A história de Imperatriz parece estar cercada de mistérios, controvérsias, misticismos e lendas e um sem número de contradições. Isso ocorre porque ao longo de sua existência, desde a sua fundação, o poder público, que se pode entender também como poder político, nunca esteve alicerçado em princípios voltados à sua própria história, seus valores culturais, e sobremaneira, para resgatar os responsáveis pelas conquistas, construção, progresso e desenvolvimento da Imperatriz de hoje, reconhecidamente um dos mais importantes municípios de todo o Norte/Nordeste brasileiro. Para entender este contexto basta observar a ausência de um museu histórico/geográfico na cidade, o que leva também à constatação de que o poder público - Prefeitura e Câmara Municipal, em todos os tempos, são constituídos de verdadeiros estupradores da história da cidade, e até mesmo porque todo o patrimônio histórico da rua XV de Novembro está desaparecendo e sem que seja tombado, e com ele, no decorrer dos anos, quando os mais velhos se forem, levarão com eles o que resta da memória de Imperatriz e sua gente.

Wilton Alves - De forma clara, indiscutível e insofismável, a cidade de Imperatriz teve seus primeiros dias na rua XV de Novembro. No entanto, alguns aspectos envolvem controvérsias e lendas, assim como alguns mistérios, como casarões antigos que a população da época acreditava e afirmava ser habitados por fantasmas e ex-moradores que já haviam morrido. Apesar desses aspectos, a história da cidade exerce um extraordinário fascínio até os dias de hoje, tanto para historiadores quanto para famílias tradicionais, como os Herênio, Bandeira, Cortez, Milhomem, Cavalcante, Nogueira, Batista, Moreira e muitas outras.
Um dos mais antigos descendentes da família Bandeira afirmou que a fundação da cidade por frei Manoel Procópio não passa de uma lenda. Isso pode até ser verdade, mas não significa que ele não tenha vindo parar nessas barrancas do rio Tocantins, onde ao que parece já existia uma pequena povoação, a considerar o que consta no livro Retratos Sem Retoques, de José Herênio de Souza, à página 64, em que "o Alferes Cícero Herênio Alves Pereira faleceu em 1912, aos 66 anos de idade, nascido em 1846, data que antecede a chegada de Frei Manoel Procópio em Imperatriz, em 1852."
Lenda ou não, frei Manoel Procópio desembarcou aqui no dia 16 de julho de 1852; se encontrou uma povoação ou não, é irrelevante diante da história que a estabelece como data oficial de sua fundação; tendo armado seu acampamento onde hoje está localizada a Praça da Metereologia. Frei Manoel Procópio também ensejou a construção da primeira capela (igreja) da cidade, em homenagem a Santa Teresa d'Ávila onde se encontrava o Hospital São Vicente Ferrer e hoje é o hospital da Unimed.

XV DE NOVEMBRO

De acordo com relato de descendentes de antigos moradores que deram origem à povoação, o primeiro nome dado à única rua existente foi realmente o de RUA GRANDE, e depois, com o surgimento de mais dois caminhos paralelos a ela, com pequenos e rústicos casebres, a rua Grande passou a ser chamada de RUA DE DENTRO.
Com o passar dos anos e o recrudescimento das divergências políticas que dividiam as famílias pioneiras em dois blocos constituídos por Republicanos e Monarquistas, uma "oposição" acabou se tornando maioria, e por ser REPUBLICANA, tratou logo de homenagear o novo regime, consequência da proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889. Bem verdade que muitos anos já haviam passado para que essa decisão fosse tomada e a antiga rua de Dentro foi transformada em XV de Novembro, não sem desagradar os monarquistas, que eram "imensamente gratos" à Imperatriz Teresa Cristina, que já havia dado inúmeros presentes à povoação, inclusive os "pesos e medidas" relatados por historiadores e estudiosos do desenvolvimento urbano, social e humano da cidade.
Na história mais recente, a rua XV de Novembro foi desmembrada para dar lugar às ruas Teresa Cristina e Frei Manoel Procópio. Assim foi até o ano de 2002, quando o prefeito Jomar Fernandes sancionou um Decreto Legislativo de autoria do vereador Mariano Dias, dando às ruas o nome único de Avenida Frei Manoel Procópio. As ruas Teresa Cristina e XV de Novembro deixaram de existir no dia 31 de outubro de 2002, data em que Jomar Fernandes sancionou aquele Decreto Legislativo.

SÉCULO XIX

Da fundação do povoado de Santa Teresa até o final do século XIX, pouca coisa mudou ou aconteceu. Os fatos mais importantes, sem dúvida alguma, para os primeiros sintomas de desenvolvimento, foram, em primeiro lugar, a criação da Freguesia, em 27 de agosto de 1856, formando o terceiro termo da Comarca de Carolina, e em segundo, a elevação do povoado à categoria de Vila, em 5 de dezembro de 1862, além da criação da primeira escola "gratuita" na sede da Vila pelo vigário, padre Domingos Elias da Costa Moraes, em 1867. (Entrevista da professora e historiadora Edelvira Marques, publicada pela revista OS FATOS, em 14 de julho de 1987.)
Ainda de acordo com a historiadora Edelvira Marques, na mesma revista, "quatro anos depois da criação da povoação de Santa Teresa, que aconteceu no dia 16 de julho de 1856 e já havia sido criada a lei de limites entre o Pará e o Maranhão nestas passagens tocantinas e a povoação já era então reconhecidamente maranhense."
"Em 27 de agosto de 1856, pela lei Provincial nº 398, o Governo criava uma vila à margem direita do rio Tocantins, cuja sede deveria ficar fronteiriça à então florescente vila goiana de Boa Vista e que possuísse casas para funcionamento de todas as autoridades locais. Como naquele ponto não houvesse nenhuma povoação nessas condições, frei Manoel Procópio conseguiu que a povoação de Santa Teresa, localizada 38 léguas abaixo daquele local, fosse a escolhida e assim passamos à categoria de vila. Ora, mesmo sem as condições exigidas ali, no ponto estratégico escolhido pelo Governo, bem em frente à Boa Vista do Goiás, existia Porto Franco e não gostou. Protestou, lutou, ganhou a parada. E voltamos à condição de povoação. Nosso fundador não desanimou. A comunidade uniu-se neste empenho e Amaro Batista Bandeira, seu irmão Didier Batista Bandeira, Atanásio Manoel Bandeira, Domingos Pereira da Silva, José Crispiniano Pereira e outros que envidaram todos os esforços e conseguiram que nossa povoação de Santa Teresa passasse definitivamente à Vila em 05 de dezembro de 1862 pela Lei Provincial nº 631, com o nome de Vila Nova da Imperatriz." (Continuidade da matéria na próxima edição).
A matéria de hoje é dedicada aos notáveis José Geraldo Costa
e Livaldo Fregona.