A história não é resultado das obras do acaso. Assim o desenvolvimento de uma cidade, ainda que de forma primitiva, passa por um planejamento ao estabelecer projetos e permitir que a ordenação do crescimento urbano seja fonte de equilíbrio entre dois setores fundamentais para que seus objetivos sejam alcançados: o residencial e o comercial. Com a Rua Dorgival Pinheiro de Souza não foi diferente. Desde a sua abertura na segunda metade dos anos 50, percebia-se que ela estava destinada a influenciar, não apenas as ruas transversais, mas o considerado "centro da cidade" como um todo. Pode-se pensar até em uma tarefa fácil, sem impedimentos ou adversidades, mas não foi assim, e muito menos, apesar das dificuldades naturais, a visão de empresários e pioneiros da época foram determinando a ordenação da nova cidade. Nesse aspecto, observa-se nos dias atuais, que a região denominada como "Entroncamento", tornou-se notável como mercado de autopeças depois de ter sido o berço das grandes revendedoras de veículos, automóveis e caminhões. Em outro sentido, na direção do rio Tocantins, a Dorgival Pinheiro demonstra que os investimentos não ficaram sem retorno, visto a importância da prestação de serviços e o potencial econômico que ela representa para a Imperatriz de hoje, inclusive com um comércio expressivo e sempre com novas perspectivas para o mercado de trabalho na cidade.
Wilton Alves
Não resta a menor dúvida de que a BR 14, a atual Rua Dorgival Pinheiro de Souza, é o melhor parâmetro para uma avaliação sistemática dos dois fatores que mais contribuíram com o progresso e o desenvolvimento de Imperatriz, que são o processo migratório e a construção civil, que embora um pareça ser dependente do outro, resultaram em uma dinâmica de investimentos que a cada dia consolidam a cidade como "capital econômica" da região, e para os mais otimistas, do próprio Estado do Maranhão.
O mais inacreditável é que pioneiros dos primeiros dias não hesitaram em edificar casas rústicas, pois sabiam que em curto espaço de tempo haveria uma profunda transformação nessa área. Foi o que aconteceu, até mesmo porque a qualidade de vida se acentuara com a construção do "bueiro da lagoa do Murici", o que possibilitou adequar a Dorgival Pinheiro com serviços de infra-estrutura, e se no período da lagoa, brejo e areal ela já representava uma importância sem precedentes, o seu asfaltamento trouxe uma vida nova para toda a região de sua influência.
A antiga TELIMSA, sob a presidência do empresário Pedro Américo de Sales Gomes, ensejou os trabalhos da Embratel na cidade, resultando na vinda da Telma - Telecomunicações do Maranhão - para abrir um posto de serviço na Avenida Getúlio Vargas, esquina da Rua Ceará, possibilitando a Imperatriz se comunicar com o restante do País via interurbano, coroando a década de 70 com a construção das modernas instalações da empresa na Rua Rio Grande do Norte, em 1976, uma vez que a Telma era a concessionária das telecomunicações no Estado.
Ainda na década de 70, muitos outros investimentos foram feitos, em especial na área da construção civil. Velhos prédios e residências mal construídos foram demolidos, começando então uma nova fase para Imperatriz, que é estimulada com o surgimento de casas comerciais bem delineadas e uma prestação de serviços até então considerados incomuns para a época, visto que mesmo progredindo e desenvolvendo, a cidade continuava isolada da capital do Estado e outros grandes centros.
Visão do futuro
É interessante notar que alguns investimentos tinham a característica da incoerência, e até mesmo da impossibilidade, como é o caso da Ótica Real, que mesmo se contar a cidade com um médico especialista em oftalmologia, abriu suas portas e conseguiu fazer com que a médica Rute Noleto fizesse um curso na área para atender os clientes da loja. Outro médico seguiu os mesmos passos, que foi o dr. Pouso Alto. Hoje Imperatriz conta com os mais renomados especialistas nesta área médica, assim como um expressivo número de óticas qualificadas, como a Ótica Boa Vista, outra pioneira na Dorgival Pinheiro, abrindo espaço para novos investimentos no setor. Isso significava "visão do futuro", como de fato aconteceu.
Ao mesmo tempo, novos investimentos foram surgindo nesse período em que Imperatriz era tão somente uma cidade emergente, podendo citar entre eles o Hospital São Rafael, Posto Nazaré, escritórios de engenharia, consultórios médicos e mais uma infinidade de estabelecimentos comerciais, além de uma agência bancária e a consolidação do mercado de autopeças. Em pouco tempo, no alvorecer dos anos 80, a Dorgival Pinheiro recebe a fábrica do Guaraná River e mais um expressivo número de investimentos na área comercial. Nesse período as grandes transformações são visíveis por meio da construção civil. Imperatriz via seu crescimento urbano na horizontal, e também na vertical, com a construção de novos prédios, demonstrando que na antiga lagoa, no brejo ou no areal, era possível, sim, com tecnologia, a edificação da cidade de hoje.
A década de 80, no entanto, transcende todas as estimativas e projeções possíveis para a Rua Dorgival Pinheiro. Desde o seu primitivo início na confluência com a Rua Godofredo Viana até o encontro com a rodovia Transbrasiliana, ou BR 010, houve uma frenética mudança de comportamento, pois era necessário construir cada vez mais e com mais qualidade, destacando-se uma preocupação imensa com o conforto e o visual das novas edificações. Ao mesmo tempo empresas de pequeno, médio e grande portes continuavam chegando e sendo instaladas, inclusive com uma diversificação sem precedentes na história comercial da cidade, e isso porque já nos primeiros dois anos da década de 80, Imperatriz passa a contar com energia elétrica abundante, e não com os geradores até então instalados na BR 010 movidos a óleo diesel.
Quando se enfatiza a questão de visão do futuro, afirma-se que os pioneiros da cidade, a forte corrente migratória, seriam pilares extraordinários na concepção de um município economicamente viável, capaz de continuar vencendo desafios e adversidades para projetar-se como a maior e melhor alternativa de investimentos tão indispensáveis a esses propósitos. Imperatriz os venceu, e indiscutivelmente a Rua Dorgival Pinheiro de Souza é parte integrante dessas conquistas, pois deu e continua dando à cidade uma contribuição imensurável ao seu desenvolvimento urbano, e principalmente a todos os setores e segmentos de sua economia.
Dorgival Pinheiro hoje
Pode-se afirmar que a Rua Dorgival Pinheiro, hoje, em relação ao seu passado, que não é tão distante assim, é uma rua irreconhecível face à sua evolução, o crescimento na área comercial e principalmente quanto à sua modernização urbana. A rua nos dias de hoje, com suas construções modernas e um arrojado projeto arquitetônico, dá a Imperatriz um aspecto invejável de progresso e desenvolvimento. Sua contribuição ao município é imensurável em todas as áreas e setores, assim como um destaque especial em relação ao crescimento da economia da cidade.
Além de todos esses aspectos, pode-se perceber, também, a sua grande contribuição às ruas transversais sob sua influência, o que significa dizer, mais uma vez, que o crescimento da cidade, a partir da concepção de Mundico Barros, em sua forma ordenada, não previa um crescimento que pudesse ultrapassar as barreiras da rodovia Transbrasiliana como de fato está acontecendo, e com a Dorgival Pinheiro, a perspectiva de novos investimentos e a capacidade de crescimento econômico aliado à sua vocação natural de valorização urbana via construção civil.
Essa é a Rua Dorgival Pinheiro de Souza nos dias de hoje. (esta matéria é dedicada aos notáveis João Matiolli e Raimundo Sarmento)
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