(Conclusão da matéria - edição anterior) Existem versões (especulações) e estórias quando o assunto é a grande explosão demográfica de Imperatriz, sem estabelecer o conceito e alcance desse crescimento. Como conceito pode-se afirmar que houve realmente uma grande explosão, pois a cidade cresceu em muito pouco tempo, mas tinha os seus limites (alcance) em relação ao mais importante período, que teve por abrangência os anos 60 e 70. Da pequena Vila da Imperatriz de apenas quatro ruas e algumas travessas, no período referido, a cidade alcançou uma dimensão, para a época, das mais expressivas, principalmente em se tratando de uma cidade interiorana e tão distante da Capital do estado. A Imperatriz da explosão demográfica alcançou seus limites na época, no sentido norte, até as "Quatro Bocas"; no sentido sul até a Feirinha do Bacuri; no sentido oeste o rio Tocantins e no leste o atual Entroncamento. Esta era a cidade emergente, que na Rua Benedito Leite via chegarem os primeiros investimentos na área do mercado atacadista, assim como dos grandes varejistas, entre eles o Supermercado Real. Poder-se-ia afirmar que era um ponto de partida, não fosse a ocorrência e fenômeno expansionistas de outras ruas, como a "espinha dorsal", a Getúlio Vargas, Dorgival Pinheiro e Luís Domingues. Era um bom começo para caracterizar o trabalho de pioneiros anônimos que continuam construindo a cidade.

Wilton Alves

Não há dúvida alguma de que os anos 60 e 70 se constituíram nas principais mudanças na vida de Imperatriz, não só pelo crescimento urbano, mas principalmente porque era iniciado um período de profundas transformações no comportamento das pessoas, em especial nas questões sociais. As cobranças, por melhor qualidade de vida, se acentuaram, assim como os desafios nas áreas essenciais, destacando-se a saúde, educação, limpeza urbana e melhoria da infraestrutura.
É bom lembrar que até a Constituição de 1988, o governo federal pouco ou quase nada contribuía com os municípios, que deveriam "se virar" com irrisórias cotas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e suas próprias receitas para manutenção desses serviços essenciais. No entanto, Imperatriz, sempre diferenciada, sabia como superar esses desafios, o que era demonstrado na Rua Benedito Leite com a chegada de novos empreendimentos que deram início a uma das principais atividades econômicas da cidade, o mercado atacadista, que em pouco tempo se transforma na maior e mais importante referência da região, isto é, municípios vizinhos de Goiás, Pará e do próprio Maranhão, que optaram por realizar seus negócios e suas compras em Imperatriz, movimentando nesse novo e promissor mercado, para chegar aos dias de hoje como um dos mais importantes de todo o Norte/Nordeste brasileiro.

Desenvolvimento econômico

Considerando ainda o mesmo período dos anos 60 e 70, a Rua Benedito Leite, que então se despontava como uma das maiores alternativas para o desenvolvimento econômico da cidade a partir do mercado atacadista, sofre ainda a influência de dois outros setores para consolidar Imperatriz no âmbito regional fortalecendo a sua economia, que foi a instalação de pequenas e médias indústrias, inclusive uma máquina de beneficiar arroz e a cada vez mais atuação da construção civil, motivada com a vida de novos migrantes e imigrantes para a cidade.
No decorrer dos anos 70, apesar das dificuldades, Imperatriz vive um período áureo com a melhoria de sua infraestrutura, o que significa dizer que a qualidade de vida se transformasse também em agente de transformação e novos investimentos. Estabelecimentos de grande porte, tanto no mercado atacadista quando varejista, abriram suas portas e fortaleciam a economia do município. Foi nesse período, também, a perspectiva da energia elétrica gerada por hidroelétrica, uma verdadeira alavanca para o desenvolvimento econômico, visto que até então o precário fornecimento disponível gerado não conseguia mais suprir a crescente demanda desse setor.
É de considerar também que a construção do Mercado Vicente Fitz, nos anos 70, foi de enorme contribuição para a grande região da Rua Benedito Leite, inclusive em relação às ruas paralelas, como Luís Domingues e Aquiles Lisboa.

Benedito Leite hoje

Com esse histórico não é de admirar que a cidade de Imperatriz, via Rua Benedito Leite, houvesse superado todas as adversidades, inclusive as naturais, para ser nos dias de hoje uma referência da importância econômica e social do município, em especial quando se trata do mercado de atacado, e também de bens duráveis, onde a construção civil se fez presente e acabou se constituindo na maior atuação regional para o mercado de trabalho, e ainda considerando que a mais importante unidade de saúde pública, o Hospital Municipal (Socorrão) da região, faça parte deste cenário atual da Rua Benedito Leite.
A cacimba em frente ao atual prédio que abriga o Hospital Municipal não existe mais. A "lagoa da Covap", onde os mais antigos caçavam até jacarés e o imenso brejo existente foram drenados e a Benedito Leite foi se modernizando com novos prédios e investimentos, e o mais importante, que foi a camada asfáltica, resultando, além da valorização imobiliária, uma melhoria na qualidade de vida em uma imensa região que sempre teve a Benedito Leite como referência de crescimento e melhoria urbana.
Não há nos dias de hoje uma referência da Benedito Leite em relação aos anos 60 e 70, assim como os primeiros anos da década de 80, que lembre a rua daqueles tempos, embora ainda existam construções mais antigas que foram edificadas a partir do processo migratório, tão acentuado no período, mas que se constituiu para a história da cidade, possivelmente a maior razão do crescimento, progresso e desenvolvimento de Imperatriz, como um todo, que se mostra aos dias hodiernos, mais ainda como "capital econômica" da região sul maranhense, e sobretudo como alternativa e influência promissora para todos os municípios que estão devidamente integrados à sua própria história.
Enfim, a integração da cidade com a BR-010 (rodovia Transbrasiliana) em relação à Rua Benedito Leite, conforme havia sido vislumbrado por Mundico Barros quando elaborou o traçado da cidade, estava vencida, e não apenas isso, pois acabou se constituindo em um dos pilares para o povoamento e surgimento de novos investimentos, em especial na própria Belém-Brasília, que também, em pouco tempo, se constituiria em um novo divisor da expansão urbana da cidade, muito embora ela estivesse fora do alcance visual do próprio Mundico Barros. (A matéria de hoje é dedicada aos notáveis Euclides Fachine e Carlos Gomes de Amorim)