A síntese da evolução de Imperatriz, para a maioria dos historiadores, é dividida em ciclos, sendo o primeiro deles o da borracha, seguido pelo ciclo do arroz e finalmente a influência do ouro de Serra Pelada. Na verdade, essa síntese da evolução de Imperatriz se caracteriza por períodos distintos de sua própria história, tendo como princípio a sua fundação, o processo migratório, sua destacada posição geográfica como elo de ligação de várias regiões do País, e finalmente o ápice de todos os períodos, que foi a chegada da energia elétrica a partir das hidroelétricas de Sobradinho, Boa Esperança e Tucuruí, usinas interligadas que haveriam de suprir as necessidades do País e a sua grande expansão industrial, até então concentrada no eixo Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. A energia elétrica proporcionou o recrudescimento do processo migratório, assim como novas perspectivas de investimentos nos setores produtivos e prestação de serviços que haveriam de tornar a cidade na grande opção do crescimento econômico de todo o Norte/Nordeste.
Wilton Alves
As ruas de Dentro e do Meio, atuais Frei Manoel Procópio e Coronel Manoel Bandeira, da atual Rua 13 de Maio até a confluência da Travessa do Sul, estavam consolidadas como perímetro urbano da Vila Nova da Imperatriz, e como o crescimento da população era cada vez mais acentuado, em pouco tempo começa uma nova povoação, a da rua de Fora, onde surgem novas residências e novos estabelecimentos comerciais.
Em meados dos anos 50, a rua de Fora já alcançava a dimensão das ruas de Dentro e do Meio, isto é, até a esquina da atual Avenida Dorgival Pinheiro, período em que as maiores transformações eram mais visíveis, mas ainda sem os grandes investimentos esperados pela forte corrente migratória, até que em 1952 entrava em operação o primeiro gerador de energia elétrica da cidade, instalado na rua XV de Novembro no antigo prédio da Prefeitura.
Os postes de madeira onde se estendiam os fios levavam a energia, em horários limitados, até a esquina da atual Rua Dorgival Pinheiro, transformando a rua de Fora no principal centro de comércio da cidade. Aos poucos, a rua começou a dar mostras de que a vocação da cidade, como polo irradiador econômico da região, se tornaria um exemplo de força e trabalho daqueles que acreditaram em uma proposta de novos empreendimentos, muitos deles até então desconhecidos de grande parte da sociedade local, constituída de migrantes interioranos de Porto Franco, Grajaú e Carolina.
Energia elétrica
O advento da energia elétrica a partir de sua instalação em 1952 trouxe aos anos posteriores, em especial os anos constituídos pelo final dos anos 50 e meados dos anos 60, uma mudança inigualável de comportamento social. Nesse período, a economia que era tão somente de caráter primário, sofreu profundas alterações a partir da rua de Fora, onde foram chegando novas iniciativas econômicas, como as Casas Novo Mundo, do empresário Jonas Guimarães; uma filial das lojas A Credilar, a mudança de endereço do Clube Recreativo Tocantins, que saiu da atual Praça da Cultura para a atual rua Godofredo Viana, e a instalação em Imperatriz da primeira agência do Banco Brasileiro de Descontos (Bradesco), em 29 de janeiro de 1973.
No decorrer dos anos 70, a Rua Godofredo Viana acabou se constituindo na base da economia da cidade, além de se transformar no grande centro comercial com a abertura de empresas nas mais diversificadas atividades, como sapataria, livraria e papelaria, lojas de confecções e empresas de importância, como as Casas Pernambucanas, além de outras, como o Armazém Alencar e Mara Confecções. Se por um lado crescia em importância o aspecto comercial, por outro se destacava também o social, pois a rua passou a possuir o que havia de melhor para a vida noturna, como a Panificadora Dular e o próprio Clube Tocantins, além de vários outros bares e lanchonetes que fizeram história, como o Kanequinho, inaugurado no final dos anos 70, e no início dos anos 80, o primeiro "shopping Center" da cidade, o Edjovem Center.
Godofredo Mendes Vianna
Embora seja uma das principais ruas da Imperatriz de hoje, a sociedade praticamente não tem informações sobre quem foi Godofredo Viana e o que ele representou para a cidade, assim como sobre a história política que não foi contada a respeito de outros nomes ilustres que passaram a compor a nomenclatura de ruas e avenidas que diariamente são citadas como endereços residenciais e empresariais com a devida importância de cada uma.
Em sendo assim, necessário se torna para a história de Imperatriz a inclusão deste ilustre maranhense que nasceu no dia 14 de junho de 1878 e faleceu no dia 12 de agosto de 1944. Godofredo Mendes Vianna foi membro da Academia Maranhense de Letras, ocupando a cadeira de nº 15, pois era um brilhante jornalista que enveredou pelo caminho literário como escritor. Foi também advogado e na carreira chegou à magistratura como Juiz, além de ter sido professor de Direito. Contudo, sua principal referência para Imperatriz foi como político, que no exercício do mandato, como presidente do Estado do Maranhão, ter sido o responsável pela emancipação política do município.
O registro histórico foi no dia 22 de abril, que Godofredo Vianna escolheu para celebrar também o descobrimento do Brasil, e assim Imperatriz teria sua própria história vinculada à história do País.
No Diário Oficial do Estado do Maranhão, edição do dia 22 de abril de 1924, consta a emancipação política de Imperatriz:
LEI Nº 1179, DE 22 DE ABRIL DE 1924
Eleva diversas villas e povoações á cathegoria immediatamente superior.
O doutor Godofredo Mendes Vianna, presidente do Estado do Maranhão. Faço saber a todos os seus habitantes que o Congresso decreta e eu sanciono a lei seguinte:
Art. 1º - Ficam elevadas á cathegoria de cidade, com as mesmas denominações, as actuaes villas de Carutapera, Imperatriz, São Francisco e Icatu, e á Villa, o actual povoação de São Miguel, fronteira á cidade de União e marginal ao rio Parnahyba pertencente ao município de Caxias.
Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as auctoridades a quem o conhecimento e execução da presente lei pertencerem, que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nella se contém.
O Secretário de Estado do Interior a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio da presidência do Estado do Maranhão, em São Luís, 22 de abril de 1924. 36º da República.
Godofredo Mendes Vianna
Juviliano de Souza Barreto.
Publicada na Secretaria de Estado do Interior, em São Luís, 22 de abril de 1924.
José Moreira de Almeida
Director
Páginas da história
A Rua Godofredo Vianna seria incompleta, historicamente, se nela não tivesse vivido o último político do clã dos Herênio Alves Pereira, o senhor Francisco Herênio (Chico Herênio), eleito vice-prefeito da cidade compondo chapa com o médico Carlos Gomes de Amorim. Chico Herênio, como era mais conhecido, passou praticamente toda a sua vida na rua de Fora, hoje a conhecida e importante Rua Godofredo Vianna.
Outra página relevante foi o início dos trabalhos, em 1957, da Primeira Igreja Batista em Imperatriz, que tinha à frente o pastor João Paulo Ataíde. A Igreja foi devidamente organizada, como Igreja, no dia 14 de junho de 1959, e até hoje, mesmo havendo mudado de endereço, presta relevantes serviços à sociedade de Imperatriz (a matéria de hoje é dedicada aos notáveis Marcelo Rodrigues e Arimatéia Júnior).
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