampliando a indústria da construção civil e todos os aspectos do desenvolvimento econômico da cidade.
Com esta matéria encerra-se um dos mais importantes períodos históricos de Imperatriz em relação à Rodovia Transbrasiliana, BR 14 ou BR 010. Contudo, a história continua e esta importante rodovia vai continuar recebendo novos investimentos e elevando cada vez mais o perfil econômico da cidade, da região e do Estado.
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