Historicamente poder-se-ia afirmar que Imperatriz é a cidade dos opostos, ou como já foi dito no passado, "que se trata de uma princesa com os pés descalços". No entanto, pode-se encontrar a explicação de tudo ao perceber que os fenômenos que envolvem o crescimento urbano, populacional e comercial de Imperatriz, seguem um rito que entrelaça o processo migratório, a vocação para o trabalho e de forma cada vez mais organizada a presença da construção civil, que em todos os tempos tem mudado para melhor as feições da cidade, inclusive nos dias de hoje com o que há de mais moderno no setor. Como fenômeno, há ainda um crescimento urbano que pode ser até de difícil entendimento: ao mesmo tempo em que as ruas projetadas por Mundico Barros eram povoadas e alcançavam a Belém-Brasília, as ruas transversais seguiam a mesma trajetória, como a Rua Coriolano Milhomem, que inicialmente não passava do trecho compreendido pelas ruas (atuais) Antonio de Miranda e Monte Castelo, para hoje chegar até a região da Nova Imperatriz, no sentido norte, e o grande Bacuri, no setor sul, além de se configurar como uma das principais "avenidas" do centro da cidade, onde a força do comércio dá uma enorme contribuição ao desenvolvimento econômico do município.

Wilton Alves

Para um melhor entendimento, pode-se conceituar que esse crescimento ordenado de Imperatriz acontecia de forma globalizada, isto é, em todos os sentidos e segmentos de suas atividades, inclusive com novas alternativas no mercado de trabalho e ampliação expressiva de serviços e produtos oferecidos, com a observação de que pioneiros, como de fato vinha acontecendo desde a formação da Vila Nova da Imperatriz, também estavam presentes na consolidação da Rua Coriolano Milhomem como uma das mais importantes da cidade.
Interessante notar que a partir dos anos 80, com a construção do calçadão da Getúlio Vargas, um autêntico "shopping center" a céu aberto, a Rua Coriolano Milhomem, que separa os seus dois quarteirões, começou a atrair cada vez mais investimentos, notadamente na melhoria das edificações e um comércio cada vez mais sofisticado, assim como na questão da hospedagem, pois o Hotel São Luís, um dos pioneiros da região, inaugurado em 1972, pela sua proprietária, senhora Maria Carvalho, assegurava à população flutuante uma alternativa de permanência em Imperatriz, inclusive com qualidade de atendimento.
É importante observar que a Rua Coriolano Milhomem não atravessava a Antonio Miranda porque, em seus primórdios, naquela região existia uma lagoa que inviabilizava, para o período, qualquer investimento, visto que ainda não havia na cidade os meios indispensáveis para que os desafios da lagoa, conhecida como da Covap, pudessem ser superados.
O problema se repetia também em relação à Rua João Lisboa, onde estava o prolongamento da lagoa e a região, na verdade, se transformava em um imenso "brejão", conforme acontecia com as demais ruas do novo traçado da cidade, que como já foi visto, estava limitado por causas naturais e da topografia plana da área, que impedia a vazão de águas em especial durante a estação das chuvas. Ainda assim, vencendo todos os obstáculos, a Rua Coriolano Milhomem continuava a crescer, desenvolver e a cumprir seu papel histórico em relação ao progresso da cidade.

Influência comercial

Não se pode negar, indiscutivelmente, que a Rua Coriolano Milhomem possa ter sido a maior beneficiada e por receber uma grande influência comercial pela sua localização privilegiada, ao tornar-se o "eixo" da Avenida Getúlio Vargas em relação ao prolongamento do Calçadão. Sua posição também em relação à Rua Luís Domingues serviu de parâmetro para novos investimentos empresariais, decorrendo assim dessa proximidade um novo conceito comercial, voltado então para uma melhor e mais sofisticada linha de produtos, embora seja necessário salientar que em meio a essa evolução e influência, começou a despontar ali o grande mercado de produtos populares que até os dias de hoje contribuem de forma significativa com a economia do município, e principalmente com a geração de novos empregos e do próprio mercado de trabalho.
Se por um lado a Rua Coriolano Milhomem se constituísse em um mercado sofisticado e popular ao mesmo tempo, no período compreendido entre o final dos anos 70 e início dos anos 80, por outro, foi nesse hiato de tempo que o comércio de Imperatriz começou a ser delineado por linha de produtos e prestação de serviços. Na região de influência da Coriolano Milhomem começaram os investimentos nos setores de tecidos, confecções e acessórios, bem como no surgimento de lanchonetes e outros serviços indispensáveis à cada vez maior população flutuante e com as evidências de que tanto o crescimento vegetativo quanto o migratório seriam em pouco tempo os responsáveis pela grande expansão urbana da cidade.

Nos dias de hoje

Após o período das grandes transformações nos anos 70 e 80, a Rua Coriolano Milhomem, assim como a grande região sob sua influência, nos últimos 20 anos, acabou se constituindo em uma nova visão motivada pelas exigências do também novo público consumidor, que buscando novas alternativas, pode presenciar um estágio de mudanças profundas, inclusive na melhoria dos serviços públicos urbanos, que resultou em uma expressiva melhoria na qualidade de vida da cidade e de sua população, pois foi a partir dos anos 80 que surgiram as primeiras vitrines de exposição, em especial as relacionadas com as lojas de confecções e o emergente mercado das sapatarias, assim como lojas especializadas em joias, relógios, bolsas e acessórios, tanto feminina quanto masculina.
Esse é o perfil da Rua Coriolano Milhomem nos dias de hoje, ressaltando que o traçado elaborado por Mundico Barros venceu desafios, rompeu barreiras e agora, diante da expansão urbana, também se expandiu e não está mais limitada a um pequeno trecho no "centro" da cidade. Além disso, outros aspectos podem ser observados, em especial quando relacionados com a construção civil. As edificações de hoje em nada lembram as antigas e primitivas construções, pois hoje há uma preocupação com o "visual" que não tinha tanta importância no passado, pois o mais importante era marcar presença, ou como alguns pioneiros mais antigos afirmavam, "marcar território", para não ficarem de fora da importância que Imperatriz já representava para a região.

Coriolano Milhomem

Embora a família Milhomem seja das mais importantes para a história da cidade, desde a Vila Nova da Imperatriz até os dias atuais, tendo dado significativa contribuição ao desenvolvimento do município, em todos os setores, mas principalmente nas áreas econômica e política, além de ser hoje, em números, uma das maiores de Imperatriz, existem poucas informações sobre Coriolano Milhomem, possivelmente o primeiro da família a transferir-se para a cidade em 1910. Ele faleceu em 1928 ou 1929, ainda muito novo, aos 50 anos de idade, pois havia nascido em 1875 na cidade de Boa Vista, no estado de Goiás, hoje Tocantinópolis, no estado do Tocantins.
A origem do sobrenome, conforme a própria família, por ter três grafias diferentes a partir do estado do Ceará, assim como das cidades maranhenses de Carolina e Porto Franco, tem em comum a mesma raiz genealógica, que é Portugal, o que poderia gerar alguma dúvida quanto à origem de Coriolano Milhomem, embora ela não diminua a importância que ele teve em relação à história da Vila Nova da Imperatriz, e depois, a partir de 1924, simplesmente Imperatriz, cujo primeiro prefeito da cidade emancipada foi o seu filho, Gumercindo Milhomem. É relevante ainda a constatação de que até os dias de hoje a estirpe de Coriolano Milhomem continua contribuindo com o desenvolvimento da cidade e participando ativamente do seu histórico político. (A matéria de hoje é dedicada aos notáveis José Moreira e Osvaldo Nascimento)