Nos primeiros anos após a conclusão da rodovia Transbrasiliana, ainda sem asfalto, dificilmente alguém poderia acreditar em uma expansão urbana de Imperatriz capaz de vencer a fronteira da rodovia e ensejar o surgimento de novos bairros e vilas com potencialidades econômicas, e principalmente com uma valorização imobiliária que pudesse justificar qualquer investimento na área da construção civil. As dificuldades e os desafios se mostravam maiores e difíceis que a visão de pioneiros, dos migrantes que não paravam de chegar alimentando sonhos de ver a cidade prosperar, abrir novos caminhos em sua economia, e principalmente no sentido de dotar Imperatriz de novas alternativas na área empresarial, o que resultaria na geração de novas riquezas, de novos investimentos até então considerados como inviáveis, mormente pela ausência da energia elétrica. Apesar de todas as adversidades do período, migrantes continuaram acreditando que era possível desenhar um novo cenário de Imperatriz a partir de investimentos em áreas que não eram consideradas nobres, como as existentes ao lado direito da Transbrasiliana, onde ainda predominavam as quintas (pequenas propriedades rurais, sítios, granjas), mas na época sem qualquer perspectiva de valorização imobiliária como já vinha acontecendo com as áreas existentes à margem da rodovia, que nos primeiros anos da década de 60 anunciavam novos rumos e novos investimentos econômicos na cidade.
Wilton Alves
Ainda na década de 60, quando não haviam sido construídas as marginais da Transbrasiliana, e especialmente no período da construção da rodoviária no Entroncamento, pequenos investimentos eram realizados por comerciantes que viam na rodovia uma "saída" para a economia da cidade na área da prestação de serviços que pudesse atender ao cada vez maior tráfego de veículos na Belém-Brasília no novo perímetro urbano da cidade, sobretudo na região sob influência do Entroncamento, onde projetos mais arrojados estavam sendo executados.
À direita da rodovia, onde predominavam as quintas, começaram a surgir novas edificações residenciais de maneira a ensejar um novo bairro, uma vez que a expansão urbana buscava e delimitava uma nova projeção habitacional em Imperatriz. Foi assim que a quinta do dr. Luís Napoleão foi transformada em um loteamento denominado Jardim Imperador, embora outras propriedades rurais fizessem parte da região e acabaram, no contexto, a fazer parte de um mesmo processo de ocupação urbana da cidade, uma vez que o crescimento vegetativo, muito expressivo no período, haveria de demonstrar que o processo, historicamente, se tornaria o grande responsável pela evolução de Imperatriz em todos os seus aspectos, mas destacando-se os investimentos que consolidam a base econômica do município, em especial porque no contexto está também a construção civil.
Importância migratória
Vindo da cidade de Luz (MG), chega a Imperatriz em 1962 o migrante e investidor Diomar Luís da Silva. Apaixonou-se pela cidade e começa a adquirir um considerável patrimônio imobiliário, inclusive à margem da Transbrasiliana e fazendo fronteira com o Dr. Luís Napoleão. Era para ser e durante um pequeno período foi, a sua fazenda, uma vez que seus olhos fitavam muito além do horizonte até então projetado para Imperatriz.
Poucos anos após a sua chegada, Diomar Luís da Silva retorna à sua cidade natal para buscar dois de seus irmãos: Dilemar e Dimas Luís da Silva, que em 1969 fixam residência na área que se transformaria, em pouco tempo, o Jardim Imperador em Jardim São Luís, em princípio fazendo investimentos na área madeireira, e com a chegada de todos os irmãos a Imperatriz os investimentos são diversificados a começar pela Panificadora do Lar, usina de arroz, construção civil e finalmente na área imobiliária.
Com o desenvolvimento da expansão urbana da cidade, o Jardim São Luís passou a ser uma das melhores alternativas habitacionais de Imperatriz, e nesse caso, também a construção civil permanece dando uma inestimável contribuição à expansão do bairro, hoje com uma valorização imobiliária das mais expressivas em todos os períodos históricos da cidade.
Investimentos econômicos
Com a chegada dos irmãos Luís da Silva, começa a ocupação do Jardim São Luís, tanto por seus investimentos empresariais quanto por suas moradias, o que representou, ainda em 1969, a ocupação e valorização imobiliária à margem da rodovia Transbrasiliana como o Hotel Anápolis, nova rodoviária (1974), João Vieira de Jesus (João Goiano, da Retífica GP de Motores) e finalmente no dias de hoje como a construção do Imperial Shopping, assim como de novas empresas de grande porte, o Jardim São Luís tornou-se uma referência como setor de investimentos econômicos, o que sem dúvida alguma contribui também com a expansão urbana da cidade, ensejando o surgimento de novas vilas e bairros.
Considerando-se os períodos históricos de Imperatriz, é possível chegar à conclusão que a importância da rodovia Transbrasiliana deu-se em duas etapas distintas, que são antes e depois do asfalto, que só aconteceu em 1973. Ainda assim, os investimentos feitos no Jardim São Luís, desde a fronteira com a rodovia e a sua completa integração urbana, devem-se ao trabalho de migrantes e pioneiros que projetavam a cidade com perspectivas econômicas, tanto na construção civil, industrial, comercial e prestação de serviços, como das mais relevantes para Imperatriz e região, pois a cidade já dava mostra de sua importância como mercado econômico de toda a região tocantina.
Se por um lado a construção civil foi responsável pela dinâmica das novas construções, por outro, é bem verdade que os investimentos feitos na área empresarial se constituíram no alicerce da economia observada hoje no Jardim São Luís, em todos os seus aspectos, como registro histórico do desenvolvimento da própria cidade de Imperatriz, haja vista que tanto a expansão urbana quanto a melhoria da qualidade de vida, que resultam em valorização da própria economia de mercado, estão presentes e atuantes em relação inclusive à região sob influência do Jardim São Luís.
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