De maneira extraordinária, cada período do desenvolvimento de Imperatriz se constitui em um novo capítulo histórico. Assim foi com a cidade velha e com a cidade nova a partir das ruas traçadas por Mundico Barros na construção do "centro" da cidade até o final da década de 60, quando a expansão urbana, surpreendentemente, projeta Imperatriz de forma a ensejar novos bairros, setores e vilas, tão conhecidas nos dias de hoje, como o Setor Juçara e o bairro da Nova Imperatriz. Nada ficou por conta do acaso, não fosse uma projeção tímida para aqueles que sequer poderiam imaginar a cidade com mais de trezentos mil habitantes, o que certamente explica as ruas estreitas e avenidas que não comportam mais o movimento de hoje, em especial relacionado ao número de veículos que circulam pela cidade, e como um reflexo da construção civil e das atividades econômicas e sociais que continuam alimentando uma expansão urbana inigualável em relação ao Estado ou à própria Região Nordeste do País. No contexto é importante ressaltar o trabalho desenvolvido por pioneiros e migrantes que continuam construindo a história da cidade, vencendo desafios e adversidades.

Wilton Alves

A década de 50, um dos períodos mais importantes do desenvolvimento de Imperatriz em relação à expansão urbana, foi também o período das maiores dificuldades de Mundico Barros para planejar e executar seu projeto de crescimento da cidade, em especial pela ausência de tecnologia e técnicos especializados nesta tarefa, e ainda porque ele sabia que outros desafios haveriam de surgir porque o crescimento de Imperatriz não ficaria restrito, à esquerda a Avenida Getúlio Vargas, tão somente até a Rua Antonio de Miranda ou a Rua Bom Futuro.
Nos primeiros anos da década de 60 começava a fluir a perspectiva do desenvolvimento da expansão urbana "fora do alcance" da rodovia Transbrasiliana, um significado insofismável de que Imperatriz teria novas alternativas de investimentos, em especial por meio da construção civil, prestação de serviços e a presente necessidade de novos núcleos residenciais. Faltavam as ruas, o prolongamento das já existentes e o desafio de superar conflitos de terras nas fazendas que havia no entorno da cidade.

Novos rumos
Em 1958, vindo de Picos, estado do Piauí, chega a Imperatriz o migrante e topógrafo Natanael Cipriano de Araújo, que imediatamente começa a prestar seus serviços profissionais à Rodobrás. Neste período histórico trabalhando na abertura da rodovia Transbrasiliana. Não demorou muito e Natanael de Araújo estava caminhando ao lado de Mundico Barros e já projetando para os primeiros anos da década de 60 a criação do setor, ou Bairro Juçara, com limites definidos, em especial pela Avenida Bernardo Sayão que começava a ser aberta. Indiscutivelmente era o início de um novo período histórico para Imperatriz.
Assim Natanael Cipriano de Araújo, concluída a abertura da rodovia Transbrasiliana, deixa a Rodobrás e coloca-se à disposição de Mundico Barros para mais este desafio de sua vida e da cidade, confidenciando a seus amigos: "sou piauiense de nascimento, mas de coração já sou imperatrizense". Após essa confidência, Natanael de Araújo fixa em definitivo a sua residência na cidade. Este era sem dúvida alguma o começo de uma nova etapa na expansão urbana de Imperatriz com o novo e emergente bairro Juçara.

Vencendo desafios
A abertura das ruas que dariam origem ao bairro Juçara estava avançada e quase concluída quando em 1966, um novo migrante, Vicente Bernardino Bezerra Fialho, natural de Lavras das Mangabeiras (CE), onde nasceu em 1911, mas com apenas quatro anos de idade, em 1916, em companhia da família vem para o Maranhão. Como a década de 60 estava no centro da expansão urbana de Imperatriz, Vicente Fialho, prático em topografia, aliou-se a Natanael de Araújo, e o que era improvável pela ausência de técnicos especializados, um planejamento adequado à expansão urbana, ganha nova configuração a partir da administração do prefeito João Menezes de Santana. Os olhos estavam fixos no bairro Juçara, mas o olhar estava voltado para dalém da Avenida Bernardo Sayão, isto é, um novo bairro, o da Nova Imperatriz. Mas esta é uma nova história, a que começou no primeiro mandato do prefeito Renato Cortez Moreira.
Embora fosse apenas prático no exercício da topografia, Vicente Bernardino Bezerra Fialho deu imensurável contribuição ao desenvolvimento urbano de Imperatriz e possivelmente quem tenha enfrentando os maiores desafios. Entre os tantos enfrentados, foi presenciar grande parte de seus equipamentos técnicos serem destruídos por tiros de espingarda como tentativa de impedir o trabalho que estava sendo realizado para a expansão urbana da cidade. Este desafio teve sua origem em conflitos de proprietários rurais da região, tanto do bairro Juçara quanto da Nova Imperatriz.
Mesmo com todas as dificuldades, fazendeiros da região começaram a ceder à necessidade do crescimento urbano de Imperatriz. Alguns chegaram mesmo a fazer doação de lotes para que novas moradias fossem construídas, assim como incentivar a abertura das ruas que estavam em andamento, todas elas como prolongamento das ruas que haviam sido abertas por Mundico Barros.
Em 1967, um ano após ter chegado a Imperatriz, Vicente Bernardino Bezerra Fialho traz a sua família, em especial a esposa Josefa Pereira Fialho, que também adota Imperatriz como sua cidade e dá inestimável contribuição à formação dos 10 filhos do casal, inclusive formação acadêmica. No entanto, para a própria família, o mais importante foi a formação ética e moral alicerçada em sua convicção de evangélica, inclusive ressaltando que Vicente Fialho, nos momentos de maior dificuldade, recitava o Salmo 23.

Economia
Embora o bairro Juçara não tenha um expressivo parque industrial, a sua economia é das mais importantes para o município, contando com um imensurável comércio e uma prestação de serviços inigualável, além de haver se tornado em uma das melhores alternativas residenciais da cidade, cuja valorização imobiliária dá suporte para que novos empreendimentos sejam realizados, inclusive em outros setores da cidade.
Importante ainda ressaltar que foi o bairro Juçara o "embrião" para que fosse criado o loteamento Jardim 3 Poderes, e principalmente para que o bairro da Nova Imperatriz viesse a se constituir em um dos setores mais importantes da cidade, em todas as áreas que identificam uma cidade em constante desenvolvimento.