Houve época em que poderia ser possível explicar o inexplicável, principalmente quando é abordado o histórico da expansão urbana de Imperatriz. O inexplicável porque praticamente não existem mais as importantes referências, fontes de informação que possibilitem conhecer cada passo dado, e o explicável porque, apesar de tudo, ainda restam pioneiros, anônimos que participaram da construção de Imperatriz e sequer são lembrados, até mesmo como pioneiros, além de sepultarem em suas memórias, literalmente, os imigrantes e migrantes que doaram suas vidas para que o processo da expansão urbana fosse irreversível e se transformasse no mais autêntico e verdadeiro prefácio da história da cidade. No entanto, é preciso considerar que não há sequer um registro oficial dos muitos períodos desta expansão urbana, até mesmo porque instituições que deveriam zelar pela história, como a Secretaria Municipal de Cultura, em tempo algum teve a iniciativa, com responsabilidade, de efetuar uma pesquisa bem acurada sobre o assunto. Não fossem algumas publicações literárias independentes contando a vida de muitos personagens, também elas hoje estariam no mais completo ostracismo e a cidade, ou simplesmente as gerações de hoje, não teriam o menor conhecimento histórico, inclusive de suas próprias origens e famílias. Ainda assim a história está sendo contada porque alguns pioneiros e migrantes, alicerçados em lembranças desses períodos, de forma lúcida e coerente a estão contando, mas pergunta-se: até quando?
Wilton Alves
No início dos anos 1960, o então prefeito Mundico Barros havia concluído o traçado da expansão urbana na área considerada então "centro" da cidade ligando-o à cidade velha onde já existia a Rua de Fora, atual Rua Godofredo Viana. Nesse período, a rodovia Transbrasiliana, sem asfalto, estava concluída e recebendo os primeiros vendedores ambulantes no seu entorno, em um trecho localizado entre o atual Entroncamento e a estação rodoviária. É preciso lembrar que só havia uma pista, pois as marginas ainda não havia sido abertas.
Vendia-se de tudo nesse entorno, desde pequenas lembranças da cidade até comida, inclusive ali tendo origem o primeiro comércio de panelada aos motoristas que trafegavam pela rodovia. Assim, a expansão urbana começava a exigir novos investimentos e principalmente aumentar o fluxo de alternativas para que a cidade continuasse prosperando. Foi nesse período que a Avenida Getúlio Vargas cruzou a rodovia e avançou até onde hoje está a primeira entrada para a Vila Nova. Ali terminava a avenida, em especial porque na região ainda existiam muitas fazendas e não havia como traçar novas ruas nessas propriedades.
Gameleira
Para entender esse desenvolvimento é preciso recuar algumas décadas, até o período em que Simplício Moreira possuía várias propriedades rurais, entre elas a Fazenda Gameleira, cujo caminho começava na atual Rua Floriano Peixoto cortando por cima e dando uma imensa volta para chegar ao seu destino. Foi esta fazenda de Simplício Moreira que deu origem ao povoado da Gameleira, emancipado em 1961 como cidade, a cidade de João Lisboa.
Com a emancipação política da Gameleira, um novo caminho foi aberto para ligar a nova cidade a Imperatriz. Este trabalho foi concluído na década de 60 e criou oportunidades para que a expansão urbana de Imperatriz pudesse vencer novas propriedades rurais e assim aproximar os dois municípios.
É importante ainda ressaltar que em razão não apenas da Rua Getúlio Vargas, que terminava no cruzamento da atual Rua Tancredo Neves, hoje um dos principais acessos da Vila Nova, mas também de pequenos comércios que abriam suas portas vislumbrando o crescimento da cidade naquela direção, sobretudo porque o novo município de João Lisboa tinha em Imperatriz o seu suporte econômico e mercado fornecedor de mercadorias, tornando imperioso que o seu desenvolvimento sempre estivesse relacionado com a expansão urbana de Imperatriz, em especial depois que o "velho caminho" ganhou camada asfáltica e abriu novos horizontes tanto para Imperatriz quando para João Lisboa.
Pioneirismo
No final da década de 50, o pioneiro e migrante João Dias, animado pela chegada da rodovia Transbrasiliana à cidade, constrói no entroncamento um dormitório, sem nome, para atender caminhoneiros que trafegavam pela nova estrada. Foi este dormitório construído por João Dias que no início dos anos 60 foi adquirido e reformado por Júlio Guerra para lhe dar o nome de Hotel Anápolis, assim como destinar parte de suas instalações para abrigar a primeira "estação rodoviária" da cidade, como aconteceu também com a instalação de um restaurante para uma demanda cada vez maior de passageiros que trafegavam pela Transbrasiliana.
Também nesse período outro pioneiro, José Dilson, abre as portas de uma pequena mercearia e lhe dá o pomposo nome de Supermercado Babaçulândia, que passa a ser então uma referência para o prolongamento da Rua Getúlio Vargas. Com o decorrer do tempo, o trecho da Getúlio Vargas, depois de cruzar a pista da rodovia Transbrasiliana, acaba recebendo o nome de Rua Babaçulândia, e posteriormente Avenida Babaçulândia.
Historicamente um dos aspectos mais importantes após a conclusão da rodovia Transbrasiliana no início dos anos 60, foi sem dúvida alguma a passagem do primeiro ônibus do Expresso Braga cruzando todo o trajeto, de Anápolis a Belém, pois assim nasceu também a necessidade de uma garagem para dar suporte à linha. O local escolhido foi o terreno onde hoje se encontra a empresa Curinga dos Pneus.
Esta garagem permaneceu no mesmo local até 1973, quando houve a sociedade do Expresso Braga com uma empresa de Goiânia criando a Transbrasiliana Transportes e Turismo.
Economia
A partir do final dos anos 70 e até os dias de hoje, a Avenida Babaçulândia é uma referência para a economia de Imperatriz, tanto na parte comercial, industrial quanto pela prestação de serviços. A expansão urbana foi das mais expressivas, além de uma contribuição imensurável por parte da construção civil, em especial ensejando no início dos anos 80, na estrada que liga Imperatriz a João Lisboa, a implantação do primeiro loteamento da cidade com a conotação de "condomínio fechado", que foi o Parque da Lagoa.
Se por um lado o comércio, a construção civil e a prestação de serviços contribuíam para acelerar a expansão urbana, por outro, também no início dos anos 80, com a inauguração da estação rebaixadora construída pela CEMAR, novos investimentos foram realizados na região, e a Babaçulândia, que termina seu trajeto na esquina da atual Rua Duque de Caxias, se constitui nos dias de hoje como o pórtico de uma nova cidade que surge após a Avenida Getúlio Vargas cruzar a rodovia Transbrasiliana.
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