Quando se faz uma referência à história de Imperatriz, seu progresso e desenvolvimento, tem-se a convicção de que em todas as circunstâncias e situações, considerando-se as adversidades naturais, que a ousadia de pioneiros demonstrou, ao longo do tempo, que o "impossível" não faz parte do conjunto, ou contexto, que envolve a determinação daqueles que fizeram a opção de construir uma cidade além de suas próprias possibilidades, e mais além ainda, das limitações impostas por um crescimento que deveria obedecer tão somente ao que era "possível" conforme a visão dos ousados e irrealizável para os mais céticos. Sem dúvida alguma que acabou prevalecendo a vontade e determinação dos ousados no agir e na concepção de uma cidade que havia de se tornar a grande referência no sul do Maranhão e para municípios vizinhos de outros estados. Imperatriz superou tudo e avançou rumo à sua responsabilidade de conduzir cada pioneiro à razão de sua existência, de conquistar sua autonomia econômica, social e cultural, e sobretudo de plantar nessas paragens do Rio Tocantins o sonho de todos os que ainda hoje escrevem a sua história.

Wilton Alves

Quando a Rua Pará foi aberta no final da década de 50, a concepção dos primeiros moradores de Imperatriz era a de uma rua inviável, sem perspectiva ou condições de receber qualquer tipo de edificação, principalmente em razão do solo frágil - um brejo - e porque a área urbana "nunca" chegaria ao Entroncamento conforme havia sido planejado, e em sendo assim, as ruas transversais, como a própria Rua Pará, estariam condenadas a se transformar em "depósitos de lixo" das possíveis edificações e moradias que viessem a ser construídas.
Equivocaram-se os céticos e mais uma vez o pioneirismo que era implantado em Imperatriz demonstrava a viabilidade de novas edificações, que a Rua Pará não seria o limite periférico da cidade, pois o crescimento urbano, nesse período, era surpreendente até mesmo na região do Entroncamento, onde novas empresas comerciais eram implantadas, decorrendo daí uma perfeita integração com a chamada "cidade velha".
Verdade é que as primeiras edificações na Rua Pará em nada indicavam a possibilidade de progresso e desenvolvimento, em especial porque as limitações financeiras da Prefeitura impediam projetos de urbanização. A cidade teria que esperar por um novo tempo, isto é, conforme a história, que novos migrantes viessem contribuir com a projeção da cidade que superava todas as estimativas, pois já na década de 70 a cidade contava com uma estação rodoviária, uma das mais modernas ao longo de toda a Transbrasiliana, e uma prestação de serviços na área de hospedagem própria de um grande centro.
A Rua Pará, ao longo de seu desenvolvimento, desde a sua abertura, foi marcada e marcou Imperatriz com uma característica muito própria das comunidades que não sofreram discriminações sociais, preconceituais ou culturais. A cidade se constituiu, em especial, na "Imperatriz da miscigenação", respeitando-se cada ser humano e sua determinação em contribuir com a construção do "novo tempo."
Nessa concepção, quando a Rua Pará iniciava sua trajetória, lá estava o pioneiro Damasceno, em princípio como encanador, e depois acabou trabalhando como pedreiro, carpinteiro, ou como se dizia naquela época, "um pau para toda obra", uma vez que Damasceno não tinha tempo ruim, e ele mesmo era um dos primeiros moradores da Rua Pará, morando lá até os dias de hoje, quando aproveita o tempo, entre um trabalho e outro, para contar histórias de sua vida e da vida da Rua Pará. Ele é, como diria o Heron Domingues, "uma testemunha ocular da história", assim como a dona Gercina, também pioneira, e que mora no mesmo endereço até hoje, isto é, na Rua Pará.
Notável ainda para a história da Rua Pará, foi a abertura da empresa COVAP, na esquina da Avenida Getúlio Vargas, que ter o seu depósito em um terreno nos fundos da loja, acabou se transformando na referência da Lagoa do Murici, que passou a ser conhecida como Lagoa da Covap.
Dois pioneiros acreditaram nas potencialidades de Imperatriz para esse empreendimento. Eram eles os irmãos Antonio e Genésio Chaves Rocha, que até hoje são lembrados como precursores, não da lagoa, mas da própria Covap.
Na década de 70, mesmo ainda sem urbanização, a Rua Pará se constituía em atrativo para novos empreendimentos empresariais e consequente valorização econômica do município; dentre eles a chegada do pioneiro Fernando Teles Antunes, também na esquina da Getúlio Vargas, abre as portas de sua loja, a Somoveis, e pouco tempo depois inicia e conclui a construção do Hotel Shalon, uma referência em hospedagem até hoje para quem visita Imperatriz, a passeio ou a negócio.
Relevante ainda, na década de 70, a construção de um conjunto habitacional na Rua Pará no trecho compreendido entre a Getúlio Vargas e Dorgival Pinheiro de Souza. Neste empreendimento, que envolveu também setores da construção civil, estava à frente o empresário Osmar Teixeira do Amaral Brito, um migrante de Alto Parnaíba (MA), que em razão do nome de sua fazenda, por ela ficou conhecido como "Osmar da Chaparral". Mas é preciso lembrar que ele deu outras grandes contribuições ao desenvolvimento de Imperatriz, como uma grande empresa instalada na Getúlio Vargas e a primeira revenda Wolksvagen da região, localizada na atual Praça Tiradentes.

Pará
Geograficamente o segundo estado brasileiro em território, com 1.227.530 Km2; historicamente o Pará tem uma relação com Imperatriz desde a fundação da cidade, que se imaginava localizada em terras paraenses. Se no início do povoado o comércio era feito com a cidade de Marabá, a partir da construção da Transbrasiliana Imperatriz passou a ter uma relação muito maior com Belém, a capital do estado, que antes da rodovia só tinha acesso por via aérea ou marítima. A relação, em especial a comercial, trouxe para a cidade, além de um forte corrente migratória, uma série imensurável de investimentos em todos os setores da economia do município.
Além do intercâmbio comercial com Belém, a Transbrasiliana, desde a sua inauguração no início dos anos 60, foi também a responsável por um intenso relacionamento cultural, visto que São Luís, a capital maranhense, além da distância de 600 km, praticamente não tinha acesso por rodovia, já que a BR 222 só foi inaugurada (totalmente asfaltada) nos anos 80. Este comprometimento histórico, de acordo com observadores da época, serviu de estímulo ao governo maranhense para que a BR 222 fosse finalmente concluída, e assim poder exercer a sua influência política não apenas em Imperatriz, mas em todo o sul do estado, que contava com alternativas para o desenvolvimento de suas atividades sociais, culturais e econômicas, especialmente os estados do Pará, Piauí e Goiás.
Em síntese, pode-se afirmar que o Pará, ao longo da história, deu inestimáveis contribuições ao progresso e desenvolvimento de Imperatriz, e ainda hoje é um dos maiores parceiros econômicos do município, embora muito pouca coisa nesse sentido seja divulgada, sobretudo em relação aos migrantes paraenses que continuam trabalhando e contribuindo com a construção de Imperatriz, cujo berço histórico pode ter sido o estado do Pará.
Urbanismo e modernidade
Se no passado a Rua Pará era o "impossível" para os céticos, a história hodierna mostra que não houve desafio ou adversidade que não pudesse ser vencida. Com a urbanização da rua, modernas edificações foram sendo erguidas e uma diversidade comercial e de prestação de serviços ratificavam a vocação da cidade, como um todo, para um nível econômico reservado às grandes comunidades. Nesse sentido é preciso observar os investimentos realizados na área da construção civil para que mais e melhores obras fossem também a dinâmica do desenvolvimento econômico.
Não se trata de ufanismo, com correção, afirmar que a Rua Pará, nos dias atuais, é um modelo cultural de urbanismo e modernidade. Suas construções demonstram o elevado sentido de Imperatriz na busca do seu futuro como promotora de gestão de integração e consolida a cidade como referência de toda a região. (A matéria de hoje é dedicada aos notáveis irmãos Antonio e Genésio Chaves Rocha e ao faz tudo, senhor Damasceno, pioneiro da Rua Pará.)