Os pioneiros estão morrendo e levando com eles a história e a memória de Imperatriz. A cidade está ficando órfã de suas lutas, dos desafios que foram superados e das adversidades que nortearam sua trajetória no decorrer do tempo até os dias de hoje. O patrimônio histórico da construção civil está sendo demolido para a construção de casas noturnas, e não há quem se importe com isso. O sacrifício de imigrantes e migrantes perde o valor ante a falta de compromisso histórico dos representantes políticos da cidade que sentem prazer na inércia e inoperância como resultado de vivenciar o novo e promulgar o presente para assegurar às gerações do futuro o direito de conhecer a história dos antepassados, de todos aqueles que edificaram a Imperatriz de hoje que todos exaltam, mas ficam à margem de sua caminhada que acontece a cada dia de suas conquistas e transformações em todas as áreas, seja elas do conhecimento humano, da construção civil, de uma economia cada vez mais importante, do desenvolvimento social ou da qualidade de vida, que para muitos políticos não passa do acúmulo de bens ou de engordar a conta bancária, uma visão histórica distorcida e equivocada das autoridades que deveriam ter a consciência e responsabilidade de preservarem o patrimônio histórico, cultural, geográfico e ainda um memorial para resgate da própria história da cidade. Se isso não acontece, cabe afirmar que uma cidade sem história é apenas um sinal no mapa do Estado ou do País. Nada mais que isso, e ainda, como uma confissão pública de que a cidade é constituída de autoridades sem compromissos históricos, e por isso sem nenhum valor em relação a si mesmos como representantes de ninguém.
Wilton Alves
Poucas cidades brasileiras têm um perfil histórico como Imperatriz, mas o seu patrimônio maior, o cultural, sempre foi relegado a um segundo plano porque as autoridades do município, Câmara de Vereadores e Secretaria da Cultura, tentam empurrar garganta abaixo da cidade que os valores culturais nunca vão além do carnaval, festas juninas ou bumba-boi, que na verdade todos eles têm raízes e manifestações de religiosidade. São também importantes? Sim. Mas a história vai muito além e tem raízes e manifestações que transcendem a falta de conhecimento e compromissos das autoridades municipais, em todos os tempos, para que a história de Imperatriz fosse sendo sepultada, aos poucos, ao lado de pioneiros, imigrantes e migrantes que construíram esta cidade.
Pode parecer absurdo, mas até hoje nunca foi feito um levantamento do patrimônio histórico de Imperatriz, e num futuro muito próximo, ele não poderá ser mais realizado porque está sendo demolido para a construção de novos prédios e um sem número de casas de diversão. Percebe-se ainda neste contexto que há uma passividade fluindo do silêncio comprometedor e omisso daqueles que deveriam zelar pela conservação deste patrimônio que está desaparecendo, e do pouco que ainda resta, como a casa construída por Jonas Ribeiro, na atual Praça da Cultura, ainda não teve o seu tombamento histórico e pode acabar sendo demolida levando em seus escombros uma grande parte da história da cidade.
Depredação consentida
A Rua de Dentro, XV de Novembro ou atual Frei Manoel Procópio poderia ser um grande museu a céu aberto, mas não é, porque o seu patrimônio histórico sofreu uma depredação consentida das autoridades municipais. Prédios como o da primeira prefeitura, agência dos correios, fórum, delegacia de polícia, cartórios e farmácias e um número expressivo de edificações residenciais e comerciais hoje só existem em algumas fotos, assim como as primeiras hospedarias, que nem fotos sobraram. Não houve sequer um que se preocupasse com o tombamento histórico desse patrimônio que contava a história do nascimento e crescimento de Imperatriz.
O mesmo princípio se aplica em relação às ruas transversais mais antigas, como a Santa Teresa, São Domingos, Magalhães de Almeida e até mesmo a antiga Rua do Meio, atual Rua Coronel Manoel Bandeira. O maior crime contra o patrimônio histórico de Imperatriz, no entanto, é a constatação de que o valioso acervo que pertence à cidade hoje está sendo deteriorado pelo tempo em um verdadeiro depósito de lixo na Capital do Estado, como o primeiro relógio de parede como acervo da agência dos correios; equipamentos do telégrafo e carimbos de metal, pesos e medidas doados pela Imperatriz Teresa Cristina à cidade, também se encontram na Capital do Estado, e não há ninguém para buscá-los de volta, porque Imperatriz ainda não possui um MUSEU.
É importante observar que muitos outros tesouros patrimoniais e históricos continuam na cidade, como o primeiro relógio de parede pertencente a uma tradicional família imperatrizense; uma máquina de escrever com teclados de cristal (ou de vidro) de 1912; dois teodolitos, sendo que um deles foi usado na demarcação de ruas da Nova Imperatriz e do Setor Juçara, em área que pertencia à fazenda do cidadão conhecido por Antonio Galinha. O outro hoje pertence à família do saudoso agrônomo Natanael; pesos da época do Império; um guampo de 1920; moedas antigas e inúmeros outros patrimônios, que somente serão doados quando a cidade possuir um MUSEU.
Conclusão
Qualquer tentativa de preservar a história de Imperatriz sem a iniciativa política será inócua e vazia, uma vez que somente com a iniciativa política dos representantes do povo será possível conceber um museu geográfico e histórico, o tombamento do patrimônio histórico e a criação de um memorial para preservar a identidade de todos aqueles que escreveram a própria história da cidade.
Lamentável é concluir que Imperatriz depende de uma decisão política para resgatar sua história e preservar o que ainda resta do seu patrimônio, inclusive um dos mais importantes é o da imagem e do som, que sequer um dia chegou a ser discutido pelas autoridades políticas da cidade. Lamentavelmente ainda porque Imperatriz produziu e continua produzindo obras literárias sobre sua história, mas estas obras sequer são citadas nas escolas públicas ou privadas do município também em razão da inércia política dos "representantes do povo" na Câmara Municipal, e ainda pela omissão dos responsáveis pela preservação da história cultural da cidade.
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