Quando se faz uma análise mais profunda do desenvolvimento econômico de Imperatriz, dividido em períodos históricos, percebe-se claramente que o advento da indústria da construção civil foi e continua sendo, a partir da década de 30 do século passado, uma das principais bases da economia do município, haja vista a cadeia que envolve todo o processo desta indústria e a sua importância para a economia de mercado, em especial na geração de emprego e renda, o que a torna a maior e mais importante cadeia produtiva do mercado econômico de Imperatriz. Não é sem razão que os períodos históricos da economia de Imperatriz, literalmente, estão todos ligados à construção civil, desde os primeiros momentos, quando da fundação do povoado e as primeiras casas construídas de adobe e a seguir o padrão antigo das construções no interior do País, que eram, em sua maioria, de pau-a-pique e cobertas de palha, ou de construções arrojadas de pedras onde elas existiam. Se por um lado nos primórdios da cidade a demanda era pouco exigida, por outro, a partir dos anos 60, sobremaneira em razão do aumento considerável do processo migratório, fruto da chegada da rodovia Transbrasiliana, a tarefa artesanal das construções passou a cobrar mais da produção de tijolos e telhas para atender uma demanda então crescente e com perspectivas econômicas inigualáveis para este período histórico de Imperatriz. Assim pode-se deduzir que historicamente a base da economia da cidade é mantida, até os dias de hoje, pela cadeia produtiva da construção civil, desde o período artesanal à modernização de máquinas e equipamentos como de fato aconteceu.
Wilton Alves
Na década de 30 começaram as principais construções de Imperatriz, em especial depois de sua emancipação política em 22 de abril de 1924. Migrantes de várias partes do País, mas principalmente da região nordeste, chegavam à cidade e passaram a se dedicar ao ofício da olaria, ainda na sua forma primária e artesanal em um contexto da construção civil que pouco exigia em face de uma demanda até então reprimida por falta de investimentos. O local escolhido pelos migrantes estava situado entre as atuais ruas Getúlio Vargas e Luís Domingues, onde a matéria prima estava ao alcance das mãos.
Pequenas olarias surgiram a partir dos anos 30 e todas eram conhecidas apenas pelo nome de seus proprietários. A produção era pequena em razão de uma demanda pouco exigente, e como a produção era artesanal os oleiros não podiam assumir grandes compromissos de entrega, porque fatalmente elas não aconteceriam, até mesmo porque faltava mão de obra qualificada para o início desta fase de industrialização da cidade.
Apesar de todas as adversidades, em 1940 chega a Imperatriz o migrante Antonio Rodrigues Lima, com 23 anos de idade, vindo da cidade de Picos, no estado do Piauí, para iniciar na cidade as suas atividades como oleiro. Assim, em 1941 a sua olaria entra em funcionamento e consegue formar uns poucos profissionais, o que resultou em uma produção diária, média, de até dois mil tijolos, o que ainda estava sendo considerada pouca, uma vez que a demanda estava recrudescendo.
Olarias conhecidas
Embora não existam registros históricos sobre a existência destas olarias, até mesmo porque na cidade não existe um museu histórico, da imagem e do som ou um memorial, algumas olarias ficaram conhecidas pelo nome de seus proprietários, e entre elas, das mais antigas, a Olaria do Teobaldo, Olaria do João Baiano, Olaria do Gabriel e a Olaria do Tonhão Rodrigues (Antonio Rodrigues Lima).
Estas olarias foram relevantes para o desenvolvimento industrial para Imperatriz até a década de 70, quando o oleiro conhecido por José Rodrigues inaugura a primeira cerâmica da cidade, na Rua Luís Domingues. Com dificuldades financeiras, José Rodrigues vende a cerâmica para o empresário Sebastião Regis de Albuquerque, que lhe dá o nome de Cerâmica São Vicente Ferrer, além de lhe proporcionar uma grande transformação operacional: Amplia e faz investimentos em máquinas e equipamentos, modernizando-a com capacidade para atender toda a demanda do período.
Entre as principais conquistas do empresário Sebastião Regis está a contratação do oleiro José Maria da Silva, um homem experiente e considerado o melhor foguista da cidade (especializado na queima de tijolos), atividade que ele exerceu na São Vicente Ferrer antes mesmo da instalação dos fornos destinados a esta função.
Com a instalação da Cerâmica São Vicente Ferrer e a expansão urbana de Imperatriz naquele setor, as olarias começaram a desaparecer exatamente na década de 70; hoje restam poucas, mas localizadas no Bairro da Leandra, proximidades também do rio Tocantins.
Sindicato
O oleiro José Maria da Silva, também migrante piauiense, veio a Imperatriz pela primeira vez em 1960 e seguiu viagem, retornando à cidade, viajando a pé, em 1962, quando fixa residência e passa a trabalhar em sua profissão, especializado como foguista.
Percebendo a necessidade de unir os oleiros da cidade, José Maria da Silva inicia um movimento para criar a Associação dos Oleiros de Imperatriz, mais tarde transformada em Sindicato, com sede própria nas proximidades da atual Praça da União.
Embora tivesse sido José Maria da Silva o grande articulador para a criação da associação, a sua presidência foi entregue, via eleição, ao oleiro conhecido por João Baiano. Seu mandato teve curta duração em razão de desentendimentos com o restante da diretoria. Um novo presidente foi eleito, mas faltam informações de quem tenha sido ele.
Novos investimentos
Também na década de 70 (1977) o migrante e investidor Juracy Francisco de Souza (Juracy Baiano) inicia a construção daquela que seria a maior e mais moderna cerâmica da cidade, a Cerâmica São Bernardo, inaugurada em 1978. Logo em seguida o empresário Pedro Gallett e sua esposa, a engenheira Heloísa Gallett, inaugura a Cerâmica São Pedro. Assim estava lançada a base das grandes cerâmicas de Imperatriz, responsáveis por um dos mais importantes seguimentos da economia do município, em especial quando é considerada a cadeia produtiva deste setor industrial da construção civil.
No contexto da indústria da construção civil a partir dos investimentos feitos na área das cerâmicas, considera-se como relevante os setores de transporte, fornecedores de areia, seixo, ferro, cimento, materiais elétricos e hidráulicos, de acabamento, pisos, vidros e madeira, além de muitos outros, que movimentam a econômica do município, sendo um dos setores mais importantes na geração de emprego e renda da cidade.
Comentários