Muitas vezes as aparências enganam e nesse princípio se torna mais fácil a compreensão de que a história, cumprindo ciclos, nos apresenta contradições, divergências e, não raras vezes, um antagonismo que parece ser sem nexo ou razões que o justifiquem plenamente. À primeira vista, pode parecer muito estranho, mas não é, e como a história de Imperatriz não poderia ser diferente, as opiniões surgidas ao longo do tempo serão consideradas irrelevantes, até mesmo porque cada personagem, cada pioneiro, à sua maneira ou circunstância, teve a sua importância e legou a Imperatriz de hoje a sua "marca", isto é, as contribuições mediante o trabalho e a tradição que cercaram cada família, cada nome ilustre registrado pela própria história da cidade. Assim teria que ser, e foi assim que a história foi escrita e há de permanecer na memória daqueles que a escreveram e de todos os que a recebem como um verdadeiro patrimônio cultural para a posteridade do tempo vindouro.

Wilton Alves

Pela circunstância natural da rua XV de Novembro, à época apenas rua Grande, ter um aumento considerável de sua população começou a existir a rua 13 de Maio, sem registro histórico do seu nome primitivo, mas que veio a dar início à rua do Meio, à época sem qualquer definição de nome, pois na verdade se tratava apenas de poucas casas (casebres) cobertas de palha de um lado e outro da rua, mas era também o alvorecer de um novo tempo para a Vila Nova da Imperatriz, pois que as principais casas comerciais (vendas) começaram a ser instaladas na nova rua e criando a oportunidade de novos empreendimentos. Era, na verdade, a consolidação de uma vocação econômica que estava dando os seus primeiros passos.
Nesse período, algumas famílias da rua XV de Novembro, com o crescimento da prole, começaram a migrar para a nova rua, destacando-se os Bandeira, Batista, Cavalcante, Ribeiro, Milhomem, Herênio, além de outros pioneiros que não foram registrados pela história, mas que se sabe, por relatos antigos, que se tratavam de famílias de outras povoações que passaram a fazer parte da grande massa migratória que buscava melhores condições de vida. Nesse aspecto, a antiga Vila Nova da Imperatriz era uma excelente opção.
Nesses últimos anos do século XIX e início do século XX, a então rua do Meio, com pequenas casas ainda cobertas de palha, não passava dos 200 metros de extensão a partir da atual rua 13 de Maio. Nesse período dos primeiros anos do século XX, até meados dos anos 30, um ponto da rua do Meio era alvo de caçadores e comerciantes de peles. Trata-se de uma lombada localizada onde foi construído o antigo Cine Fides. Ali os caçadores chamavam a região de "alto do Peba" e outros a denominavam como "alto do Tejo" em razão da existência, em abundância, de um lagarto de nome TEIÚ, de carne muito apreciada, mas cujo valor maior era a sua pele, que era comercializada no Pará (Teiú, réptil sáurio da família dos teiídeos, o maior dos lacertílios da fauna brasileira, que chegava a quase dois metros de comprimento).

Desenvolvimento
O contexto não apenas da rua, mas da antiga Vila Nova da Imperatriz, já então elevada à categoria de cidade em 1924 com o nome de Imperatriz, demonstrava que a rua Coronel Manoel Bandeira estava destinada a ser tão somente um inexpressivo amontoado de casas mal construídas, até que padres capuchinhos da Ordem Franciscana construíssem e entregassem à sociedade, em 3 de agosto de 1924, isto é, três meses e doze dias após a emancipação política do município, o primeiro grande marco na história da rua, que é a atual Escola Santa Teresinha.
No entanto, os efeitos não foram os esperados e a cidade continuava sem grandes avanços, embora fossem surgindo novos pontos comerciais. Assim foi até o ano de 1950, quanto o então prefeito Simplício Moreira recebeu apoio financeiro para a construção da primeira escola pública da cidade sob a responsabilidade do Estado. Simplício Moreira concluiu a construção e a escola iniciou suas atividades em agosto de 1951.
O primeiro nome foi Grupo Escolar Governador Archer, dado por Simplício Moreira e aprovado pela Câmara Municipal, homenageando o grande "benfeitor", governador Sebastião Archer da Silva, que disponibilizou os recursos do Estado para que a escola fosse construída.
Contrariando os céticos, acentuou-se ainda mais o processo migratório e outras ruas começavam a surgir e Imperatriz começava a respirar os ares de uma cidade irreversível em relação ao progresso e desenvolvimento, em especial após o anúncio feito pelo presidente Juscelino Kubstcheck sobre a construção da rodovia Belém-Brasília. Nesse momento, embora precariamente, a cidade começava a ser planejada, visto que Raimundo Moraes Barros - ou simplesmente Mundico Barros - percebia e tinha a projeção de Imperatriz, não apenas como uma cidade grande, mas como uma grande cidade.

Economia
Com o recrudescimento do perímetro urbano no início dos anos 60, houve um momento de euforia em Imperatriz com relação aos seus aspectos econômicos: o comércio dava mostras de sua força e começava um período na área da prestação de serviços quase que impróprio para a turbulência política da época. Ainda assim, os investimentos continuavam e foram coroados no dia 10 de dezembro de 1962, com a inauguração da primeira instituição financeira da cidade, uma agência do Banco da Amazônia, e menos de dois anos depois, mais uma instituição financeira, a primeira agência do Banco do Brasil, inaugurada no dia 10 de março de 1964, o que resultou em uma nova dimensão às perspectivas de crescimento para Imperatriz.
Pequenas indústrias e novos pontos comerciais movimentavam a economia da Coronel Manoel Bandeira e o padrão das construções, inclusive residenciais, já não eram os mesmos da antiga rua do Meio, indicando, assim, já naquela época, que uma valorização e nova dimensão imobiliária estavam fluindo, e com isso, atraindo novos migrantes e investimentos para a cidade.

Manoel Bandeira
Manoel Bandeira era filho de um dos mais importantes pioneiros da cidade, o cidadão Amaro Bandeira, que possivelmente já possuía uma fazenda na região quando aqui chegou frei Manoel Procópio do Coração de Maria.
O sobrenome Bandeira mais antigo e conhecido, remonta ao sertão de Carolina, que era a senhora Clotilde Bandeira, sem dúvida alguma uma antepassada de Manoel Bandeira, assim como a senhora Maria Sinhá Bandeira, cujos descendentes ainda moram em Imperatriz. Ela se constitui em figura ilustre na história da terra.
Manoel Bandeira estudou em Coimbra (Portugal) e ao retornar à sua terra, a antiga Vila Nova da Imperatriz, pelos relevantes serviços prestados, recebeu da sociedade o título de "coronel", fato comum nesse período da história, como aconteceu também com seu pai Amaro Bandeira e com Simplício Moreira, cuja história está literalmente ligada à história da cidade. (A matéria de hoje é dedicada aos notáveis José Lamarck de Andrade Lima e Agostinho Noleto Soares)