Quando o ex-prefeito Raimundo de Moraes Barros (Mundico Barros) traçou as ruas do centro de Imperatriz, estava alicerçado na visão de uma cidade planejada, ainda que os tempos fossem difíceis e desafios até então considerados como insuperáveis estavam à sua frente, como fronteiras intransponíveis para que a expansão urbana atingisse seus objetivos sem deturpar, ou macular, o traçado que daria uma panorâmica extraordinária aos migrantes que chegavam, pois este planejamento significava atrair novos investimentos, em especial quando a rodovia Transbrasiliana estivesse concluída, e considerando que em 1958 a população era pouco mais de 3.500 habitantes, a ocupação das novas ruas e avenidas poderia ficar somente nos anelos de Mundico Barros, embora o processo migratório na cidade fosse dos mais expressivos. Assim, o que poderia ser apenas uma utopia, transformou-se em novos desafios, novas fronteiras a ser vencidas por meio de novos bairros e vilas, uma vez que a expansão urbana extrapolava seus próprios limites, uma vez que em 1977, isto é, tão somente 19 anos depois da estimativa populacional de 1958, a cidade deu um salto para 36 mil habitantes em 1977, verdadeiramente um fenômeno surpreendente para um "pontinho" isolado no mapa do Brasil ao longo da rodovia Transbrasiliana no período, algo sequer imaginado ou concebido pela própria Imperatriz, que então testemunhava ver suas quintas e fazendas passando a fazer parte do seu perímetro urbano, principalmente vencendo a fronteira constituída pela própria rodovia.

Wilton Alves

Uma nova estrada havia sido aberta para ligar Imperatriz a João Lisboa, e com ela a perspectiva de investimentos, que de fato aconteceram na região do Entroncamento, pois nas demais áreas continuavam predominando as quintas e fazendas, que apesar das dificuldades, continuavam fazendo prosperar a economia do município. Entre as muitas propriedades rurais da região estava a Fazenda Bacuri, de propriedade do imigrante Jaime Fernandes Ferreiro, que devido à sua nacionalidade espanhola, ficou conhecido na região apenas por "Espanhol".
Considerando-se o sentido do Rio Tocantins, assim como da própria rodovia Transbrasiliana, cortando a região de Sul para Norte, a nova estrada para João Lisboa estava dando início à expansão urbana da cidade, bem como estabelecendo a zona leste de Imperatriz, pois a zona oeste estava limitada pelo Tocantins. A questão imediata seria conciliar o desenvolvimento urbano e a preservação ou não de quintas e fazendas existentes na região e que eram relevantes para o município em todos os sentidos, em especial quando relacionadas à economia, mais importante ainda na produção de alimentos para a cidade que não parava de crescer.
Jaime Fernandes Ferreiro, ou simplesmente o Espanhol, chegou a Imperatriz no início da década de 60, quando então começa a formar sua Fazenda Bacuri em uma área rica em água, o que lhe proporcionava a oportunidade para a criação de gado.

Invasão planejada
A Fazenda Bacuri estava localizada onde hoje está a Vila Lobão. A sede da fazenda onde hoje estão um posto de saúde do município e a antiga Escola Jonas Ribeiro (atual Escola Tancredo Neves). Defronte o Espanhol havia construído os currais da fazenda, e logo abaixo da sede onde passa o córrego Bacuri, um grande açude para garantir água no período de verão. A área da fazenda, no entanto, não estava limitada tão somente à atual Vila Lobão. Suas terras se estendiam até onde hoje está localizada a Vila Redenção I, e historicamente, as terras do Espanhol tinham seus limites diferenciados da Vila Lobão de hoje, que está localizada entre as ruas Tancredo Neves, Avenida Babaçulândia (MA 122), rua da Assembleia e rua São José.
Na década de 70, com a eleição de Edison Lobão para a Câmara dos Deputados, foi planejada a invasão da Fazenda Bacuri, com os invasores ocupando grande parte das terras pertencentes ao Espanhol, principalmente as que estavam mais próximas do Entroncamento, bem como das atuais Avenidas Babaçulândia e Pedro Neiva de Santana, que já estava asfaltada até a cidade de João Lisboa.

Vila Lobão
A ocupação das terras pelos invasores foi rápida, pois havia sido planejada. Ao mesmo tempo, para garantir a posse da terra ocupada, deram-lhe o nome de Vila Lobão, homenagem ao eleito deputado federal Edison Lobão como representante de Imperatriz, lançado pelo ex-presidente Ernesto Geisel, em comício na atual Praça da Cultura e com o apoio do então prefeito da cidade, Carlos Gomes de Amorim.
36 anos após a invasão das terras do Espanhol, a Vila Lobão dos dias de hoje é uma verdadeira referência da expansão urbana de Imperatriz, principalmente em razão de uma expressiva valorização imobiliária, pois ao longo desse tempo muitas e grandes investimentos econômicos foram feitos, em especial nas áreas da construção civil, indústria e prestação de serviços, além de um comércio que torna a Vila Lobão um polo atrativo para novos investimentos.
Os antigos casebres da época da invasão não existem mais. Como sinal desse fenômeno social, apenas as ruas estreitas, visto que não houve um planejamento adequado nesse sentido, e em muitos (maioria) dos casos, os terrenos eram estreitos e impróprios para edificações residenciais, que ficam sem possibilidade de ventilação e claridade naturais. Com o decorrer do tempo e novos investimentos, dois ou mais lotes passaram a fazer parte de uma nova conjuntura na Vila Lobão, inclusive em relação às construções comerciais e residenciais.
Hoje a Vila Lobão tem vida própria e acabou se constituindo na oportunidade de novos e importantes bairros da cidade, além de uma contribuição imensurável à economia do município, assim como para o desenvolvimento sócio-cultural de Imperatriz.